Um carro de boi rangendo pelo caminho,
em direção à cidade que um dia me acolheu,
seu canto triste na madrugada com carinho,
tem tudo que se assemelha ao canto meu.
Vai com seu lamento em forma de toada,
que o carreiro em seus versos enriqueceu,
é o canto triste da fria e longa madrugada,
que na corajosa labuta diária envelheceu.
Os verdes canaviais bailando ao vento,
na apreensiva tarde ao sol, no canteiro,
recordo meus sonhos procurando alento.
O carro de boi, no som do seu ranger lento,
mostra esta saudade escondida e derradeira,
que caminha e dança no meu pensamento. |