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Cordel-->Manoel Filó- Interpoética -- 11/08/2006 - 14:07 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Manoel Filó

quando o sertão vira poesia



"O sopro da ventania
Torce a calda do novilho
O pelo de um gato preto
Começa a perder o brilho
Depois de ter se coçado
Num caco de torrar milho.

Quando falta a companheira
Na vida d um passarinho
Ele busca um pau bem alto
Para construir seu ninho
Devido ser menos triste
Para quem vive sozinho.

Da meia noite em diante
Ninguém mais sabe meu giro
Eu começo gaguejando
Porém depois que me inspiro
Tenho a grandeza do tato
De um cego jogando firo."


13/10/1930 - 21/08/2005

DE CORPO PRESENTE

por ÉSIO RAFAEL


Não é possível dizer, até agora, que estamos órfãos de Manoel Filó. Nem reclamamos de sua ausência, pois, desde o seu sepultamento na cidade de Tuparetama, pajeú pernambucano, há um ano, no percurso do cemitério, que nunca se viu coisa igual.

Cada acompanhante segurava uma lágrima rasa, oscilante, entre os olhos e a garganta. Engolia seco, na medida em que desfiava uma história, um verso, uma prosa ou uma "cunha" que Mané teria colocado como complemento de uma piada que alguém lhe contara. Foi uma celebração à maneira Filó, caso fosse ele o acompanhante (risos e lágrimas).

Agora mesmo ri, ao me lembrar de uma visita que ele me fez, acompanhado do poeta Jorge, seu filho. É que o "meu vizinho de lado" tem um cachorro, invocado, "mordido". Por isso, há uma placa de advertência no portão: "CUIDADO COM O CÃO". Ao descer do carro Manoel me chamou e disse:

-Grapiúna, esse negócio ta escrito errado! Cuidado com VOCÊ, se não o cão lhe morde...

Falar nisso, Mané, já te deparasse com Heleno "cai cai"? Me conta, pode ser um sonho...


"Por diferentes abrigos
Contrariado ando eu
Explorando os meus amigos
Vendendo o que Deus me deu

Num terreno acidentado
Deus passa devagarinho
Amaciando um cajado
Nas curvas do meu caminho"


MANOEL FILÓ

por Joselito Nunes (Zelito)

"Cantar devia ter sido
Minha primitiva escola
Ter os dedos calejados
Dos arames da viola
Cantar como o xexéu preto
Na solidão da gaiola"

Manoel Filomeno de Menezes, Manoel Filó, nasceu no dia 13/10/1930, na fazenda Taboado no então município

de Afogados da Ingazeira. O Taboado situa-se a uns cinco quilômetros do povoado de Jabitacá , contemplando a serra da Carnaíba que faz fronteira com a Paraíba e na época era propriedade de Chico Cazuza e dona Mariquinha que era tia do poeta.

Mariquinha era irmã de Tereza Maria de Jesus mãe de Manoel e mãe do também poeta Heleno Rafael,"Heleno de Tia Mariquinha" como carinhosamente nós o chamávamos . Maria de Jesus visitava a irmã, quando foi acudida nas dores do parto, quando veio ao mundo o poeta Manoel que foi mais um dentre os doze que viriam. Ainda criança foi morar com os pais o poeta José Filó e dona Tereza, no pequeno ainda hoje, povoado de Mundo Novo, um lugar de várzeas e riachos fecundos, perdido entre os municípios de Ouro Velho na Paraíba e São José do Egito, em Pernambuco. Poeta por vocação e cigano por instinto, Manoel passou a vida se mudando, tendo morado dentre outras cidades, em São Paulo, Recife, Paulo Afonso, Monteiro e Arcoverde, (havia se mudado há três meses, para a cidade-mãe da poesia, o seu porto mais seguro, São José do Egito). Foi empresário bem sucedido no ramo de autopeças, mas a sua natureza de poeta, não lhe permitia conviver com o espírito do lucro, vivia distribuindo o que juntava, com os mais necessitados ou não, por isso a sua vida foi toda de altos e baixos até o fim quando partiu levando somente uma alma de cara limpa, as mãos vazias e um coração pleno de bondade e poesia. Não foi um grande cantador por que não quis, (seguramente por uma questão de generosidade, para não ofuscar o brilho dos companheiros). São da sua lavra, dentre muitos outros:

Respondendo a uma "deixa" de Job Patriota:

Job:

"inseto tem feito coisas
que a gente às vezes estranha"

Filó:

"No sertão tem uma aranha
De uma qualidade escassa
Que tapa a sua morada
Com lã da cor de fumaça
O tecido é tão perfeito
Que a chuva bate e não passa".

Com Manoel Chudu;

Chudu:

"Essa morena é bonita
Como a flor da açucena"

Filó:

"O corpo dessa morena
É macio igual a fuba
Tem a beleza tocante
Do leque da carnaúba
Cheirosa igualmente à pinha
Que o papa-sebo derruba"

O padre Assis, um italiano radicado há muitos anos no Pajeú, grande admirador dos poetas populares e hoje vigário de Tabira, segundo o poeta e seu velho companheiro, Zé de Cazuza, costumava chamá-lo sabiamente de "Manoel Filósofo". Quem contestaria?

"Não me vem pelo desejo
Tudo aquilo que espero
Não quero as coisas que vejo
Não tenho as coisas que quero"

O poeta na sua bondade e grandeza, soube como poucos, transitar no meio dos jovens e generosamente passar para eles os seus
ensinamentos. A sua convivência com os mais novos, produziu bons frutos e deixa herdeiros que não fariam vergonha ao mestre, dentre
outros, estão : Jorge Filó,-seu filho, poeta e cordelista, autor do
excelente livro/cordel, A IGREJA DO DIABO. José Paes de Lira Filho- Lirinha do CORDEL DO FOGO ENCANTADO. Felizardo Moura - POETA E APRESENTADOR de festivais de cantoria e seu companheiro mais constante. Antônio Marinho do Nascimento - poeta declamador e autor do livro de poesias , NASCIMENTO.

Manoel e seu filho
Jorge Filó
A página interpoética, neste mês de agosto, quando faz um ano da morte do mestre Manoel Filó, dedica sua seção de homenagem, FIGURA DA VEZ, ao poeta sertanejo, que cantou suas origens e que merece ser reconhecido como um dos grandes poetas da nossa terra. Manoel Filó: Presente!

Comentarios

Rui Brasiliano de Melo  - 29/09/2019

A Poesia do pajeú ficou órfã de Manoel Filó como sempre dizem os poetas Sertanejos.

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