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Infantil-->Os Duendes do Pomar -- 24/09/2002 - 05:01 (LINDAMAR C. CARDOSO DE MELLO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OS DUENDES DO POMAR


Eu sempre fui um garoto feliz e sonhador. Gostava de ouvir histórias e lindos contos de fada. Sempre tive muitos livros, os quais lia e fazia parte dos mesmos. Quase todos os dias, quando voltava da escola, eu ia para o pomar, e ficava muito tempo sentado embaixo da enorme mangueira, pensando na vida e sonhando acordado. Junto de mim sempre ficava o meu fiel cachorrinho, meu amigo de sempre, o Totó. Ali, eu ficava por horas... Às vezes, fechava os olhos, como se estivesse dormindo, ia imaginando um monte de coisas e lindas fantasias, que me vinham à cabeça.
Certo dia, eu assim estava, com os pensamentos muito longe, quando ouvi e vi, bem na minha frente:
- Roda, roda, roda; roda sem parar, para ver o mundo girar...
Abri os meus olhos, assustado, e vi três pequenos seres rodando e cantando com muita alegria. Num piscar de olhos, perguntei a eles:
- Quem são vocês?
- Eu sou o Taco, ele é o Teco e ele é o Tico. É você é o Toco!
- Não, o meu nome é Frederico, mas todos me chamam de Fred. Vocês também podem assim me chamar. Esse é o meu amigão, o Totó.
O Taco estava vestido de vermelho, o Teco vestia roupa azul e o Tico, todo de verde.
- Sabe, eu gostei muito de vocês... Vocês são lindos, pequenos e muito alegres. De onde vocês vieram e quem são?
- Viemos de lá, daquela bananeira, onde nós moramos, há muito tempo. Todos nos chamam de Duendes.
- Daquela bananeira? Nunca vi vocês antes por aqui... Duendes...? Que nome mais engraçado! Eu gosto mais de Taco, Teco e Tico...
- Engraçado é você, que lhe chamam de Fred!
- Eu não vejo nada de engraçado, esse é o meu apelido. É o começo do meu nome verdadeiro. Vocês não se chamam: Taco, Teco e Tico? Eu me chamo Frederico. Esse que é o meu melhor e grande amigo, se chama Totó, meu cachorro de estimação.
- Nós também queremos ser para você, grandes amigos... Venha brincar de roda e cantar conosco.
Eles pegaram nas minhas mãos e fomos rodar e cantar juntos.
- Roda, roda, roda; roda sem parar para ver tudo girar!
- Agora somos todos amigos! - disse o Taco.
Ele era mais falante, mais alegre, mais esperto do que os outros. Começou a falar sobre eles:
- Eu tenho 150 anos, o Teco tem 130 e o Tico tem 100 anos. E você? Quantos anos tem?
- Poxa! Eu nunca vi ninguém com tantos anos, como vocês... Como podem ter isso de anos e serem tão pequenos assim...? Eu tenho só 10 anos e o Totó tem 1 ano.
- Ora, 1 ano? Isso não existe! Ele também tem 10 anos, como você, pois é assim que se conta, os anos de vida: 10, 20, 30, 40, até 1000 anos...
- Taco, você conta assim como Duende. Eu, como ser humano, um menino, e ele, como um cachorro, contamos desde modo: 1,2,3 e assim até morrer. Nós não chegamos até 1000 anos! Eu acho que até uns 100 anos já é muito, Olhe lá, isso é ser bem velhinho! Como é que vocês chegam até 1000 anos? Eu acho isso impossível!
- Não tenha dúvidas, você precisa ver os nossos avós, eles têm muito mais de 1000 anos...
- E onde eles estão?
- Não sabemos. Nós viemos parar aqui no seu pomar, porque você vive nos chamando!
- Eu chamando por vocês?
- Chamou sim, ficava nos chamando todos os dias, até que conseguimos chegar aqui.
- Olhe, foi muito bom vocês virem para cá. Agora eu vou ter sempre amigos para brincar. Vocês não vão embora, vão?
- Sempre que você nos chamar, nós viremos. É só gritar o nosso nome, que estaremos bem ali, nas bananeiras.
- Nas bananeiras? Onde? Não vejo nada ali, nenhuma casa...
- Bem embaixo delas tem um grande cogumelo. É lá a nossa casa.
- Vocês devem sentir frio nesse lugar... E como vocês se alimentam? O que comem para viverem?
- Não sentimos frio e nem calor, comemos frutas, muitas frutas. Aqui tem uma infinidade delas: Laranjas, bananas, peras, maçãs, caquis, goiabas, abacates, mangas, tem até jabuticabas, que é a nossa fruta predileta.
Tico, riu muito e disse:
- Espera lá, Taco! Eu gosto é de maçãs e pitangas. O Teco gosta muito de goiabas...
- Nós gostamos de todas as frutas, porque em cada uma delas, nós encontramos uma vitamina que precisamos. Eu sou o mais velho e sei tudo o que é bom para nós. Eu ainda tenho que ensinar para eles, pois só pensam em brincar, assim como você Fred.
Taco falou com muita firmeza e determinação, como se estivesse mesmo ensinando seus irmãos. Eu, por minha fez, fiquei na minha defensiva.
- Eu não só penso em brincar, não. Estou estudando, estou fazendo a 4ª série do 1°grau, e serei um grande homem, isso vocês podem escrever.
- Fred, é preciso estudar muito, e saber também o que é bom ou ruim, para o seu corpo. Quando você tem saúde, sua inteligência se desenvolve mais rapidamente, com muito mais facilidade. Com saúde você aprende com mais facilidade tudo o que lhe ensinarem...
- Você é inteligente Taco?
- Eu sou muito inteligente! Tudo o que você me perguntar, eu lhe respondo imediatamente.
- Até matemática, você sabe?
- É o que sei mais! Matemática é um jogo de números, e eu adoro jogos... Sei fazer qualquer conta, de qualquer tipo. Resolvo qualquer problema em segundos... Se você quer ver, é só perguntar.
- Então, me diga: Eu fui ao mercado, comprei 10 laranjas, 15 maçãs, 12 bananas. Mas, a mamãe me pediu que comprasse uma dúzia de laranjas, quantas laranjas faltaram?
- Duas. Isso é manteiga no pão! Uma moleza! Qualquer um saberia lhe responder.
- Muito bem: Tenho 50 reais, vou ganhar mais 30 reais da mamãe, mais 100 reais do papai e quero dar para 5 amigos. Quanto dou para cada um igualmente ?
- Trinta e seis reais. Isso é muito fácil! Eu sei contas de milhões de números!
- É... Já vi que você sabe tudo mesmo, não levou nem um segundo para me responder. Você sabe de tudo, sobre o mundo todo?
- Sei de tudo o que você sabe, e muito mais ainda... Eu tenho 150 anos, meu amigo.
- É que você é tão pequeno, que mal posso acreditar que você tem tudo isso de anos... 150 anos... São anos de montão!!! E você, Teco, também é inteligente assim?
- Sou como o Taco e como o Tico, nós já vivemos muito e tudo sabemos para poder ajudar quem precisar de nossa ajuda.
- Meus amigos, gostei demais de vocês! Só que agora tenho que ir para casa, tenho muita coisa para fazer, antes que o dia termine. Tchau. Preciso tomar banho, fazer meus deveres da escola e arrumar todo o meu material para levá-lo à escola amanhã.
- Até amanh Fred! Não conte pra ninguém, que nós estamos morando no seu pomar. Isso será um segredo nosso. Está bem?
- Falou! Um segredo só nosso! Vamos Totó.
Voltei para casa. Estava muito feliz, agora teria mais três amigo para as minhas brincadeiras. Pensei em levar para o pomar, no dia seguinte, alguns jogos para brincarmos. O Taco disse adorar jogos. Tenho tantos... Ele vai poder escolher, assim iremos brincar bastante.
Assim que cheguei mamãe perguntou:
- Olá, Fred! Por onde você andou?
