Usina de Letras
Usina de Letras
18 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62285 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22540)

Discursos (3239)

Ensaios - (10388)

Erótico (13574)

Frases (50677)

Humor (20040)

Infantil (5458)

Infanto Juvenil (4780)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140818)

Redação (3310)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6209)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Erotico-->13. VERÔNICA E PETRÔNIO -- 10/06/2003 - 06:37 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Lágrimas rolavam pelas faces da jovem postada à sua frente. Loiríssima, deixava os cabelos de ouro cascatearem pelo colo até a cintura, espargindo suave odor de rosas no ambiente.

Apaixonou-se pela figura feminina que lhe dera vida. Os róseos bicos dos seios e o sorriso de amor se desprendiam da memória para saltarem para diante da vista. Era a nutriz de suas aventuras existenciais.

Quis que ela falasse, mas embargava-lhe a voz o reconhecimento dos afetos e dos carinhos esquecidos no passado.

Surgiu, suavemente, para postar-se ao seu lado outra entidade. Era o pai. Não sabia de onde, vieram-lhe os nomes: Verônica e Petrônio. Nomes antigos, fortes. Desejou informações, pois as lembranças estavam severamente apagadas, quando as queria nítidas, completas, perfeitas.

Recordou-se das leituras que lhe sugeriam que os pais combinam com os filhos a gestação e os compromissos da educação. Por que falhara a segunda parte das responsabilidades? Sem dúvida, a ternura que demonstravam por ele revelava que seriam protetores do etéreo, para seu desenvolvimento espiritual durante a vida.

Mas por que o haviam abandonado? Será que também a morte de ambos estava combinada, para que sofresse as desditas da adoção e as conseqüências do desamparo? Talvez não, pois os pais adotivos o cercaram de muita felicidade e de muitos conhecimentos.

Queria respostas, mas as duas figuras se limitavam a olhar, com muito amor, na tentativa de deixá-lo absolutamente tranqüilo em relação ao apoio que estaria tendo, apesar de tantas peripécias desagradáveis.

Aos poucos, ligeiras mudanças nos traços fisionômicos começaram a dar-lhes outras feições. Se bem conhecia as regras genéticas, estava diante de familiares consangüíneos, dadas as similitudes com as próprias características. Mas por que razão iam rejuvenescendo mais e mais?

Com a idade de dez anos, aproximadamente, estavam muito parecidos com os filhos tragicamente perdidos para a vida na carne. Se voltassem um pouco mais, diria que eram exatamente eles.

Mas as transformações evoluíram até que, verdadeiramente, se revestiram das carnes das gentis criaturinhas.

Lourival se desfazia em pranto. Começava a entender que dera agasalho aos pais, em encarnação subseqüente. Cedo partiram em ambas as oportunidades, mas cresciam-lhe as esperanças de que tudo iria ser esclarecido muito brevemente.

Ajoelhou-se e timidamente estendeu os braços para receber as crianças. Mas temeu por desaparecimento instantâneo, se intentasse grosseiramente avançar sobre os entes queridos.

Em meio a mui confusas sensações, orou prece muito comovida, para que tais bênçãos se demonstrassem de seu mais profundo reconhecimento.

Súbito, teve uma desconfiança. Se eram os pais e os filhos as mesmas pessoas, que relacionamento deveria haver entre os três? Seria recebido como filho ou deveria proceder como pai?

Notou a dimensão dos seres queridos e desejou ficar exatamente com a mesma aparência, que iria poder estabelecer padrão vibratório em harmonia. Não era assim que se aproximavam os entes mais estimados, conforme as lições de Kardec?

Não queria raciocinar nem filosofar, mas a sensibilidade não se desprendia do receio de estar ofendendo o Senhor, por não julgar-se digno da graça de ter tais entidades ao alcance da emotividade.

— Queridos!... — foi a única palavra que pôde articular.

Aí os três seres se fundiram em um só, como em abraço perfeito, em uma só comoção superior de felicidade. Em êxtase, agradecia ao Pai estar tão próximo do paraíso.

Perdeu a noção do momento e perpetuou as sensações indefinidamente, eternamente, em esquecimento completo de quem era, de quem fora, de quem viria a ser.

Mas, aos poucos, foi recuperando o domínio sobre a realidade, principiando por comparar o comovente enlace com a solidão colorida do isolamento anterior.

Refazia-se a memória e as criaturas começaram a esgarçar-se nas vibrações do espaço ao derredor, como duas pequenas nuvens plenas de suave luminosidade. Nada tinham dito. Tudo ele havia compreendido. Não mais teria medo de nada, pois sentia que os seres das camadas superiores da espiritualidade deveriam estar amparando aquelas entidades, para que se aproximassem tão carinhosa e completamente.

Desaparecidas as visões, readquiriu a noção da situação incômoda em que estivera após o desenlace vital. Olhou em volta para reencontrar a figura monstruosa que criara, sabendo que era o resultado dos temores no enfrentamento das culpas em relação aos demais. Não tinha mais dúvida de que ofendera muitas pessoas, muitos espíritos, muitos irmãos, fosse lá qual fosse a nomenclatura que deveria utilizar. Agora, faria o possível para a reconciliação, pois sentira o prazer da felicidade incorpórea.

Lembrou-se de Ernestina e desejou vivamente que ali estivesse, para integrar-se ao grupo de amor.

Diante de si, cabelos desgrenhados, boca espumando, carantonha de megera, atitude ameaçadora de quem pretendia vingar-se, estava Catarina, a mãe falsa, pronta para arrastá-lo para a escuridão...

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui