a queda para o alto
não podia mais suportar sua insistência esquizofrênica, a querência hiperbólica sempre vitimada pela ausência que supunha. aquela solidão anunciada previamente, pedra no limbo, encruzilhadas, resto de destino num caminho adjacente. não podia mais conviver com sua insegurança de ave na primeira arremetida ao vôo, fênix não-renascido, ícaro acrofóbico. só não poderia supor que ela sobreviveria enfim ao salto, à queda do alto na declarada incompatibilidade, brotando alva dos restos plúmbeos das palavras de fogo, queimando o pleonasmo da falta. só não poderia prever que seria eu hoje o falto, a vítima inconteste do auto-assalto do seu tato, pele que, carente da saliva hidratante, não suportou a secura e se misturou quimicamente ao asfalto...
sidnei olivio
|