- Lá no pomar com o Totó.
- No pomar? Como não vi vocês?
- Estávamos embaixo da mangueira. Eu até acabei dormindo lá sentado...
- Pode ser... Por isso que tudo estava tão quieto! Vai, meu filho, tomar banho e fazer suas tarefas. Cuide de tudo antes do jantar, está tudo bem?
- Não se preocupe, irei num minuto, mamãe. Pode deixar que antes do jantar termino tudo.
Mamãe pensou:
"Que deu nele? Nem reclamou para tomar banho e fazer as lições..."
Mamãe estranhou muito, porque eu sempre reclamava, quando ela me mandava fazer alguma coisa. Tomei banho e fiz minhas tarefas num instante. Fiquei pensando:
"Gostaria muito de voltar a falar com meus novos amigos Duendes... Mas tenho certeza, que mamãe não vai me deixar ir até o pomar agora. Seria bom se depois do jantar, eles viessem para o meu quarto... Ah! Não, eles não viram, disseram que gostam do pomar, não iram querer ficar aqui fechados, dentro de um quarto... Amanhã eu pergunto a eles e os convido para virem."
Mamãe me chamou para jantar. Eu quase não lhe ouvi, tão distraído estava, com meu pensamento lá no pomar...
- Fred, venha, estou colocando o jantar na mesa. Seu pai está nos esperando.
Papai havia chegado e eu nem notei. Ele estava já sentado à mesa, esperando para juntos jantarmos.
- Olá, papai, tudo bem...?
- Olá, Fred, tudo ótimo!
Cumprimentei papai, como sempre fazíamos, porém muito ansioso para terminar o jantar e voltar para o meu quarto. Tinha que ficar sozinho para poder pensar nos meus amigos. Jantei o mais rápido que pude, só para ir para o quarto.
- Papai, mamãe, vou dormir, boa noite para vocês!
- Boa noite, meu filho, durma bem... Sonhe com os anjos e tenha uma noite tranqüila.
- Eu gostaria de sonhar com os Duendes...
- Como disse, Fred?... - perguntou papai todo espantado.
- Nada não, papai. Tchau, até amanhã.
Quase que falo bobagens, por pouco não conto tudo a eles, que estive com os Duendes lá no pomar. Fiquei fazendo hora... Arrumando as minhas coisas, que há muito estavam precisando de um pouco de ordem. Só conseguia pensar nos meus novos amigos. Por fim, fui dormir e sonhei que meus amigos estavam ali no quarto, jogando comigo... Nós passamos a noite toda brincando com os meus jogos, principalmente uns que são bem complicados, dificílimos para a minha idade, que ainda não tinha conseguido jogar. Os três Duendes eram super inteligentes! Eles jogavam tudo com muita facilidade. Com isso, eu ia aprendendo com eles, tudo o que eles sabiam. Estava adquirindo um pouco da inteligência deles...
De manhã cedinho acordei e pedi para a mamãe algumas frutas. Eu queria levá-las para os Duendes, lá no pomar. Ela estranhou muito, pois eu, dificilmente comia frutas; a não ser, nas vitaminas que ela preparava logo cedo, as quais eu tinha que tomar sem reclamar.
- Meu filho, as que tinham aqui, eu fiz a sua vitamina. Logo mais, eu irei buscar algumas lá no pomar. Creio que deve ter muitas frutas maduras, para serem colhidas...
Com isso, eu me lembrei que eles tinham o que comer lá, pois moravam no pomar.
- Não faz mal, mamãe. Agora vamos! Eu quero chegar cedo no colégio... Tenho muito o que fazer antes das aulas começarem...
- Me parece que você dormiu muito bem essa noite, não, Fred?
- Tive lindos sonhos, mamãe! Depois eu lhe conto, quando voltar do colégio, está bem?
Fui para o colégio com minha cabeça cheia de idéias sobre os Duendes. Perguntei aos meus amigos se eles já tinham visto Duendes, e ninguém ainda havia visto um... Pedro era o meu melhor amigo, ele era o mais velho da nossa turma. Ele sempre sabia de tudo, pois tinha 11 anos.
