Sabe de antemão, Chefe, que lhe desculpo tudo, também e ainda de antemão. Desculpo-lhe até o abandono a que me entregou sem sequer me dar uma explicação.
Imagine, Chefe, neste confrangedor silêncio, o sofrimento que me inunda quando se me depara o título "Guia sem guia"... Francamente, fico arrasado, consumido e desesperadamente triste.
Eu sei que o Chefe não gosta de dar nem receber conselhos. Eu sei que o Chefe considera que cada ser humano vive uma situação diferente, mas, que quer, os indivíduos enraízaram a mania de que podem e devem colocar-se no lugar dos outros. No lugar dos mortos... Também se colocam, só que nunca se manifestam... Têm receio, sabe?!
Permita-me, Chefe, que ao correr dos dedos saia um conselhozinho. Constate, querido amigo, que os brasileiros que estão na Usina dominam o português fluentemente e todos cursaram a Universidade de Letras do Cristo-Rei...
Valham-nos nosso deus e deusa, Chefe, reconheça que não tem miolo para desgastar com tão formidável e erudita classe de línguarejantes... Respeite o samba, Chefe, ceda por favor. O Brasil é uma maravilha que gostaria imenso experimentar de pele. Sabem que sou seu amigo e depois também levo eu por tabela.
A finalizar, peço-lhe reverentemente que me coloque mais vezes a escrever. Fiquei estagnado no placard. Quero subir, Chefe! Não sei para onde... Mas quero subir... Quero ser estrela. Não se esqueça, não?!
Um abração à alentejana, Chefe, um daqueles amplexos que fazem tremer um sobreiro.
O amigo das horas más...
Eugénio Bragal |