Era noite.
Um silêncio profundo
Era o que restava.
Meus pensamentos vagavam
Soltos, desconexos.
Tudo era confuso,
Sem sentido.
Estava só.
Não havia instantes,
Não havia antes,
Nem havia depois.
Não havia passos,
Não havia chão,
Não havia portas,
Somente o vazio
O medo, a solidão,
A negação.
De repente,
Um tênue raio de luz,
Um salto sobre o fosso,
Um elo entre o fim
E o recomeço.
Um elo que não fosse frágil,
Que realimentasse os sonhos,
Que afastasse o silêncio,
Que iluminasse os rostos,
Que abrisse sorrisos
Que prolongasse o tempo
Fez-se a luz, o verbo ecoou
E tudo se transformou.
Abriram-se janelas
Para o mundo que pulsava,
Para o coração que voltava
Novamente a bater
Em sintonia com a vida.
Eras tudo que precisava,
Assim me parecia
Ó tempo implacável,
Medida de todas coisas,
Finito e indiferente!
Tão de repente como surgiu,
Tênue e frágil,
Extingue-se a chama,
Retorna o silêncio
E me trazes de volta
Esta solidão.
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