- Pedro, você já viu um Duende?
- Fred, que pergunta mais boba! Claro que não! Eles não existem, a não ser, nos contos de fada...
- Você quer dizer, que só no País Encantado das Fadas...?
- É! Se é assim que você entende...
- Você gostaria de ver um Duende de verdade, Pedro?
- Só se for em sonho, meu amigo! Porém, eu nem sei como eles são, nunca sonhei e nem vi foto de um...
- Pois eu sonhei a noite inteira com eles...!
Todos os meus amigos ficaram admirados e curiosos. Todos queriam saber como eles eram e o que eles faziam...
- Conte pra nós, Fred. Como são esses Duendes? Como foi que eles apareceram nos seus sonhos? Como é que você sabe, que são Duendes mesmo?
- Bem... Eu sonhei que eles eram bem pequenos; um vestia roupa toda vermelha, o outro, verde e o outro estava todo de azul. Eles tinham orelhas bem grandes e pontiagudas na parte de cima. Seus olhos eram grandes e bem redondos. O nariz...? Bem, o nariz quase não tinham, eram dois buracos que formavam o nariz.
- Eles eram três? O que eles lhe falaram?
- Nós brincamos muito, me diverti como nunca! Eles são muito inteligentes, jogamos diversos jogos. Tudo eles sabem na ponta da língua! Eles são gentis e me ensinaram a jogar aqueles jogos que são dificílimos! Aqueles que tentamos várias vezes e não conseguimos, vocês se lembram...?
- Fred, como é que você sabe que eles são Duendes...?
- Porque eles me falaram que eram, oras! Essa noite, eles disseram que vão voltar, que vou sonhar de novo, e que vamos brincar pra valer! Prometeram que vão me ensinar um "montão" de coisas, que não sei...
- Chega de tanta besteira, Fred! - disse o Pedro - Isso já é demais! Como é que você sabe que vai sonhar outra vez...? Isso até parece piada de mal gosto!
- Não sei, Pedro! Mas gostaria muito de vê-los outra vez... Nem queira saber, como gostei deles... Eu acredito em tudo o que eles me disseram!
- É? E o que eles lhe disseram, que levou você a acreditar com tanta certeza, hein?
Fomos para a sala de aula e não deu tempo para contar mais nada. Eu só pensava em voltar para casa, para de novo ficar com os Duendes no pomar.
- Fred!?... O que é que você está pensando...? Vejo que está tão distraído! - perguntou a professora, estranhando o meu comportamento.
- Eu pensava na minha lição, professora.
- Ele está no mundo da lua... Está pensando nos seus Duendes, do sonho que teve! - disse o Pedro.
- É, Fred? Você sonhou com Duendes? Então, conte para nós como foi esse sonho.
Olhei para o Pedro com uma cara bem feia, queria até lhe dar uns tapas para ele deixar de ser enxerido! Para mim, ele estava morrendo de inveja, só porque não fora ele quem conversou com os Duendes...
- Sonhei sim, Dona Alice.
- Como foi o seu sonho, Fred? Vamos, conte tudo para nós... Assim, todos irão fazer uma história, sobre o seu sonho.
Ela foi até o quadro negro e escreveu:
"Façam, todos, uma linda história sobre os Duendes. Depois, olhou para toda a classe e disse:
- Prestem bem atenção ao sonho de Fred!
Assim, contei para todos como fora o meu encontro com os Duendes, no meu pomar. Só que, contei como se tudo tivesse sido um sonho! Contei o meu encontro com eles no meu quarto e como brincamos a noite toda... Foi necessário dizer ter sido tudo meros sonhos... Senão, ninguém iria acreditar na minha história.
Na volta, para a minha casa, contei também a minha mãe sobre o meu sonho e disse a ela que todos da minha classe, teríamos que escrever uma história sobre os Duendes. Ela quis saber de tudo com os mínimos detalhes e me perguntou:
- Meu filho, você acredita em Duendes...?
