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Erotico-->18. A PRIMEIRA REGRESSÃO -- 15/06/2003 - 07:58 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Aplicados “passes” vigorosos por todo o perispírito de Lourival, foi possível mantê-lo magnetizado para a regressão pretendida.

Diferentemente com o que ocorre entre os encarnados, cabe ao manipulador dos fluidos determinar o ponto da memória que quer revelar para a área de fixação consciente. Chamaríamos de “despertar”, se não pretendêssemos deixar as recordações esquecidas, para o efeito da continuidade da vida carnal.

De qualquer modo, Lourival adquiriu a possibilidade do exame das lembranças do tempo em que conviveu com Margarida, dois séculos atrás, aqui mesmo no Brasil.

Padronizamos as reminiscências pelas dificuldades de ajustamento em relação aos compromissos matrimoniais, desde que o mais que o preocupava era o relacionamento com a esposa. Não desejamos que examinasse a infância, para não nos demorarmos nos traumas causados pelos familiares, muitos dos quais iriam transparecer na convivência conjugal e extraconjugal. Enfim, não tínhamos o mesmo tempo que empregamos quando o ser auxiliado já transpôs os umbrais da morte. Por isso, selecionamos as piores recordações.



Lourival chamou Margarida para os entendimentos devidos, logo que soube da descoberta dela dos seus amores clandestinos de solteiro, os quais o amigo escondeu para poder prosseguir mantendo-os como estavam.

Asperamente, determinou à consorte que não interferisse em suas decisões de homem, fazendo-a limitar-se à vida doméstica, no cuidado dos filhos e dos fâmulos. Margarida era de abastada família e não se submeteu aos impositivos da soberba, intimando o rico comerciante de peles a que se desfizesse dos compromissos com as diversas amásias “teúdas e manteúdas”.

Foi por essa época perseguido pelos cunhados, os quais o puseram sob vigilância cerrada, para que não desbaratasse o dote do casamento.

Lourival recordou-se das impressões relatadas anteriormente e surpreendeu-se pela confusão que estabelecera, já que imaginara os cunhados pobretões. Misturara as encarnações?

Avançando um pouco mais a memória, contemplou diversos entreveros familiares, primeiramente com a mulher, depois com os cunhados, terminando por corroer a estrutura familiar, quando percebeu que a religião estava interferindo nas predisposições mentais de todos, pois os sacerdotes instigavam a esposa à rebeldia, já que Lourival estava afastando-se-lhes ao domínio, não lhes destinando as polpudas espórtulas de antigamente.

De repente, viu-se na escuridão do Umbral, às voltas com entidades que o perseguiam, mui particularmente por não lhes ter facultado a vida promíscua que prometera, nem o correlato crescimento econômico.

Quis saber a causa da transição brusca para o etéreo, uma vez que não lhe vieram à mente as fases da maturidade e da senectude. Teria sido assassinado?

Esse medo o assustou, pois talvez tivesse sido envenenado sem que desse por isso, já que a partida, em tais casos, muitas vezes é protegida pelos benfeitores espirituais, para que não cresça a vontade de vingança e a conseqüente perda de muitas conquistas de caráter moral.

Mas não lhe foi possível recordar-se da morte.

Precisei trazê-lo de volta ao presente, para que pudesse observar o quadro, sobre o qual projetei as minhas memórias daquele evento.

Estarrecido, Lourival pôde avaliar o quanto estivera sendo injusto em relação a todos. Fora assassinado, sim, mas por razões adventícias, em assalto não premeditado, no azar de se ter deparado com dois assassinos em escura noite, quando regressava de uma das amantes.

Haveria a mão do destino ou de algum ser superior, inimaginável para nós, a gerar os acontecimentos, no intuito da recomposição da verdade espiritual? Em termos vulgares, teria sido por “vontade de Deus”?

Quanto a nós, confirmamos-lhe que o mais que fizemos foi tentar avisá-lo das prováveis vicissitudes, mas, embriagado, não lhe foi possível atentar para as advertências do outro plano. Mediunidade era tema de que não se cogitava e seu nível de envolvimento com as forças da espiritualidade era muito grosseiro e elementar. Não houve jeito de interceptar as ações e Lourival deixou o mundo em precárias condições.

Saiu, pois, o amigo endividado e comprometido. Haveria de resgatar os males causados a muitos seres, já que os prejudicara ao invés de se tornar em apoio moral e espiritual, com base nos recursos sociais, intelectuais e financeiros que lhe cabia gerir, para facultar às pessoas que evoluíssem em paz.

Lourival quis saber se as dificuldades não seriam até de maior proveito para aquelas pessoas, que tiveram de enfrentar problemas de muitas espécies, aprendendo a respeitar a dor, no enfrentamento devido da sorte adversa para o resgate das faltas.

Imantamos o ambiente e lhe demos o direito de reler as páginas sagradas dos Evangelhos, exatamente aquelas em que Jesus observa a necessidade do escândalo, como também os reveses daqueles através de quem as revelações adviriam.

Não se enredou nos princípios silogísticos de Jesus, mas interessou-se sobremodo pela fórmula que adotamos para a recordação das leituras.

— Que sistema fabuloso! — dizia-nos. — Basta pensar nos trechos das obras para que as páginas se disponham tais quais diante dos olhos, como se a leitura se desse neste justo instante!

Não estava incomodado com as revelações da triste época dos grandes desvarios sexuais. Sabia que outros tempos seriam mostrados, como ainda tinha a certeza de haver trabalhado com afinco para a recomposição das amizades. Estavam-lhe frescas na memória as ocorrências recentes das extraordinárias demonstrações de afeto, em contraposição a tão poucas repulsas.

Queria que explicássemos se todas as leituras poderiam ser recapituladas da mesma forma.

Tranqüilamente, pusemo-lo a par das obras arquivadas no “cérebro imaterial”, dando-lhe oportunidade para livre recordação.

Voltou ao tempo de católico e quis reler o catecismo, conforme se lembrava que o fizera por aqueles idos. Estranhou muito que as páginas se embaraçassem em sentimentos estranhos, como se todas as impressões de vida e os raciocínios da época o impedissem de reler as páginas, com a mesma clarividência do episódio de Jesus.

Mostramos-lhe que não era difícil de “limpar” a mente dos prejuízos emocionais, facultando-lhe a possibilidade da leitura escorreita, como se estivesse a folhear o opúsculo.

Achou Lourival preciosa a informação e desejou reler outras obras. Obstamos-lhe o intento, para que não caminhasse sozinho pelas sendas da memória, em trilha bastante estranha aos nossos desígnios. Relutante, acedeu em volver à época de permeio às encarnações, para sentir as sensações e reações durante os sofrimentos umbráticos.

A primeira observação que nos fez foi a mais comum, ou seja, que se isentava das dores, podendo examinar o intelecto e a sensibilidade como se o ser analisado fosse outra criatura. Inteligente, concluiu que só poderia ser assim mesmo, pois os males que resgatava, provavelmente, estariam suficientemente pagos. Não seria justo que o Pai de infinita misericórdia o fizesse sofrer duas vezes pelos mesmos crimes.

O que lhe ficou como impressão maior de tais acontecimentos foi o fato de que, aparentemente sem transição, estava sendo transportado para a carne, até mesmo sem ter estipulado que tipo de vida gostaria de receber.

Não era certo que as pessoas são ouvidas e que as famílias se reúnem para dar a seus membros as melhores oportunidades para o resgate dos débitos?

Nessa altura, pedimos-lhe para confiar em que a regressão seguinte lhe daria as respostas.

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