Se me vires chorar...
Deixa-me chorar!
Deixa-me talvez ter
A vazão de um sentimento,
Que de alegria poderá ser!
Se me vires chorar...
Gotas cristalinas podem ser,
De uma alegria reviver!
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar...
Pode ser alegria jorrando,
Da felicidade de estar amando!
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar...
Pode ser uma lembrança de vida
Tempos por estas lágrimas contidas
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar...
Sacudido entre soluços repetidos,
Libertando dissabores retidos,
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar!
Antes de me interpelares,
Veja o jorro da secreção salina,
A escorrer como cascata na face.
Então, contenha os teus falares.
Por favor, não disfarce.
Basta me olhares,
Entenderás de maneira repentina
Que cada um tem a sua sina.
Escorre o tempo, grava-se o fato
De volta à lembrança no ato,
E retorna logo no pensamento
O vivido em tal momento,
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar...
Deixa-me chorar!
Pois jamais outra pessoa sente,
Por mais que experimente,
Como alguém precisa chorar!
Mas castiga o ser sofrido,
O choro chorado escondido!
Deixa-me chorar!
Se me vires chorar...
Pode ser um chamado d alma,
Ao aconchego e a calma!...
Podem ser respingos de saudade,
Que agora, nesta idade,
Já não posso mais guardar!
Deixa-me chorar!
*- MARCOS COSTA FILHO-*
Do livro: "A FOLHA E A LÁGRIMA"- Poesias, Crônicas Contos- 1a Edição,2004, Rio Grande/RS.
*- Rio Grande-RS- Brasil-* |