Derrame uma lágrima amigo
Nós somos o lixo que ronda
Sutis amantes pelas ruas
Então diga assim, sem medo
Perdido em nosso degredo
Quem nos desenhou tão tortos?
Culpe o governo, o sol perdido
Culpe sua ânsia de achar sentido
Nunca surge uma brecha em nós
Que derrame nosso vil pó, pó
Encontramo-nos insubmissos
Com nosso fardo inerente
Mastigue um arame, sem pressa
Jogue-se ao fogo, queime sem ver
Durma em pé de olhos abertos
Não mudará, por cruel que seja
O fim da indiferença dos homens
Nem o tempo irá presenciar...
Culpe o inverno, o céu caído, a chuva
Não, esses não são burocratas
Trancafiados em seus bunkers
Ou arquitetos de engenharia social
Anônimos, múltiplos, inumanos
O lixo ainda terá sua revanche
Derrame uma lágrima amigo
Nós somos o lixo que ronda
Sutis amantes pelas ruas
Mas não se esqueça de esquecer
Que nós somos o final da lista
O fim pode estar chegando...
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