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Erotico-->53. MAIS EXPLICAÇÕES -- 24/05/2003 - 10:25 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Enquanto dormia, Juvenal foi transportado em espírito para um encontro com os protetores espirituais. A iniciativa coube a Lutécia.; Pai Benedito, porém, fez questão de orientar os temas que seriam expostos durante o colóquio.

No princípio, o rapaz pensou que sonhava, que os seres com quem se deparava eram apenas representações de sua mente perturbada. Por isso, tomou uma atitude de alheamento pelo que podiam oferecer-lhe as entidades que se postavam em círculo, como se estivessem interessadas em extrair dele o porquê de haver procedido tão agressivamente.

De qualquer forma, como não demonstrassem que iriam arredar pé de sua intenção, assumiu a dianteira da conversação, perguntando:

— Quem são vocês?

— Você não me reconhece, meu irmão?

— Lutécia? Mas você morreu.

— E daí? Não acredita você na vida depois da morte?

— Acredito.

— Então?

— Então quer dizer que eu também morri?

— Ou que está sendo trazido, enquanto seu corpo repousa entorpecido pelos soníferos, para receber uma série de informações que lhe serão úteis para vencer as dificuldades atuais de seu relacionamento carnal.

— Deixe-me entender. Quer dizer que eu vou lembrar-me de tudo o que me disserem aqui depois que acordar?

— Vai lembrar-se de certo modo, pois nem todas as nossas comunicações podem ser traduzidas para seu atual campo de atuação mental. Mas você terá como que uma intuição de cada ensinamento que lhe vamos passar.

— Trata-se de um estudo teórico da doutrina espírita?

— Não. Tal estudo você tem meios de realizar nos livros de Kardec e de outros autores encarnados ou não, como, aliás, tem feito ultimamente. Vamos ensinar-lhe a reagir aos infortúnios que lhe advirão em conseqüência de seus atos contra as leis de Deus.

— Eu gostaria muito disso, porque não estou sendo capaz de coordenar os pensamentos da mesma forma que estou realizando neste estado de inconsciência corpórea. Não seria preferível que me trouxessem definitivamente para cá, aliviando-me a carga moral e retirando das pessoas que têm estima por mim o peso da necessidade de colocar-me em seu círculo social, o que deve causar-lhes sérios transtornos, além de uma ponderável vergonha?

— Poderíamos até fazê-lo, porque seu estado físico está debilitado, sendo possível induzir uma congestão sangüínea no cérebro, bastando que se sustem os sintomas de melhoria, forçando uma nova aplicação de drogas, sem controle médico. Mas existem dois empecilhos. Em primeiro lugar, você deve merecer uma oportunidade de regeneração ainda encarnado. Em segundo lugar, as pessoas a quem você se referiu devem comprovar que estão agindo consoante o aprendizado que efetuaram das virtudes e não apenas por força de um estímulo casual, passageiro.

— Ainda há pouco eu lhe pedi perdão por lhe haver tirado a vida. Vejo agora que este fato não a afetou. Ao contrário, sinto em você uma ascendência sobre mim em todos os sentidos. Devo concluir que sua vida deveria mesmo ter sido cortada no momento em que o fiz?

— Eu não cheguei a cumprir a missão que me foi confiada, ou seja, conduzi-lo a uma vida regrada pelas leis de Deus. Minha programação continha ainda outros tópicos muito importantes para meu progresso espiritual. Isto significa, como você há de entender, que terei de volver ao orbe terreno para dar seqüência ao planejamento que realizei sob a supervisão de meus maiores.

— Como você poderá, encarnando-se, ajudar-me a superar meus defeitos?

— Existe a hipótese plausível de me tornar sua filha ou filho, desde que você paute sua existência de forma a constituir família ou, ao menos, que me reconheça como rebento seu, caso estabeleça um círculo de relacionamentos de que se exclua a figura do casamento.

— Isto está escrito?

— Isto estamos escrevendo. Pode ou não ocorrer, como foi frustrada a programação de minha vida na qualidade de sua irmã.

— Quem são os demais espíritos?

