A POLÍTICA DO ESTADO DEMOCRATA ELITISTA*
Muito tem-se falado sobre política; mas o que realmente vem a ser política? Qual a sua função na sociedade?
Numa análise mais etimológica da palavra – política – veremos que esta deriva-se de ‘polis’, que era a cidade-estado grega. Sendo, política, a arte de governar a cidade e regular as relações entre as pessoas na sociedade. Na polis, a política surge aliada à democracia, ou seja, o poder político estava na mão do povo, que decidiam o destino da polis.
Data da revolução Francesa (1978), inspirada nos pensamentos iluministas, a retomada do “modelo grego” de política democrática – “livre, igualitária e justa”. A revolução que foi o marco da passagem da Idade Média para o mundo moderno, se deu sob o lema – liberdade, igualdade e fraternidade. Foi o rompimento por completo das idéias e políticas medievais, a fim de se estabelecer um governo, teoricamente, mais justo e que permitisse o acesso ao poder às pessoas de todas as classes sociais.
Embora os ideais revolucionários de 1789 fossem baseados, principalmente, no estabelecimento da igualdade e justiça entre as classes, a realidade se deu de outra forma. A classe burguesa, após mobilizar as massas proletariadas, que também desejavam a mudança para um governo mais justo, conseguiu unir forças suficientes para estabelecer uma revolução. Após dada a revolução, a burguesia estava de posse do poder e defendia com toda veemência os seus interesses, em detrimento da classe proletariada, que não obteve muito benefício da revolução, pelo contrário, tornou-se mais explorada. Igualdade, liberdade e fraternidade eram direitos que apenas os detentores do capital e do poder podiam usufruir.
E assim se dá em nossos dias, a saber, o nosso sistema político visa apenas os interesses da classe dominante. O estado é a expressão dos interesses de uma certa elite. Será, então, essa a função da política em nossa sociedade? Uma política que visa a proteção da propriedade privada e meios de produção, em detrimento da grande massa desfavorecida?
Ao que se vê, o modelo democrático, participativo e igualitário da antiga política grega, jamais foi retomado. Na verdade, o que existe e sempre existiu, é uma máscara de democracia e justiça, que esconde a dominação que uma elite burguesa impõe sobre uma tola e inconsciente massa popular. É interessante aqui relembrarmos, as sábias e realistas palavras de Rousseau, quando referia-se à esse tipo de estado e sua desumana dominação:
“Toda nossa sabedoria consiste em preconceitos servis; todos os nossos usos são apenas sujeição, coação e constrangimento. O homem nasce, vive e morre na escravidão: ao nascer cosem no numa malha, na sua morte pregam-no num caixão: enquanto tem figura humana é encadeado pelas nossas instituições.”
É desoladora a condição, a que nós, a maioria, somos submetidos. Que democracia é esta onde os interesses da minoria sobressaem-se ao da maioria? Isso só se explica de uma única maneira: a classe dominada não tem consciência da dominação, não tem consciência que o estado democrata não passa de uma mentira. A ocultação ideológica não permite que vejam o injusto e antidemocrático sistema político.
Não há e nem haverá uma justa democracia, sem antes, uma conscientização e atitude das massas. É necessário que se faça, como dizia Marx, um movimento da maioria, em proveito da imensa maioria. Ou seja, unir forças para abolir e subjugar essa política elitista, da qual somos vítimas.
*Rodrigo Nogueira da Silva, acadêmico do 3º Semestre de Letras da UNEMAT - Pontes e Lacerda-MT.
Referências Bibliográficas:
COTRIM, Gilberto. História e consciência do mundo, 2: da Idade Moderna ao mundo atual: 1º Grau.
8. ed. São Paulo: Moderna, 1996.
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia. 1. ed. São Paulo: Moderna,
1. ed. São Paulo: Moderna, 1986.
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