O tempo passado
vestido de preto
em luto futuro,
de espelho na mão,
tem imagem irreflexa
de triste expressão.
Na mão, enferrujada
chave não abre os dedos
que seguram os medos,
que escorrem na terra
alimentam a guerra
e mancham o chão.
A palavra, no lábio mudo,
não muda o mundo
na boca sem vogais
sem ditongos, nem mais:
só o sentido hermético
da vida na contramão.
Procura-se uma palavra:
uma só, exclusiva,
que traga esperança
de boa diretiva,
de fala com sentido,
de simples refrão.
E, se essa a Palavra,
a que planta e lavra,
que abra os dedos
destrave do lábio o cravelho
e se refletida no espelho
traga conforto, amplidão.
E, numa só unidade,
liberdade, igualdade e fraternidade.
Giulia Dummont |