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Artigos-->Coisas da vida...e da morte -- 10/06/2002 - 12:28 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A morte se aproxima montada num cavalo negro. Tem nas mãos uma espada afiada, com a qual vem ceifar as vidas. Sinto que agora o tempo é meu inimigo, porque ele multiplica minhas ansiedades, e cada minuto traz em si o germe da aflição de não saber se estarei vivo no próximo...



Poderia ser diferente se não existissem motivos suficientes pra não acreditar em mais nada nem em mais ninguém; todas as palavras soam-me vazias, tolas, insignificantes. Os sorrisos fáceis da turma que se reúne no bar, nas praças, nos espaços onde suas fantasias ou loucuras se gestam, parecem-me estéreis, falsos, sem qualquer lógica fundamentada na realidade. Esses que nos zombam com suas gargalhadas estão felizes por quê? Foram aprovados com louvor em sua tese de Mestrado? Ganharam um carro zero de presente por terem sido os melhores da turma? Reataram romances perdidos? Algum ente querido, antes moribundo, reencontrou saúde? Os pais que haviam se separado por ”incompatibilidade de gênios” resolveram voltar depois de anos distantes? São essas as causas de sua felicidade explícita?



Vida e morte em luta. Dor e alegria que se cruzam no tempo. Hoje uma colega de trabalho completou 50 anos. Muitos doces e salgados, parabéns, velas apagadas e fartura de beijos e abraços. Ontem eu soube que o Tim Lopes morreu sob um ritual do oriente. Foi traspassado por uma espada de samurai. Ele foi um dos milhares que perderam a vida violentamente; a diferença entre as mortes é que, nesse caso, tratava-se de um repórter da Globo e o episódio repercutiu mundo afora. Mas sei de homens e mulheres que morreram porque não tiveram a ajuda necessária quando foram buscá-la no hospital público do bairro. Ontem também a irmã de meu sogro, uma anciã de mais de setenta anos, tomada por uma crise violenta de asma, precisou ir com urgência a um posto médico fazer aerossol; não tinha médico. Fomos a outro hospital...não tinha médico. Numa terceira tentativa encontramos um posto de saúde onde havia um médico. Por sorte o encontramos, pois ele comentou com outros funcionário do posto que sua alergia aumentava e que já queria ir embora.



Como posso ser feliz sabendo que pessoas tão queridas morrem a cada dia por motivos tão fúteis? Talvez por uma concessão da Morte, a alergia daquele médico esperou um pouquinho, o tempo necessário pra que aquela anciã não entrasse num quadro grave de insuficiência respiratória e morresse num domingo à noite.



No aniversário de minha colega havia muita gente. Depois dos parabéns todos pegaram seus pratinhos. Como estava escrevendo esse texto, não tive interesse de ir pegar o meu. Alertado por um outro colega, sem muita pressa me dirigi à mesa. Havia um único prato, cheio de doces e salgados. Aí alguém disse: “salvo pelo gongo!”



Coisas da vida...

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