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Artigos-->Inefável...tudo é! -- 03/07/2002 - 11:55 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nos remotos princípios, quando a escuridão reinava sobre o leito terreste, Deus disse: “haja luz!” E a luz cobriu a superfície da terra...

Sim, as palavras podem se tornar luz a iluminar o caminho dos homens, ou, quando malditas (mal ditas, se quiseres) podem também escurecê-lo. O homem um dia disse: “haja guerras”. E houve guerras...

Guerras de sangues, de metais e de palavras também: por que árvores, animais, ouro e rios têm esses nomens? Como seriam essas coisas se as palavras que as definem como tais não existissem ou fossem outras de que nunca ouvimos falar? De que maneira saberíamos que aquelas formas longilíneas, com grandes braços estendidos, enfeitados com penduricalhos verdes, ou amarelos, ou vermelhos (as folhas) são árvores? Poderiam ser, sei lá, varas grandes, tocos enormes, ou bugaças... E se o ouro fosse chamado de “bosta”, os homens se matariam por “bosta”?

E assim cada palavra nos apresenta o sentido todo do mundo. Há árvores, há os seus frutos, há o amor, a amizade, o sorriso, as lágrimas, que significam nossas experiências nesse mundo. E...Há a morte, o fim disso tudo e desse todo. Aliás, por que o fim de tudo o que nos é significativo tem que ser representado pela palavra morte?

Não meu amigo, não adianta...Qualquer que fosse a palavra, a separação entre o ser e o não-ser, o fim dos amores, dos sonhos e das fantasias, teriam em si o mesmo peso de tragédia, de dor incomensurável, de angústia tão profunda e por isso mesmo inefável.

Hum...eis uma palavra que poderia substituir todas as outras. Inefável é aquilo que não pode ser dito por meio de palavras, é indizível. A estranha potência das palavras poderia muito bem se resumir ou se contentar nessa única palavra: INEFÁVEL.

Seria ela a perfeita e eterna materialização de todos os desejos humanos: deixar que o coração decida como cada fato, cada situação, cada circunstância, cada elemento sejam nominados. Não aceitá-los exatamente como nos foram apresentados. A morte não seria morte. A dor não seria dor. E assim não teríamos que buscar nos dicionários os seus antônimos, a versão mais confortante. Seriam anônimos todos os acontecimentos da existência. Não teriam nomes a priori, ficando assim, nesse estado de inefabilidade (existe essa palavra?), até que descobríssemos um outro jeito de dizer: morreu!!!

As palavras têm essa estranha potência de significar tudo e nada ao mesmo tempo e na mesma relação. Quem decide, pois, o que elas querem dizer?

Se nos livrássemos do poder devastador do significado das palavras, poderíamos arrogar pra nós mesmos a posição de deuses que criam seus próprios mundos, dando nome a cada elemento segundo nos fosse mais conveniente. Eu diria à mulher que amo: “o que tens no coração por mim não é desprezo, é adoração!” E ela passaria a me adorar; coisa dígna de um deus, afinal...

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