EM NOME DO AMOR
Valéria Tarelho
Em minha defesa, quero lhe dizer que tudo que fiz foi por amor.
Não justifica, eu sei, nem abranda sua dor, mas ao menos, explica.
Advogando em causa própria, clamo que se faça justiça e, que em nome do meu amor, você reconsidere...me conceda algum benefício, pondere...
Pese na balança o bem e o mal que já lhe causei. Não peço que me absolva, já que infringi a sua lei e mereço ser punida. Apenas não me julgue com rigor e, no cómputo da pena que me será destinada, aplique a mínima e dela subtraia os motivos atenuantes.
Não me condene, por favor, a nem um dia de reclusão, pois eu não suportaria viver ilhada, isolada de meu mundo: você! Adote uma outra medida, uma vez que não posso sair impune. Determine que eu repare meu erro com um pedido de perdão, uma retratação em praça pública, um desagravo diante daqueles que o estimam.
É o que estou fazendo agora, certa de sua clemência:
- Perdão, tenha paciência comigo! Não tencionava lhe ferir ao duvidar de sua palavra. Toma! Pega este meu amor, que tem seu peso em ouro, como ressarcimento pelos danos. E, se não bastar, faça de mim sua escrava.
Fui imprudente e, sinceramente, me arrependo. Sei que você foi sincero.
Por amor e, em nome dele, apelo: não me condene ao esquecimento!
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