É por essa tarde que passei por ti,
Assombração algoz ou doce visão...
Não mais vivo, esquivo-me, padeço,
Conjuro-te no sonho de cetim e renda,
Tropeço no altar de tuas promessas....
Adejo, pairo no ar do amor em solfejos,
Não desisto, arranco-te uns arpejos
Das cordas imaginárias do Infinito...
Não quero Chopin, Mozart ou Beethoven...
Preciso compor, soletrar as notas célicas,
Reuni-las na pauta da incauta entrega
Que me apraz, e que faz teu universo vibrar...
E, se por ventura as liras-quimeras silenciarem
Os hinos que hei de lhe entoar no rogo,
Faça então de minha essência teu resguardo,
Dos bálsamos o mais doce néctar do existir...
E queime meu corpo no teu fogo.
© Jean-Pierre Barakat, 23.10.2000
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