- Acho que sim, mamãe. E você?
- Eu acredito, que quando temos um sonho e desejamos que ele seja real, assim será... Nós precisamos acreditar que também existem coisas boas, nesse nosso mundo tão agressivo! Os Duendes existem para aqueles que querem acreditar neles... Nós podemos até ter contatos com eles, se quisermos de verdade... Eles são criaturas cheias de mistérios, amor e ternura. Precisamos sempre ter no coração muito carinho, amor, confiança e principalmente muita fé e esperança. Com bastante fé, chegamos até Deus!
Corri para o pomar. Lá estava o meu cachorrinho Totó, correndo e se escondendo com os três Duendes. Eu estava muito feliz! A conversa que tive com a minha mãe, me mostrou que todos podemos ser felizes, basta acreditar nessa felicidade!
Assim que cheguei, fui perguntando:
- Oi! Posso brincar também? Acho que cheguei bem na hora de uma boa brincadeira!
Taco respondeu:
- Claro que pode! Nós estávamos a sua espera...
Fui correndo me esconder atrás da mangueira, era a vez do Totó nos achar. Brincamos por muito tempo e, depois, fomos todos sentar embaixo da mangueira. Ali ficamos conversando, até que a mamãe me chamou para almoçar.
Eu queria saber tudo sobre Duendes.
Taco disse:
- Sabe, Fred, eu fui com você à escola... Gostei muito de ver, que você manteve a sua palavra e não contou o nosso segredo, nem para o seu melhor amigo.
- Taco, eu senti vontade de gritar para todos, que eu vejo e converso com vocês... Você nem imagina como me foi difícil ficar calado, depois que meu amigo começou a fazer pouco caso da minha história...
- Nada disso, está bem? É preciso manter o nosso segredo. Senão, não seremos mais amigos!
- Palavra de Fred! Porém, agora eu quero saber tudo sobre vocês...
- Sua mãe está lhe chamando... Depois, mais tarde voltamos e lhe contamos mais alguma coisa sobre nós e sobre nossas vidas.
Fui correndo almoçar, porém meus pensamentos estavam com os Duendes... Assim que passei a conhecê-los melhor, um grande sentimento começou a me envolver: Passei a amá-los, a respeitá-los, enfim, a gostar muito dos meus novos amigos. Almocei e corri para o pomar, não queria perder um segundo do meu tempo.
- Aqui estou, morrendo de curiosidade! Quero que me digam tudo sobre vocês e suas famílias... Quero conhecê-los bem, porque sinto um grande afeto por vocês.
- Como já lhe dissemos: Eu sou o Taco e tenho 150 anos, o Teco tem 130 e o Tico tem 100 anos. Quando eu tiver 200 anos, começarei a ser adulto e terei barba. Essa barba irá crescer muito, cada vez mais, cada dia um pouquinho, até chegar ao chão! Quando isso acontecer, eu já terei, mais ou menos, uns 1000 anos. Aí, eu desaparecerei, e depois, começarei outra vida... Vou ter um novo corpo, e assim vai, outra vez, até eu atingir uns 1000 anos... Desse modo, vão se passando os séculos. Quando eu surgir de novo, eu serei bem jovem, bem criança, como você. Só tem uma grande diferença: Eu terei algumas experiências, que irei lembrando com o passar do tempo. Tudo o que eu sei hoje, eu saberei ao voltar, mas terei que aprender tudo o que existir de novo por aqui... Isso porque, as minhas lembranças, são das coisas que eu aprendi no meu passado. Eu e os Duendes todos temos grande facilidade para aprender! As coisas que vemos, ouvimos e sentimos são facilmente gravadas por nós. Nós nunca cometemos um mesmo erro por duas vezes, isso seria um grande castigo. Demonstraria que não estivemos atentos com a nossa sobrevivência, não cuidamos bem da nossa vida. Os Duendes, dificilmente comentem erros, mas pode acontecer. Porém, nunca por duas vezes, o mesmo erro! Os erros para nós são sempre ensinamentos. Os mais velhos, fazem a gente cometê-los, para que nunca mais esqueçamos deles! Todos nós temos o mesmo processo de vida. Quando eu ou outro qualquer Duende, se for, ninguém irá notar ou chorar por isso. Sabe por quê? Porque logo estaremos de volta! Temos que aprender a nos cuidar sozinhos, sem a ajuda dos outros. Porém, nós somos muito unidos! Se precisarmos de ajuda, ela estará ali nos esperando... Somos, sempre, ajudados na hora certa! Nunca perdemos uma única batalha! Sempre vencemos, porque somos unidos. Estamos sempre prontos a ajudar quem precisa e nos pedem ajuda. Nunca se esqueça, Fred, que unidos, o inimigo nunca nos vence! Sempre seremos nós, os vencedores.