Apresentou-se Benedito, declinando sua qualidade de mentor do grupo, fazendo as apresentações dos demais:

— Francisca é a sua fiel governante.

Juvenal não foi capaz de identificá-la, temeroso de alguma palavra que pudesse levá-lo a um transe de dor. Entretanto, Francisca simplesmente uniu ambas as mãos, inclinando a cabeça, como a saudá-lo fraternalmente. Nada disse, impedindo, por transmissão telepática de sentimentos, que o moço se repreendesse por haver desfeito a felicidade do lar do sobrinho Tiago.

Juvenal agradeceu-lhe a grandeza do coração, com duas lágrimas de profundo reconhecimento. Percebeu que estava sendo poupado de um sofrimento que suspeitava que iria ter de enfrentar mais tarde.

Natália foi a seguinte a ser apresentada. Diante dela, o jovem estremeceu. Que Lutécia agisse em consonância com antigos sentimentos, era compreensível. Mas a inocência de uma vida que se multiplicava parecia-lhe um crime monstruoso.

Se não fosse o amparo fluídico de Benedito, Juvenal teria despertado, tão forte foi o medo que sentiu.

Foi só depois que se recuperou do susto, que teve condição de ouvir a manifestação da entidade designada como Natália:

— O maior problema que estou enfrentando está em proporcionar a Tiago um conforto moral condizente com a justiça divina. Ele se encontra internado, sob a assistência de competentes técnicos em manutenção de estado vegetativo sob controlada consciência externa. Não sabe ainda quem nos atingiu mas já compreende que de nada adiantará perseguir o agressor. Se minha mediunidade me desembaraçou logo da letargia do momento da passagem para cá, a coragem com que enfrentava os problemas materiais e os sonhos de realização de uma vida dedicada aos seres queridos estão impedindo-o de caracterizar as vantagens de um aprendizado em condições aflitivas.

Juvenal logo imaginou que Benedito estava a ditar àquela que lhe aparecia como uma jovenzinha os dizeres que considerou de superior categoria. Mas logo recebeu um influxo de noções a respeito de o adiantamento do espírito não corresponder à idade cronológica com que deixou o plano físico. Para tanto, bastou a Benedito, que lhe dava sustentação energética, que lhe descerrasse a recordação de certas leituras.

Mas isso se deu em brevíssimos momentos, logo sendo trazida à cena outra personagem:

— Quero apresentar-lhe Marilu, que você só conheceu por ouvir falar e nas poucas fotografias que seu pai conservou da primeira esposa. Ela terá algumas informações preciosas para que você possa conduzir-se relativamente ao seu pai.

— Ele não está presente?

Foi Marilu quem respondeu:

— Não, meu bem, o Doutor Renato se encontra em estado crítico, após lhe serem revelados alguns pontos obscuros do passado, especialmente os que diziam respeito ao relacionamento entre vocês dois.

— Eu desconfiei de que nossas querelas eram antigas. Será que desses mesmos pontos eu poderei tomar conhecimento agora?

— Para o seu bem, não. É melhor que ele entenda primeiro a inteira extensão dos conflitos, para depois, se der tempo, lhe prestar assistência como a mais natural reação de quem se sente na necessidade de se reconciliar com os desafetos.

— Você falou em “estado crítico”. Quer dizer que ele está errando nas profundezas das trevas?

— Não lá onde existe o que Jesus chamou de “choro e ranger de dentes”. Mas, de certa forma, sua imersão, por causa de uma crise existencial, em problemas de personalidade de que não suspeitava, o levou a mergulhar em mui profunda depressão moral, verdadeiro abatimento de ânimo. Uma pessoa com muitos traumas a vencer mas com boa vontade para reconhecer em si mesmo alguma força, alguma virtude, alguma fé na misericórdia divina, consegue sopitar o afloramento do egoísmo, dando aos semelhantes uma oportunidade de auxiliá-lo em sua recuperação. Seu pai se acha incapacitado para a compreensão do fato de que a revelação de parte da verdade representa um passo à frente na caminhada evolutiva.

— O que se tem feito para ajudá-lo?

