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Erotico-->8. DESPERTANDO -- 05/06/2003 - 06:47 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estava Lourival acabrunhado. De que lhe adiantara ter tanto estudado a filosofia espírita, se agora não conseguia decifrar o mistério da evolução temporal?

Fez muita força para recordar-se dos textos de Kardec, para relembrar-se dos conselhos espirituais para situações assim. Nada encontrou que lhe desse a possibilidade de adejar pelas esferas, sem contatar as pessoas. Parecia-lhe existir forte castigo na disposição isolada.

Outras leituras vinham-lhe à mente, informando-o de que poderia estar sendo resguardado dos seres maléficos, que o arrastariam para as profundezas escuras do Umbral. Mas não era aquilo a representação das condições mais amargas?

Fazia perguntas, na provocação de respostas, pois acreditava piamente em que os mentores do centro e os instrutores pessoais estariam por perto. Apenas ele mesmo é que se incapacitara, por razões com que não atinava, a vê-los e ouvi-los. Se até o próprio perispírito não tinha condições de apalpar...

Elevou as mãos e meditou profundamente a respeito das primeiras sensações que o espírito sente no domínio do fluido universal, segundo as explicações extraídas de “O Livro dos Espíritos”. Se estivesse certa a memória que lhe chegava de que o acostumar-se com o corpo etéreo ou astral ou fluídico, conforme as diversas denominações conhecidas, era questão de tempo, talvez estivesse já em condições de tocar-se com êxito.

Antes da tentativa, uma vez que a visão lhe dava a contextura espacial que ocupava, pensou em orar contritamente, solicitando dos amigos da espiritualidade que não o desamparassem.

Surpreendentemente, esquecia-se do objetivo mais imediato, na criação de outro interesse. Queria saber agora qual a prece mais conveniente para a ocasião. Repetiria o pai-nosso, diria uma ave-maria, recordar-se-ia da prece de Cáritas, ou seria preferível recitar a de Francisco de Assis?...

Não sabia outras de cor. Mal e mal lhe vinha à mente a salve-rainha dos tempos do catolicismo. E o ato de contrição, com que encerrava as confissões, estaria na ponta da língua? Pensou no credo e buscou os hinos com que enaltecia o Senhor nos templos do protestantismo.

Estranhamente, volvia o pensamento para áreas mais próximas, ficando tudo o mais muito enevoado.

Não era verdade que sempre dissera as orações com muita convicção de que seria atendido? Mesmo na umbanda, cantava os pontos com reverência. Prostrado perante os orixás, as rezas saíam-lhe diretamente da alma. Jamais titubeara um só instante. Por que, agora, as palavras não lhe vinham com facilidade?

Quis recitar uma a uma, todas as orações. Fê-lo integralmente, sem titubear, mas o sentimento não era o da hora. Parecia regressar aos tempos em que as sabia de cor, na comoção daqueles momentos. Sentia-se menino, rapaz, homem feito, velho e até senil.

Como explicar o fenômeno? Teria capacidade ou conhecimento para averiguar os procedimentos psíquicos correspondentes?

Parou para dizer qualquer prece com emoção, e percebeu que as mãos estavam fortemente presas uma à outra, dedos entrelaçados, em postura de grande fervor religioso. Sentia, finalmente, o corpo analógico!

Passou a examinar cada setor da pele, para caracterizar a idade com que se iria apresentar aos companheiros do etéreo. Correu para a água do vaso, na esperança de ver-se refletido. Queria ter, no máximo, vinte e cinco anos. Estava com as marcas da senilidade. Cabelos brancos. A face enrugada. Os olhos empapuçados. A pele do rosto flácida e descorada, com certeza, pela longa jornada hospitalar.

Sentou-se na sepultura próxima mas sem estremecimentos. Sabia que o corpo astral iria evoluir, conforme fosse apreendendo a própria situação.

Já não mais temia a visão do cadáver. Imaginou-se com a mesma aparência. Desejou rever o estágio atual da putrefação e, sem temor, puxou o cordão perispirítico para a aproximação. Estava solto!

Queria dizer que do cadáver se liberara, desde que retomara o domínio físico sobre si mesmo?

Meditou um pouco e chegou à conclusão de que volveria ao caixão através do pensamento, da mesma forma que de lá saíra por duas vezes. Estava decidido. Firmou a idéia e começou a descida através do solo. Conseguiu com extrema facilidade, como se fosse aquele o campo próprio de seu desempenho material. Não havia resistência ou solidez.

Nem precisou esperar ultrapassar a tampa aferroada pelos grossos pregos. Dali mesmo viu que o féretro estava vazio. Não se assustou, contudo. Haveria, certamente, alguma explicação lógica para tudo isso.

Retornou à superfície e principiou a meditar a respeito do tempo. Se não definisse, com razoável propriedade, esse aspecto do etéreo, iria resvalar...

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