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Erotico-->24. A GRANDE DÍVIDA -- 21/06/2003 - 07:12 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Não pretendíamos forçar Lourival a aceitar a necessidade do exame da falha maior que sufocara há tempos. Para efeito da narração, devemos dizer que aguardamos vários dias até volvesse a nós, tendo envidado inúteis esforços de reaquisição do domínio do corpo.

Havia a pesar sobre a deliberação algo muito misterioso, como se se desdobrasse em dois, um a crer em que só poderia ganhar com a revelação clara do drama íntimo, outro a cogitar nas tribulações que se seguiriam.

Foi preciso que interferíssemos, explicando-lhe a situação dos dois departamentos mentais, como se fora o consciente e o inconsciente, ou o “ego” e o “id”, ou o eu profundo contra a vontade imperativa da realidade sensória.

Somente com a promessa de que haveria suspensão das conseqüências no âmbito do cérebro, afastando qualquer injunção de desequilíbrio mental, é que conseguimos que atendesse aos reclamos dos orientadores, no sentido de pô-lo a par dos fatos que geraram tanto medo, tanta hesitação.

Esse pavor do descobrimento faria pensar em que Lourival soubesse de tudo com clareza, mas só desejasse evitar a divulgação ou a proclamação pública de algo que não só ele era capaz de conhecer, já que envolvia outros seres. Na verdade, sabia que algo muito grave havia para saldar, mas não conseguiria relembrar sozinho, correndo, aí sim, o risco de se ver em mãos vingativas ou de se precipitar nas trevas.

Enfim, relutantemente, aceitou a proposta de isolamento quanto aos reflexos negativos das vibrações dos encarnados que iriam obter tais informações. Acrescentava, pois, o argumento dos registros documentais, como se o mal pudesse aumentar para além dos limites da consciência.



O acontecimento que propiciou o desencadeamento dos problemas conscienciais se deu dentro da última encarnação.

Se os amigos estão lembrados, houve companheiro de folguedos infantis que pereceu vitimado em incêndio. Roberto era jovenzinho que Lourival cercava dos maiores cuidados. Viviam juntos e as travessuras sexuais os punham em condições especialíssimas, segundo o julgamento de Lourival, que não permitia ao companheiro a liberdade de outras amizades.

Por outro lado, devido à falta de carinhos maternos, uma vez que Catarina era muito distante, conforme vimos, Lourival não conseguia aproximar-se das meninas da fazenda, para os folguedos e demais liberdades que tomava com Roberto.

Por questão de ciúmes, houve séria discussão entre ambos, tendo em vista que Roberto foi apanhado em carícias íntimas com uma criaturinha, filha de um dos colonos.

Em suma, para abreviar, pôs fogo na casa do amiguinho, não no intuito de feri-lo, mas de assustá-lo com a fumaça, para obrigá-lo a sair, desde que ali se refugiara para não apanhar.

Acontece que o fogo se propagou e a família pereceu carbonizada.

Lourival não foi surpreendido como autor do crime, tudo ficando na conta de acidente produzido por garrafa de álcool de que se serviam para acender o fogão a lenha.



Eis o drama íntimo, escondido severamente, no âmago da consciência.

Do jeito que relatamos, atendemos a pedido do amigo para que não dramatizássemos, embora a descoberta das reações psíquicas de defesa o tivesse deixado arrasado.

Mas Lourival quis saber quem fora Roberto e se a sua ação estava acobertada por sutil espírito de vingança, já que o relacionamento com o amiguinho lhe parecia absurdo, tendo em vista que jamais houvera, em suas lembranças, casos de homossexualismo, em qualquer das encarnações.

Foi preciso demonstrar-lhe longa série de crimes, desde tempos imemoriais. Como umbandista, o episódio em que se envolvera com a polícia acontecera porque despachara o infortunado, com certeiro golpe, atenuantes à parte pela ingestão das bebidas e pela atuação dos espíritos obsessores. Quem o assassinara voltando da casa da amante? Roberto.

Se fôssemos dar seguimento às investigações, veríamos que Roberto era o filho que Catarina perdeu. Mas estes acontecimentos deixamos de demonstrar ao amigo, para não suscitar pensamentos derivativos. O que desejávamos era que vasculhasse a memória para alcançar saber quais as promessas que se fizeram os dois, na angústia mútua da dupla perseguição. A ponto de receberem o apanágio de encarnações redentoras, não poderiam os desafetos permanecer inimigos ferrenhos.

E o paradeiro de Roberto?

Tratado com muita atenção pelos mesmos benfeitores de Lourival, aguardava impacientemente um encontro, para conluiarem o resgate de ambos nesta mesma passagem pela carne. Se fosse preciso, arriscaria sacrificial implante em alguém que o deixaria órfão, para a adoção e o amor. Não será assim que se contará a história das reconciliações?

Eis a promessa da salvação. Lourival parou para orar em agradecimento à misericórdia de Deus.

O mais seriam providências para a volta ao corpo.

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