— O máximo que conseguimos é cercá-lo de vibrações boas, impedindo que seja atingido pelos maus sentimentos de seres em piores condições, ou seja, aqueles para quem nenhuma recomendação de superior moralidade surte efeito. Por outro lado, como foi atingido por várias entidades, quer no plano carnal, quer espirítico, não importando agora caracterizar o grau de culpabilidade de cada um, nem avaliar se têm atenuantes a considerar, ele também está sendo vigiado para não emitir irradiações maldosas, todas elas natimortas através de atenta reprodução dos males que praticou.

— Não existe um tratamento mais ameno?

— Pode acreditar, meu caro, que esta mesma orientação aplicada em seu caso, foi também exaustivamente utilizada em relação ao seu pai.

— Devo, então, temer que, no futuro, deverei imergir em minha consciência, impossibilitado moralmente de receber tantos ensinamentos como estes de agora?

— É para auxiliá-lo a ultrapassar os transes de consciência menos dolorosamente que o trouxemos para esta reunião.

— Querido mentor, Pai Benedito, qual será o conselho mais prático que o senhor poderá oferecer-me?

— Que foi que Jesus respondeu ao jovem rico que desejava segui-lo? Que se desfizesse de seus bens, distribuindo-os aos pobres. Dessa forma, se o tivesse feito, estaria em condições de compreender as lições que o Cristo estava ensinando. Não se esqueça, porém, de que Jesus concluiu afirmando ser mais fácil... Complete.

— Um camelo passar pelo fundo de uma agulha...

— Eis aí o seu maior mal. Você sempre nadou em ouro, que acabou significando uma prisão. De que adianta a gaiola ser de ouro, se o pássaro perde a liberdade e a alegria de viver, tornando seu canto triste, melancólico?

— O senhor está esperando de mim uma resposta imediata?

— Em absoluto. A resposta que desejo é a que você vai dar durante a jornada terrena, porque acredito que foi muito promissora sua iniciação no espiritismo. Não fosse a doutrina que Kardec codificou e você não teria tido escrúpulos em prosseguir na carreira criminosa. Não é verdade que havia uma programação não muito nítida quanto a eliminar sua mãe, seus outros irmãos e ainda seu tio?

Juvenal não esperava desmascaramento tão completo. Deixou-se arrear, sem ter o que oferecer em seu favor. Pensou em sair pela tangente, realizando alguma pergunta paralela, mas sentiu bem a tempo que qualquer intenção de tergiversar seria de imediato compreendida e posta a limpo.

Benedito complementou:

— Estamos percebendo que você está desejoso de superar as dificuldades. Pensou em inquirir-nos a respeito do que fazer relativamente aos outros desafetos, aqueles seres que você aniquilou seja pelas armas, seja pelos vícios. Também lhe passou pela mente a figura de Glorinha e todas as conseqüências para a sua vida do afeto que ela lhe demonstra. Quanto aos primeiros, eis no nosso ambiente três deles, completando o círculo que o recebeu. Como pode observar, estão acessíveis, sem mágoas e sem acusações. Ao contrário, estão condoídos com a perspectiva de você vir a sofrer algumas desditas no campo material. Quanto à sua namorada, nada melhor do que volver agora à companhia dela e retribuir carinhosamente toda a atenção e desvelo que está tendo por você.

— Antes de partir, gostaria de beijar as mãos de todos...

— Idealmente você já o fez. Se quiser expressar de maneira mais categórica sentimento de maior envergadura moral, acompanhe-nos em prece de agradecimento ao Senhor.

Ato contínuo, passou a dizer palavras que vibravam ao derredor, provocando irradiação de luzes coloridas, sem que fosse o moço capaz de decifrar-lhes o significado verbal. Mas compreendeu integralmente o alto sentido emotivo de quem se doa ao Pai, para oferecer corpo e alma pelo bem dos irmãos necessitados.

Acordou com a sensação de que estivera em convalescença de grave moléstia, reconhecendo a gravidade do momento, perfeitamente cônscio de que tivera uma recaída espiritual muito mais do que um recrudescimento da moléstia.

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