Olhava... Olhava... E não conseguia depreender o que realmente se passara.
Tudo recendia a vida, mas não avistava viva alma por ali, que lhe desse alguma explicação.
De repente, sentiu uma leve brisa a refrescar-lhe o rosto, e todo o ambiente se modificou: os tons prateados começaram a colorir-se de arco-íris, com acabamentos dourados, como se tudo se preparasse para alguma festa e algumas formas a recriar-se como se alguma mão invisível as guiasse.
Que estranho... Algo fez com que se reportasse à infância: as imagens a definir-se em forma de brinquedos, os seus prediletos!
Ao redor, ouvia-se um leve alarido que tomou vulto aos poucos. Observou e conseguiu vislumbrar todo o cenário de quando ainda era menino, na fazenda de seu avô paterno. E viu-se, ele mesmo, talvez com a idade de quatro anos, no meio de outros, que brincavam com semblantes muito felizes, as faces rosadas pelo sol.
Estaria sonhando?
Não... Sentia tudo muito real; inclusive as vozes que eram inconfundíveis.
Até que tomou coragem e aproximou-se, mas ninguém se dava conta de sua presença ali.
Por mais que tentasse, não conseguia uma explicação plausível para o fato. Teria morrido e o outro plano era uma conjunção temporal de passado com o presente? Só isso explicaria porque se via ali, menino, e no lugar onde mais gostava de brincar.
Num rasgo de segundo, algo lhe veio à mente... Se podia se ver, evidente que também podia ver outras pessoas, as que com ele conviveram na infância, obviamente.
No afã dessa idéia sedutora, o rosto cobriu-se de suor, numa abundância tal que a água ia se acumulando, descendo pelo seu corpo até tomar o chão, transformando-se em pequeno riacho de água cristalina que, de imediato alguns peixinhos foram habitar.
Estonteado, sentiu um leve torpor nas pernas que o obrigou a sentar-se à margem do riacho. E, ao toque da água, seus pés começaram a diminuir, gradativamente, até se tornarem do tamanho exato do menino de quatro anos. Viu-se, então, todo ele, um menino outra vez...

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Elton john "Candle in the wind"