O Trem de 1907
Manoel Monteiro*
Ouço um apito
Na curva da estrada-piuí...piué
Maria Fumaça
Sendo anunciada.
Moderna boiada
Cantando estribilhos
Nas patas de ferro
De férreos novilhos.
Rangendo nos trilhos
Vem o trem expresso
Vencendo distâncias
Trazendo progresso.
Na mão o ingresso,
Mais nada importante,
É isso que traz
O novo “chegante”.
Traz o viajante,
Traz o curandeiro
E traz mulher dama
Pra o novo puteiro.
Traz aventureiro,
Preto, banco, louro
Pra vender latão
Dizendo que é ouro.
Traz belo tesouro
Na linha aquarela
Que o trem deixa ver
Por sua janela.
Quer febre amarela?
Quer mal, ou quer bem?
É só procurar
No bucho do trem.
Tem nele também
Banqueiro, agiota,
Com mãos usurárias
Sedentas de nota.
Tem belo janota,
Caneiro papudo,
Doutor de araque,
Doutor de estudo.
Trem traz de tudo,
Lembrança, saudade,
Traz bom e ruim
Pra Nova Cidade.
Traz muita bondade,
Traz muita porqueira,
Fuligem, fumaça
Que sai da caldeira.
Traz gente estrangeira
De cor e de raça
São os filhos da
Maria Fumaça.
Traz festa na praça,
Sorriso, alegria
Na espera do trem
Que já se anuncia-piuí, piu, piia
No aguardo a Maria
Está Cristiano
Lauritzen, O gringo
Mais paraibano.
(*) o autor é cordelista paraibano, com inúmeros cordéis publicados. Membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Possui uma Cordelaria Poeta Manoel Monteiro em Campina Grande: à rua Vigário Virgínio, 52 – bairro do Santo Antonio- cep 58103-340- fone: (083) 341-6536. É bem atuante na área de literatura popular.
Este pequeno trabalho foi escrito em quadras. Já publiquei outros trabalhos dele, aqui na usina de letras.
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