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cronicas-->VOCÊ JÁ PROTESTOU HOJE? -- 09/03/2003 - 00:33 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VOCÊ JÁ PROTESTOU HOJE?

Neste mundo globalizado em que vivemos, tudo é motivo de protesto. Os satélites, a internet e a mídia em geral esfregam a todo momento um grito vindo de qualquer parte do planeta. Uns protestam a reforma da previdência num tropical país da América do Sul, outros a discriminação religiosa ou cultural em países da Ásia ou do Oriente Médio. Muitos, em redor do mundo, protestam a dita necessária e insana Guerra do Golfo II. Outros tantos protestam a inequação ou a luta e a necessidade do ganho do pão de cada dia.

Hoje acordei com o barulho dos músicos às dez e tantas da manhã. O Sindicato dos Músicos - Local 802 AFM - fica em frente do meu edifício e eles sempre me brindam com belas peças musicais, ao vivo e em primeira mão. No mesmo edifício onde o Sindicato está instalado, existe um estúdio de gravação e, enquanto eles estão ensaiando as suas peças antes de gravá-las, eu rabisco as minhas poesias para o meu deleite. Assim vivo num Olimpo perfeito - 24-7-365 - com música e letras vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Mas hoje Euterpe, deusa da música e da poesia lírica, foi sacudida cedo e o alvoroço me tirou dos braços de Morfeu. Ainda tomando o meu café preto sem açúcar, acompanhado da minha nicotina que ainda assim não me matou, apesar de tantos protestos antitabagistas, vi que os músicos se preparavam também para um protesto: estão em greve! Nos shows da Broadway, os produtores resolveram substituí-los por playback para diminuirem os custos da produção. Ora, a uma média de preço de ingresso de cem dólares, começo aqui o meu protesto: vou pagar tanto para escutar uma fita pré-gravada? Se bem que eu já fui enganado pela produção da Liza Minelli nos idos 70 no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro. Muita gente foi ludibriada com a produção da Britney Spear em redor do mundo. Não sei quantas pessoas são iludidas diariamente com este truque de produção, mas deixemos isto de lado.

Animado pela cafeína, fui me juntar aos meus vizinhos para dar-lhes apoio numa hora em que assistimos à cena de 8 milhões de americanos desempregrados engordando a taxa de desemprego para 5,8%, um capitalismo em decadência, uma democracia sendo engolfada pelo maior poderio militar da história da humanidade. No meio do protesto, os músicos soltaram no ar a Marcha Fúnebre, num arranjo único, meio Bolero de Ravel, num crescendo repetitivo que levou muitos às lágrimas e aos aplausos em pleno Times Square. No ápice dessa emoção, um senhor, no alto dos seus setenta e tantos anos bem vividos e sofridos como demonstravam sua rugas profundas, tomou uma corneta e, propositalmente, acompanhou a marcha desafinadamente como num lamento sem forças profetizando outras tantas perdas e protestos que estão por vir.


© Fernando Tanajura Menezes
(n. 1943 - )



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