- Nossa! Fiquei encantado com tudo o que ouvi sobre vocês! Quero que sempre sejam meus amigos. Quero que vocês venham ao meu quarto, assim que puderem... Vou mostrar a vocês, tudo o que é meu.
- Não se preocupe com isso... Nós lá estivemos essa noite que passou, você não se lembra que nos levou até lá? Será que se esqueceu?
- Eu pensei ter sido um sonho! Que bom, que tudo foi de verdade!
- Fred, sonhos, às vezes, são reais! Nós também fazemos parte de sonhos, é só querer, que lá estaremos...
- Quero muito lhes apresentar o meu melhor amigo da escola. Ele é o Pedro. Sabe? Ele não acredita que vocês existem... Ficou teimando comigo, que vocês não passam de sonhos, que são só contos de fadas.
- Fred, tem um problema: Se ele não acredita em nós, ele nunca irá nos ver! Sempre irá continuar não acreditando que existimos... Nós só aparecemos para quem acredita na nossa existência! Só poderá nos ver, quem assim o desejar.
- Eu acredito em tudo o que vocês me disseram. Mamãe disse que com fé, a gente chega até Deus!
- Ela está com muita razão! Deus é invisível, porém com muita fé, Ele nos aparece, sempre para nos ajudar...
- Taco, Teco, Tico, vocês não querem morar comigo no meu quarto?
- Não podemos! Nosso lugar é ao ar livre, bem no meio das árvores. Nós só podemos morar nas plantas, nos bosques, nas florestas, nos pomares, nas grutas, nas matas, enfim, onde está a mais pura natureza... Meu amiguinho, sempre que quiser, aqui estaremos. Sempre viremos lhe visitar, mesmo quando estivermos longe daqui... Algum dia, teremos que ir embora... Porém, nunca lhe esqueceremos! É só nos chamar e viremos lhe ver. Esse lugar é o nosso ideal: Temos frutas a vontade, água fresquinha e limpa. Temos, também, um lindo lugar para descansarmos, quando estivermos cansados. Fred, se você precisar de nós, é só chamar... Em segundos, estaremos com você. Pode ficar tranqüilo, que sempre iremos lhe ajudar. Queremos ser seus amigos, para a eternidade. Se, um dia você estiver em dificuldades, pode nós chamar.
- Pelo o que estou ouvido, vocês estão pretendendo ir embora...?
- Não, meu amigo. Pretendemos ficar por aqui, por muito tempo... Mas, quando isto acontecer...
- Então, tudo ótimo! Agora, já vou indo... Tenho um monte de tarefas para fazer, tanto da escola, como de casa. Passem um bom dia! Eu os espero, à noite, em meu quarto. Tchau.
- Fred, não fique aborrecido com seu amigo Pedro, não tem importância se ele não acredita em você. Muita gente é como ele, e nós não existimos, para essas pessoas... Tchau!
Fui fazer a minha história sobre os meus novos e queridos amigos Duendes. Eu estava muito feliz, as palavras dessa história, me saiam com uma enorme facilidade. Num instante, escrevi tudo o que sabia dos Duendes. Fiz parecer, que tudo tinha sido um belo sonho...
