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Erotico-->42. UMA CAMPANHA NO ETÉREO -- 10/05/2003 - 07:32 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Vamos deixar Juvenal entretido com os exames, para voltar a atenção para os do plano espiritual, intrigados todos com as extraordinárias providências tomadas pelo jovem.

Em reunião de todos os parentes, amigos e outras entidades do mesmo círculo, Pai Benedito teve ensejo de esclarecer alguns temas não de todo conhecidos da maioria. Ele o fez em longa e agitada sessão de perguntas e respostas, com observações paralelas, segundo o grau de acuidade espiritual de cada um.

Pai Benedito deu início ao colóquio:

— Eu sei que vários presentes ainda estão perguntando-se a respeito do porquê eu me haver manifestado mediunicamente, recomendando a Juvenal que cuidasse da saúde. Não sei até que ponto os médicos encarnados estarão aptos a penetrar nos distúrbios mentais daquela criatura.

Logo Renato se interpôs:

— Perdão, generoso amigo, mas não tenho seguido a evolução moral de meu filho, de sorte que, antes de mais nada, vai ser preciso que me digam o que ele fez de errado. Sim, o que fez, porque, desde a passagem de Francisca para o nosso lado, que foi quando tive acesso ao campo energético dos mortais, não notei, pelas poucas vezes que estive com ele, nada que não fosse o justo interesse em manter sob seu controle as riquezas que acumulei.

Lutécia, que ficara bem mais tempo ao lado do irmão e que estava a par das atividades criminosas dele, ficou muito tentada a responder. Um sinal de Marilu, entretanto, fez que ela se resguardasse, permitindo a Benedito redargüir:

— Não confunda, caro Renato, seus interesses com os dele. Você tem sofrido bastante com o fato de haver guardado tão avaramente o produto de anos a fio de exploração da má-fé humana. Não estou aqui para levantar os problemas seus, que têm sido objeto de amplos debates com seus colegas de turma, eles, sim, em condições de caracterizar seu desvio de personalidade, em função do próprio passado. O que você chama de “riqueza”, pode chamar perfeitamente de “pobreza”, porque fruto de uma acentuada avidez.

— Sinceramente, eu não pretendia confundir as coisas...

Benedito o interrompeu “ex abrupto”:

— Vou responder à sua interrogação e lhe peço que medite a respeito do que pode representar nesta esfera a argumentação retórica a que você estava habituado junto aos tribunais.

Renato enviou uma clara vibração de que entendera o recado, de sorte que Benedito pôde prosseguir calmamente:

— Vou levantar-lhes tão-só a ponta do véu, porque é preciso que todos lastimem que Juvenal tenha praticado atos bastante graves, sem, contudo, enviar-lhe vibrações que não sejam de carinhosa compreensão, já que existem atenuantes para seus crimes.

Francisca, que se recuperara quase completamente da perturbação do transe da morte e que deixara o filho Tadeu aos cuidados de grupo de socorristas, desejou externar pensamento de apoio aos presentes no sentido de facilitar-lhes atitude mental positiva:

— Meus amigos, antes que se demonstrem os defeitos de meu amiguinho terreno, convoco a todos para ligeira prece em favor dele, para que sinta que não está ao desamparo dos amigos da espiritualidade, apesar de cercado, como todos sabemos, por perseguidores implacáveis, que, para prejudicá-lo, estão agindo em todos os campos em que exercem influência.

Instantes depois de severo recolhimento, Benedito falou:

— Juvenal traficou e, para defender seu posto de venda de drogas, atentou contra a vida de adversários. Não o fez sozinho, mas teria feito, se fosse preciso. São essas criaturas a quem Francisca se referiu. Buscam vingança, atrasadas que são. Se fossem adiantadas, perdoariam. Vai restar na mente de cada um a questão da sobrecarga de inimizades desde outras existências. Não houve, naqueles crimes, nenhum vínculo antigo. São entreveros acidentais, como os que se dão entre soldados que se atacam no campo de batalha. Estavam ali na condição de assassinos em potencial. Ou de vítimas. Uns e outros sob o guante poderoso do destino que os uniu e que lhes permite utilizarem-se de seu livre-arbítrio, conforme o discernimento de cada um.

Renato, que emitia fortes vibrações em ondas de crescente inquietação, finalmente explodiu no meio de um pranto silencioso:

— Tenho a certeza de que fui o causador desse distúrbio de comportamento.

