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Cartas-->O MUNDO MÁGICO DA TROVA - No. 01 -- 02/06/2001 - 21:14 (J. B. Xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Este é o primeiro número de O "Mundo Mágico da Trova" que, esperamos,se multiplique em muitos outros.
A Usina, infelizmente,não contempla este gênero literário, mesmo sendo ele belíssimo e completamente estruturado por um órgão central - A União Brasileira dos Trovadores, UBT.

Fazer trovas com qualidade é coisa difícil, tanto que todo trovador é poeta, mas são poucos os poetas trovadores.

Falar sobre Trova também é coisa séria – e nada fácil - afinal, este é um gênero de poesia que existe há pelo menos oitocentos anos! Fui então me socorrer com os especialistas do gênero.
Assim, desejo agradecer desde já à União Brasileira de Trovadores – UBT – Seção São Paulo, na pessoa de sua Presidenta a trovadora Sra. Domitilla Borges Beltrame, e ao mestre trovador, Sr. Izo Goldman.
À primeira devo o apoio junto a UBT Central, que deverá nos municiar constantemente de assuntos interessantes, e ao segundo, comentários interessantíssimos e curiosidades a respeito deste imortal gênero de poesia.
Pensando nos antigos menestréis e jograis itinerantes da Idade Média, ocorreu-me o quanto deveriam se sentir cansados, com os dias, ou mesmo semanas de duras jornadas até o próximo castelo que se dispusesse a ouvir seus versos.
Fechei os olhos e vi delinear-se em minha imaginação um grupo deles, sentado à beira de uma estrada, à sombra de uma grande árvore folhuda, dedilhando seus alaúdes e compondo os versos que seriam exibidos aos reis e potentados.
Quantos desses saraus não viram os camponeses, encantados com as eloqüentes histórias de paixões que esses homens cantavam com a tristeza infinita dos amantes saudosos ou com a ansiedade dos reencontros de amor?
Por um momento, fiquei imaginando quantos desses recantos de trovadores, onde os cansados poetas faziam aguada, não teriam ficado famosos com os proeminentes nomes que sob a árvore sentaram cantando canções celestiais.
Os séculos foram se escoando, e muitos desses recantos provavelmente transformaram-se em estalagens, depois em vilas e lindas cidades.
Com a passagem do tempo os trovadores viram suas criações poéticas viajarem à sua frente, no milagre das letras impressas, que Gutemberg tornara possível.
Então, imagino, os encontros dos poetas nos recantos dos trovadores, começou a rarear, porque já não mais era necessário a declamação do autor. O leitor assumiu esse papel. E aos poucos as velhas árvores folhudas foram caindo no esquecimento e voltando a ser apenas uma sombra amiga à beira do caminho.
Mas, numa era que ainda estava por vir, quase um milênio mais tarde, os trovadores de novo puseram-se na estrada com suas poesias no alforge. Eles já não circulariam por poeirentas estradas, mas por infovias eletrônicas...nem levariam semanas para chegar ao seu destino, pois em não mais que segundos, os novos trovadores estariam onde desejassem estar.
Os pequenos grupos de troveiros, que rabiscavam seus versos em toscas folhas de papel grosseiro feito à mão, se transformaram em milhões de poetas que, solitariamente, e às vezes com o espírito cansado, viajam instantaneamente pelo mundo cibernético chegando a qualquer pessoa em qualquer lugar.
Voltou então a fazer falta a velha árvore folhuda, cuja sombra, à beira dessas avenidas eletrônicas, novamente congracem esses novos andarilhos e recuperem suas forças da extenuante jornada.
É precisamente essa árvore que esta coluna pretende ser! O Recanto do Trovador: um local especialmente projetado para restituir-lhes o prazer do convívio!
Como o camponês deslumbrado, procurarei providenciar todos os confortos ao que decidirem se assentar à sombra de nossa coluna e nos brindar com seus inspirados versos.
Não deixaremos faltar a água fresca das informações precisas, nem o bom vinho da acolhida calorosa. Com o tempo, quem sabe, não possa essa encruzIhada das trovas se transformar em uma grande estalagem que seja referência de parada obrigatória para todos os troveiros que, ansiosos ou sedentos de amigos, aqui repousem de suas frenéticas viagens.

DEFININDO TROVA
Vamos definir o que seja uma trova...Não! Pensando melhor, vamos deixar isso para nossa próxima conversa.
Vamos sim, é “ouvir” algumas trovas de alguns poetas que já mandaram avisar que visitarão com freqüência nosso Mundo Mágico da Trova.
Eu nem poderia começar de outra maneira que não fosse a poesia de Domitilla Borges Beltrame. Seu livro “Trovas, Gotas de Ternura”, é a mais pura expressão do lirismo aliado à uma rara sensibilidade. Ao prefaciar seu livro, Cláudio de Cápua diz que Domitilla “continua usando com o brilhantismo de sempre essa linguagem de comunicação maravilhosa que é a trova.”
No mesmo prefácio, Cápua apresenta o grande Adelmar Tavares, abrindo o livro de Domitilla com sua magnífica definição do gênero:

Oh! Linda trova perfeita
que nos dá tanto prazer,
tão linda depois de feita,
tão difícil de fazer!

Fiquem agora com as gotas de ternura de

Domitilla Borges Beltrame

A favela, à luz da lua,
é um presépio em miniatura,
mas, ante o sol, triste e nua,
tem de um calvário a estatura!
***

Vestindo a noite de gala
O luar é um artesão;
Ele invade a minha sala,
Borda rendas no meu chão...
***

O meu amor não tem jeito
deste segredo guardar,
pois não cabendo no peito
vem no meu rosto aflorar!
***


Com sua luz prateada,
entre os pinheiros, a lua
atravessando a ramada
pinta arabescos na rua!...
***

De nosso adeus na janela
resta uma lágrima triste
no teu cravo na lapela
que, certamente, nem viste!
***

A ilusão em nossas vidas
- que engenheiro singular! -
vai construindo avenidas
para a saudade passar!...
***

Sua face envelhecida
oh! Mãe de tanto lutar...
Diz cada ruga, querida,
quanto sofreu por amar
***

A gente paga as histórias
de amor e felicidade,
assinando promissórias
de tristeza e de saudade!
***

Sobre a praia, com amor,
em noites de lua cheia,
o mar se faz trovador
e espalha versos na areia!...
***

Quando te vejo ao meu lado,
Não lamento o que sofri,
E bendigo até o pecado
Que ao te amar, eu cometi!...
***

Agradeço à Domitilla sua cintilante passagem pelo Mundo Mágido da Trova.
Correspondência à autora ou à UBT: escreva para:

j.b.xavier@uol.com.br
Domitilla Borges Beltrame

ou para

União Brasileira dos Trovadores – Seção São Paulo
R. Batista Capelos no.18 – Ap. 31 – cep 041109-120 – São Paulo - SP

Na próxima edição, teremos a visita de um mestre: Izo Goldman, poeta e trovador premiadíssimo.

Venham todos passar alguns momentos de puro prazer na companhia dos mestres da trova!
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