O saber não pode espancar o instinto e o dom.
Não posso conceber que a ignorància impere, mas não posso esnobar o que sei.
Não é porque sei que saberei externar de forma bela e rítmica, como poeta, ou ainda não estarei dentro dos padrões e normas da métrica, da estilística dentro da política ou mesmo gramática.
Não é porque não sei que não poderei usar de meu som interno para exaurir e expelir meu tom e dar o toque de emoção à arte.
Qualquer que seja a forma e a expressão a arte é democrática, não tem regra e nem bola da vez.
Dá vez a um qualquer ou a qualquer um que se diz detentor do que sabe, mas sempre terá um outro artista para olhar e entender ou visionar de seu prisma e dando um novo olhar, mas nunca copiar ou vir a transgredir a ética limítrofe e relacionando-se com o mundo através dessas interlaçadas convenções.
Ao que não tem esse dom, mas detém o saber cabe o auxílio e não a crítica pela crítica, mas com olhar de fora e mostrar na hora onde está o erro ou acerto, mas sem infringir nossa lei: arte pela arte, bela ou não, mas arte.
Não vejo nada de circense, mas de tudo um pouco o artista deve fazer: alegorias, plumas e paetês tem que surgir, porque se o artista não fizer malabarismos padece e corre o risco de vir a não mais sobreviver.
Nos dias em que vivemos, está difícil acreditar, ler, solidariezar que de lá dividir, então para isso temos que ser palhaços, arlequins, darmos cambalhotas, enfim, temos que dar nosso jeito para nos comunicar e nos projetar nessa comunidade sob pena de sermos meros frustrados desconhecidos desgarrados de uma pátria anti-cultura, dita pluri-cultural...
Cristiana de Barcellos Passinato - Rio de Janeiro - RJ - 19:12 PM - 04/03/2003 |