Desta feita, Lutécia não se conteve:

— Pai, esqueça um pouco sua preocupação consigo mesmo, por favor. Concentre-se nas circunstâncias que se conjugaram para o resultado. Se você não levar em conta que existe um passado para além da atual existência do meu irmão, poderá caracterizar-lhe a personalidade como fruto da escolha que você fez da mulher que nos deu à luz. No entanto, ela tomou iniciativas que provocaram reações sofridas em nós, seus filhos. Como todos nós, ela também tem seu passado e seu espectro espiritual reflete uma personalidade própria. Mesmo assim, não devemos atribuir totalmente o desvario de Juvenal ao abandono de Terê, porque, se assim fosse, seria legítimo esperar que eu tivesse a mesma reação.

Renato abraçou a filha comovido, acatando tacitamente a repreensão que sofrera. Entretanto, seus pensamentos revoluteavam intranqüilos, crente de que a verdade toda exigiria explicações complexas dos relacionamentos anteriores daquele grupo familiar. Por isso, sem disfarçar a ansiedade, inquiriu:

— Benedito, quais serão as revelações pungentes que você fará, caso levante, não a ponta do véu, mas ele todo?

— Decididamente, será necessário despertar-lhe a memória para os fatos que envolveram todas as personagens deste drama, particularmente aqueles que lhe exigiram atitudes mais ou menos extremas que hoje você não tomaria, mais reflexivo que está, já que começa a raciocinar sob o influxo da moral evangélica, conforme os estudos que vem desenvolvendo com seus amigos de turma.

Marilu, que dava sustentação energética para impedir que o marido perdesse o equilíbrio, acrescentou:

— Não se esqueça, querido, de que você não está totalmente refeito do desastre que o atingiu. Enquanto mantiver sua expectativa para descobrir o autor dos disparos que lhe tiraram a vida, irá continuar sob sedativos, uma vez que tal descoberta irá desencadear uma revolta fortíssima, exatamente pela razão levantada por Lutécia, qual seja, a de que seu egoísmo lhe promove exagerada consideração por si mesmo. Pense em Juvenal como um ser espiritual adulto.; não como um rapaz carente de cuidados. Aqui haverá de caber uma explicação a respeito da saúde do nosso paciente.

Benedito pegou a deixa no ar e complementou:

— Voltamos ao início da conversa. Juvenal está realizando exames para averiguar se as palavras que foram ditas por mim tinham sua razão de ser. A escolha dos médicos foi inteligente, de sorte que irão diagnosticar, com alguma precisão, que ele sofre de um desequilíbrio, digamos, físico-químico, de origem emocional, que lhe vem causando uma degenerescência crescente do sentimento de auto-estima, já que o sentimento relativo aos semelhantes se deteriorou concomitantemente com a perda afetiva.

Renato se apavorou com a intuição que teve, mas não deixou de perguntar:

— Ele está com idéias suicidas?

Benedito fechou o cenho, demonstrando claramente que entendia a gravidade do que ia dizer:

— Ele está com idéias de abandono completo do sentido da realidade. Ao mesmo tempo, está pressentindo a verdade contida na doutrina espírita, que lhe vem sendo revelada aos poucos, devido à turbulência de sua situação perante as forças coercitivas que o mantêm agrilhoado a um grupo de facínoras. Caso seus valores se mantenham na órbita da organização criminosa, tanto fará para o futuro de lutas dele no etéreo que se mate ou que sirva de coadjuvante naquela farsa de vida, que constitui a imoralidade mais sórdida dos que pregam o contrário da máxima cristã do amor e da solidariedade.

Renato insistiu no tópico da doença:

— Quer dizer que ele está sofrendo das faculdades mentais, uma espécie de neurose ou psicose, neurastenia, ou mesmo um tumor no cérebro?

Benedito esclareceu:

— A situação dele é ainda pior. Ele está sofrendo de esquizofrenia, estudo por fazer-se ainda através da ciência terrena, mas que nós sabemos que é o resultado...

Renato fez um gesto categórico, impedindo o guia de prosseguir, afirmando:

— Vamos apelar para os facultativos do etéreo, para que ajudem os médicos encarnados a entender o que se passa no íntimo de meu filho. Ao contrário do que me pede Lutécia, eu me sinto responsável e lutarei para amenizar o sofrimento de Juvenal.

Lutécia logo o apostrofou:

— Pai, você não vai poder fazer nada sozinho.

Renato retrucou:

— Não vou poder nem quero. Mas ninguém irá impedir-me de tentar, sob os auspícios de uma turma tão poderosa quanto esta que hoje se reuniu, ao que tudo indica, para me constituir em protetor de Juvenal. Estarei muito longe da verdade?

Foi Francisca quem encerrou a discussão:

— Graças a Deus, a sua atitude tem sido muito positiva. No entanto, como ficou bem claro, existem entidades desejosas de prejudicar o moço. Comecemos, pois, por ajudar aqueles infelizes, caso nos seja possível. Para tanto, vamos ter de estabelecer inúmeros contatos, para conhecer toda a extensão de suas mágoas e de seus problemas. Que Jesus nos ajude!

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