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Poesias-->Barco sem vela -- 04/07/2004 - 01:30 (m.s.cardoso xavier) |
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Barco Sem Vela
m.s.cardoso xavier
Sinto a flutuação do barco da vida
Leva-me onde nem sempre quero ir
Sem nunca chegar onde sonho
Vou acumulando pesadelos e desenganos
Infinito finito
Aterrização brusca violenta
Barco a velejar, sem destino certo
Ida, leva sopro de bonança
Volta astásica, tristeza repentina
Sempre dizendo: hoje encontro meu sonho
Mas sem nunca o encontrar
Confundo realidade e sonho
Límpido ou oculto
Embrenho-me num mundo
Fantástico
Lúdico, subjetivo
Ergo urbes perfeitas
Amor profundo
Transeuntes: homens sensíveis e cultos
Castelos de areia
De repente, tudo se desfaz
No emaranhado imediatista,
Cítrico cotidiano
Que os seres violentam, desencontram
Ávida de emoções hilariantes
Varrendo a tristeza estertorante
Transijo por momentos
Paliativa evulsão interior
Tento extravazar à tona
Mas nunca digo propriamente
O que queria de dentro externar
Implode o sentimento verdadeiro
Fica a palavra vazia
O mundo não nos deixa falar
Adiando, superpondo, omitindo
Sem explodir, sem derramar
Vou navegando neste barco sem vela
Com todas as intempéries
Ainda com fé, para não naufragar.
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