Na minha infância, tudo era belo e encantado: Fui uma pessoa imensamente feliz! Meus amigos Duendes deram um colorido especial, em todos os anos da minha infância. Sempre que eu tinha saudade dos Duendes, eu ia para baixo da mangueira e chamava por eles. Eles me atendiam de imediato, como se estivessem sempre à minha espera... Nós brincávamos muito, conversávamos, trocávamos idéias... Eles me davam muita fé e muita segurança. Com eles, aprendi muito, principalmente a ser firme nas minhas decisões, ser ordeiro e cumpridor dos meu deveres. Quase que diariamente, nós brincávamos. Depois eles iam embora e eu ia para as minhas obrigações. Eles só voltavam, quando os chamavam de novo.
Certa vez, os chamei muito, mas eles não vieram... Fiquei triste e muito deprimido, pois não sabia o que tinha acontecido com eles... Por muitos dias, ali voltei e nada deles! Até que um dia, somente o Tico veio falar comigo.
- Tico, o que aconteceu com vocês? Já faz muito tempo que não tenho notícias de vocês!
- Nem queira saber, meu amigo! Lá na mata, onde moram todos da nossa família, houve um terrível incêndio! Vários homens ruins, que só querem lucros e não pensam na natureza, colocaram fogo na nossa mata! Tivemos vários dias de luta contra as chamas, que queriam destruir tudo à sua volta. O fogo ia se alastrando e queimando tudo o que encontrava, sem piedade alguma. Nós perdemos vários Duendes, que tentavam fazer barreiras, para deter o fogo. Você nem queira saber, quantos animais ali morreram, tentando escapar das chamas implacáveis. Quantas animais e árvores morreram queimados! Tudo agora é uma tristeza sem fim... A mata que tinha milhares de quilômetros, só de árvores, pouco restou! O Taco ficou muito ferido, quase morreu asfixiado com tanta fumaça! Ele estava tentando salvar os animais... O Teco está encarregado de plantar novas mudas de árvores. Por sorte, nós sempre temos armazenado muitas sementes, as quais iremos plantar de novo. Com isso, meu amigo, todos os Duendes foram recrutados para ajudarem. Temos uma infinidade de serviços, para reconstruir toda a mata perdida com o incêndio. Vim, só para dizer a você, que sentimos muitas saudades suas... Assim que tudo estiver recuperado, nós viremos ficar uns dias por aqui. Tchau, Fred, nunca se esqueça que lhe amamos muito!
- Tchau, Tico! Peço desculpas por essas pessoas sem caráter, sem amor e sem carinho pela natureza. Elas não sabem que matando a natureza estão se matando a si próprios! Meu amigo, eu também aprendi a amar vocês, quero que diga aos seus irmãos, que estarei esperando por vocês sempre!
Fiquei muito triste por vários meses, a saudades deles era muito grande. A imagem que Tico me descreveu, daquele horrível incêndio, nunca saiu da minha cabeça. Fiquei pensando, pensando, o que eu poderia fazer para chamar a atenção, desse povo que não tinha noção do bem, que uma mata formada pode nos trazer...
Os anos se passaram, sem que eu os visse outra vez. Hoje, com 20 anos, me recordo saudoso, dos meus amigos tão queridos, os Duendes. Estou estudando muito. Quero, logo mais, poder ajudar e contribuir com a natureza, para ver se um dia, todo o mundo se reune, para acabar com queimadas... Enfim, para dar um basta a tanta devastação! Recebi, como herança, uma grande área, de pura mata virgem. Quero que ela seja uma reserva florestal. para sempre. Gostaria de ter nessa floresta, uma infinidade de Duendes e todas as espécies de animais e plantas. Gostaria demais, de ter meus amigos, outra vez aqui, junto de mim, para podermos conversar, brincar e trocarmos idéias, como outrora fizemos.
Meus queridos Duendes, me recordo com muita saudade, hoje e sempre, do nosso pomar... Peço a Deus, todos os dias, que lhes dêem muita saúde e que nada de mal lhes tenha acontecido...
Tchau, meus Duendes queridos!!!



LINDOMAR C C MELLO
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