Usina de Letras
Usina de Letras
173 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62270 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10381)

Erótico (13573)

Frases (50661)

Humor (20039)

Infantil (5450)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140816)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6204)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Impalpável -- 06/10/2003 - 13:33 (Marcel de Alcântara) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Ela chegou como os raios solares que atravessavam os postigos da janela do meu quarto. Sentou-se ao meu lado e antes que eu pudesse balbuciar uma sílaba, desapareceu.
Era a terceira vez que isso acontecia.
Qual o seu objetivo?
Todas as manhãs eu a esperava ansioso e triste ante a perspectiva de nunca mais revê-la. Dias nublados seguiram-se e após longas e invernais semanas, o sol ressurgiu e com ele a "aparição".
Dessa vez acordei sentindo uma leve brisa tocar-me o rosto, mas todas as portas e janelas estavam fechadas. As carícias continuavam suaves e aos poucos uma delicada e alva mão materializou-se sem interromper os carinhos.
Translúcida forma humana surgia diante de minhas retinas, materiais ou espirituais? Será que se outra pessoa estivesse ali comigo, também observaria o fenômeno que se desenrolava? Tentei tocar-lhe a destra, mas minhas mãos passaram pela sua e tocaram o meu próprio corpo.
Ela sorriu e fez-me uma revelação sem mover os lábios. Meu pensamento recebeu a informação de que em breve eu seria pai!
Ela estava enganada? Eu era solteiro e não mantinha no momento nenhum relacionamento que ...
Antes que eu pudesse concluir meu pensamento, ela sorriu novamente, aquele sorriso de Monalisa que fascinava-me e transmitiu silenciosamente, a certeza de que em poucos anos, através de um casamento feliz, um anjo na forma de uma criança iluminaria minha vida. Era uma alma de escol com importante missão perante os homens.
Quando refiz-me da surpresa, ela já tinha desaparecido.
Recordei a passagem do Evangelho, em que Maria recebe a anunciação através do anjo Gabriel, da vinda do Messias.
A linda "aparição" nunca mais retornou e conforme sucediam os meses, comecei a duvidar de tudo o que ocorrera. Talvez a minha imaginação estivesse super excitada, pois naquela época eu estava lendo muitos artigos sobre espiritualismo? Ou poderia estar ficando louco? As visões a qualquer momento retornariam me desequilibrando perigosamente? Procurei ajuda na parapsicologia e encontrei algumas repostas que me satisfizeram.
Mais calmo, segui minha vida e acabei esquecendo do fato, até que numa noite fria, ela acordou-me de uma maneira bem convincente e material!
Sacudiu-me com as delicadas mãos e sobressaltado, gritei que tudo não passava de uma ilusão da minha mente!
Ela disse dessa vez movendo a boca e fazendo a sua doce voz ecoar pelo recinto:
_Isso não é real? Você não me surpreende, pois até Jesus foi desacreditado quando se fez visível a seus discípulos, após a crucificação!
E jogou minhas cobertas no chão, ordenando em seguida:
_Toque-me! Sinta minhas mãos!
Aproximou-se e estendeu-me a destra. Trêmulo, toquei-lhe a pele acetinada que materializara-se para convencer-me de sua existência.
Mesmo assim, eu ainda achava que poderia dar uma outra explicação para tudo aquilo.
Então senti uma irresistível vontade de escrever. Compreendi que era ela, a causadora daquela vontade.
Sentei-me diante da minha mesa de estudos e peguei papel e lápis.
Minhas mãos já não me pertenciam, eram simples instrumentos para que o pensamento dela pudesse utilizá-las. Meus pensamentos fundiram-se aos seus e em poucos minutos escrevi extensa carta na qual não tinha a menor idéia do conteúdo.
Quando dei por mim ela tinha ido embora.
A mensagem deixada era essa:

