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Erotico-->7. O NARRADOR INTERROMPE -- 04/06/2003 - 07:10 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Para que se evitem suspeições de interferências na narrativa, venho para caracterizar quem é este narrador onisciente.

Não sou o Lourival depois de ter passado pelas agruras. Sou simplesmente um dos preceptores, a ele ligado por laços de amizade e fraternidade, por mais de dez encarnações, e que lhe está dando assistência nestes graves momentos por que passa.

O amigo leitor está diante de obra acabada, onde poderá saltar à vontade, para ir ao fim, na curiosidade de lhe saber o desfecho. Eu cá estou, no justo momento em que ocorrem os fatos, havendo interrompido os momentos de transmissão do que se passa com o herói, para apresentar-me.

Neste preciso instante, tenho bom companheiro de atividades socorristas atento para as peripécias mentais do pupilo, caso contrário nem poderia ter vindo iniciar-lhe a descrição psicológica nas venturas e desventuras.

Acontece que há informes necessários para que o encaminhar da ação se dê de forma absolutamente lógica, para o entendimento do que se irá ler.

Alguns fatos estão a merecer a atenção do leitor, pois deve ter ficado claro que interferimos na apresentação das circunstâncias que envolvem o amigo estagnado nos revoluteios da consciência, que não se conforma, na verdade, em tê-la imersa em torpores de raciocínio, pois o pobre se vê às voltas com sérios problemas oriundos das falsas interpretações dos valores evangélicos durante toda a vida, o que vinha acontecendo já nas precedentes encarnações.

O fato mais flagrante do pensamento atual da personagem está em que não irá entender a razão de o corpo estar mostrando-se intocado pela decomposição natural. Irá concluir, como pretendemos, que o tempo não se mede no etéreo pelos padrões cronológicos dos eventos, mas que pode fluir e refluir pela vontade da pessoa. De resto, tal pressuposto está na mente de muitos encarnados, vicejando a tese, inclusive nos meios científicos, por força da teoria da relatividade criada por Einstein, para as explicações do que julgava insatisfatório nas idéias de Isaac Newton.

Não temos a pretensão nem poderíamos avançar nessa teoria, mas, para efeito da compreensão do que se passa no campo-santo em que está preso Lourival, devemos dizer que o efeito das condições do cadáver é mera sugestão hipnótica que praticamos, a partir da necessidade que temos de levá-lo a certas reflexões de caráter evangélico, muito mais importantes que quaisquer conclusões no campo do material e, portanto, do ilusório, do ponto de vista espiritual.

Outro esclarecimento oportuno é quanto à mescla dos fatos que se está dando na consciência do irmãozinho, fundindo vidas pregressas com a que deixou recentemente. De fato, nesta última encarnação, todos os acontecimentos se referem a atividades kardecistas, não se tendo filiado jamais a outro culto ou religião.

Filho de pais católicos, viu-se órfão muito cedo, ficando ao deus-dará da complacência das instituições públicas, até que foi adotado por família espírita, que lhe negou o conhecimento da adoção.

Eis que as complicações são muito superiores às possibilidades de suspeita dos leitores, para o que julgamos conveniente dar estas explicações, em momento de trégua, já que Lourival, possivelmente, irá ficar por longo tempo imerso em cogitações de caráter íntimo, até decifrar o mistério da fusão Felícia—Margarida, uma mesma e ideal criatura, que se chamou Ernestina, no acompanhamento da derradeira encarnação.

Como conciliar tais fenômenos psíquicos? Por que a mistura de eventos e de pessoas? É que o amigo está tendo a sublime oportunidade de conhecer a causalidade dos fatos, conforme seu crescendo em virtudes.

Se é verdade que se manteve em coma por mais de quinze meses? Claro que é, pois aí se situa a base dos contra-sensos, já que deixou de assimilar os conselhos dos protetores, que lhe foram encaminhados durante o tempo todo em que ficou flutuando ao derredor da matéria inerte, naquele trágico leito de dor coletiva.

Ernestina o acompanhou amorosamente durante todo o tempo, mas não foi vista como tal pelo infeliz, que, no etéreo, apesar da contingência do apagamento das sensações físicas, se mantinha ligado ao corpo para as reflexões de que carecia.



Esperamos que todas as respostas venham a ser dadas nos próximos capítulos desta história impossível de compor-se no plano carnal. Caso sirva para o despertar dos leitores, em função de provável desleixo espiritual, ficaremos fartamente recompensados.

Resta-nos pedir perdão pela quebra da linha dramática, fato inusitado, que não voltará a acontecer, segundo o planejamento que estamos elaborando, à medida que a narrativa avança. De qualquer modo, fica-nos a obrigação de solicitar releitura dos capítulos, segundo a presente exposição.

Por questão de coerência, devemos explicar que o orientador e benemérito instrutor do amigo está sendo assessorado pela equipe que se denominou de “Grupo do Livro II”, o que deverá explicar as alterações do singular para o plural, nesta parte da escritura.

Ficaremos muitíssimo agradecidos se continuarem os amigos interessados nestes apontamentos.

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