Vejo Sangue nos céus de BAGDÁ e os quarenta ladrões matando gente
Autor: Astier Basílio*
Nós marchamos talvez pro “Quarto Reich”
Já que o mundo é quintal da Casa Branca
Que querendo vai num país e arranca
Quem quiser mesmo que a ONU não deixe.
Muito embora a população se queixe
Das ações de Saddam que impunemente
Faz da terra do Iraque. É indecente,
Que os Estados Unidos mandem lá
Vejo sangue nos céus de Bagdá
e os quarenta ladrões matando gente
George Bush, o mundo não te elege
Como seu porta-voz ou mandatário
Todos sabem que seu itinerário
É o bastão da ganância quem o rege.
Os seus gestos são de um louco herege
O milênio que nasce é diferente
O planeta em uma só corrente
Pede paz para Deus, invoca Alá
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
Rasga a rouca canção de uma sirene
A paisagem de pedra. É madrugada.
Carros vão sem destino pela estrada.
Riscam mísseis num desespero infrene.
Espetáculo que a CNN
Mostra ao vivo. Com pouco o presidente
Bush vem argumenta, fala e mente
Para um mundo que não se iludirá
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
Eles pensam que o mundo tem um dono
A menina dos olhos é o petróleo.
Toda causa da guerra é este espólio
Que no fim fique o Iraque no abandono.
Isto é uma vergonha para a ONU
Que se mostra precária e decadente.
Sem respeito, função e dependente.
Nada fez, nada faz e nem fará.
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
Vejo a águia da América tão drástica
Por as garras nas terras do Iraque
Quando ela alça vôo para o ataque
Se parece demais com a cruz suástica.
Seu olhar tem a expressão bombástica
Numa fome por sangue inconseqüente
quer sentar-se no trono e imponente
revelar para o mundo o quanto é má
vejo sangue nos céus de Bagdá
e os quarenta ladrões matando gente
A arrogância que ataca e que derruba:
Covardia é a expressão legítima;
Ninguém sabe qual a próxima vítima
Desta águia que Bush quer que suba
Se será a Coréia ou será Cuba
Ou a nossa Amazônia, pois, doente
Sei que o mundo pergunta impaciente
O seu próximo alvo, qual será?
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
E por mais que se insista que se teime
Em protestos que o mundo todo faz
Numa única prece pela paz
Bush quer que esta flâmula se queime.
Ele acha que isso é um vídeo-game:
Com o seu arsenal “inteligente”
Míssil que nunca acerta um inocente
Mas crer nisso, estou certo, que não dá
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
A nação que tem berço puritano
Enlameia com ódio a humanidade
O progresso que veio na verdade
É prova cabal de nosso engano
Ser humano matando ser humano
Nada mais bestial que violente
Este século que gente, sofre e sente:
Esta chaga tão cedo fechará
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando a gente
Eu não sei responder pra onde vamos
Nesta noite sem fim feita de eclipse
Um incêndio que queima o Apocalipse
Derramou suas taças onde estamos.
No deserto quem prega é Nostradamus
Para quem não escuta o diferente.
Liberdade não pode ser presente
De um Império pior que o Resbolá
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
Esta guerra não é feita de clarões
Sobre o fundo da tela esverdeada
A imprensa do mundo é censurada
Que não mostra um por cento das ações
Ninguém pode chegar a conclusões
Sobre o que acontece no presente
O diário da guerra é tão somente
Uma farsa que não se acabará
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
O Anticristo com a sua Besta quer
Resolver o problema da “Entifada”
Novamente com tanque e com granada
Acabando com quem logo vier
Bush com o tirano Tony Blair
Vão varrer os conflitos do Oriente.
Palestinos para linha de frente
O primeiro a morrer é Arafat.
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
Os Estados Unidos que invadem,
Que impões seu querer à violência
Pés de barro tem a superpotência
Mesmo que contra isso os chefes bradem
É capaz de outro Osama Bin Laden
Se vingar dos ianques brevemente
Só assim a malévola semente
Oferece seu fruto a quem o dá.
Vejo sangue nos céus de Bagdá
E os quarenta ladrões matando gente
(*) é poeta pernambucano, radicado na Paraíba. É jovem e já com uma boa produção: sonetos, cordéis, poesia moderna. Publicou entre outros livros, “Seara do Sol”. É filho do repentista Tião Lima (presidente da Casa do poeta repentista de Campina Grande, e também faz um programa de Rádio, intitulado “A hora do vaqueiro”).