"Desde a Antiguidade, o homem fascinava-se com a questão do "Princípio das Coisas". Assim, os primeiros filósofos procuraram saber de que as coisas eram formadas e cada qual deu sua explicação limitada à sua época e à inexistência de uma Ciência organizada. Mas ao homem, não é dado conhecer todas as coisas aqui na Terra. Falta-lhe desenvolver outras faculdades ainda desconhecidas, assim como a condição moral. Os sentidos, da mesma forma, não permitem ao homem senão o conhecimento do mundo material e da realidade em que está inserido. A inteligência limitada, ainda, só lhe permite acessar uma ínfima parcela do conhecimento de tudo o que existe. Quando o dominar por completo, terá chegado à perfeição. Porém, na medida que se depura pelo amor e pelo saber , vai penetrando por si mesmo os mistérios da Natureza. Deus permite que lhe seja revelado, para ajudá-lo na marcha do progresso. Essa compreensão é lenta e gradual. Ao elemento sentimental deve somar-se o valor intelectual; assim, fundem-se o Amor e a Sabedoria. O Espírito é O Princípio Inteligente do Universo, logo se vê que é um elemento que não se confunde com a matéria. O espírito tem atributos, entre os quais destaca-se como essencial, a inteligência. (A alma, é um espírito que pensa). Os espíritos, como indivíduos, como seres inteligentes da Criação, tem como ponto de partida este princípio e são permanentemente regidos pela lei do progresso. Partindo da condição de simples e ignorantes, e dotados de infinitas potencialidades, todos os espíritos estão destinados à perfeição, que implica no conhecimento de todas as coisas. A doutrina da reencarnação, que corresponde à idéia da justiça de Deus, é que nos permite caminhar de um extremo ao outro, dando a cada existência um passo na senda do progresso, através da consciência, da razão, da vontade, da inteligência e do livre-arbítrio. Deus é a inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, é eterno, imutável, imaterial, soberanamente justo e bom. É sobre este último atributo (da justiça divina) que se funda o princípio da reencarnação, condição necessária da evolução do Espírito, sem a qual permaneceríamos estacionários. Tal é o eixo sobre o qual repousa o edifício universal; é o farol do qual os raios se estendem sobre o universo inteiro, o único que pode guiar o homem em sua pesquisa da verdade; ao segui-lo, não se extraviará nunca e se tem se desencaminhado com tanta frequência, é por não ter seguido o caminho que lhe é indicado. Temos a interessante passagem do Evangelho em que (Após a transfiguração) os discípulos de Jesus o interrogaram, dizendo: Por que, pois, os escribas dizem que é preciso que Elias venha antes? Mas Jesus lhes respondeu: É verdade que Elias deve vir e restabelecer todas as coisas; mas eu vos declaro que Elias já veio, e não o conheceram, mas o trataram como lhes aprouve. É assim que eles farão sofrer o Filho do Homem. Então seus discípulos compreenderam que era de João Batista que lhes havia falado. ( São Mateus, cap. XVII, v. 10 a 13; São Marcos, cap. IX, v. 11, 12, e 13). Não reconheceram Elias, pois ele tinha reencarnado como João Batista.

E nos Evangelhos temos muitas passagens sobre comunicações com os espíritos, sobre as visões, desobsessões e curas que os próprios apóstolos, que também eram médiuns, realizavam. Portanto, não se surpreenda da minha presença perante vós.
Eu lhe faço essas revelações, pois o espírito de escol, na qual você poderá ser pai, é antigo afeiçoado do seu coração desde muitas existências passadas, e espera a sua compreensão e força de vontade perante as provas vindouras. Você tem alguns compromisso assumidos, um roteiro que você mesmo escolheu para se melhorar e apagar muitos erros cometidos no pretérito. Mas você tem o livre-arbítrio e pode decidir-se a viver uma vida mundana, como vem fazendo desde muitas encarnações... Pode refugar ou aceitar essa elevada missão que lhe trará inúmeros benefícios futuros... Em não aceitando, o espírito nascerá em outra família e cumprirá sua excelsa missão, pois que a verdade e vontades divinas nunca serão atravancadas pelo comodismo, materialismo e prepotência humanas!"

Li e reli a mensagem. A letra ainda era a minha, mas sutilmente modificada. A mensagem continha conhecimentos que eu não abarcava e indubitávelmente de um alto teor moral. Mesmo assim, a dúvida ainda permanecia em minha alma...

Marcel de Alcântara


Bibliografia - Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, A Gênese, e o Evangelho Segundo o Espiritismo.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui