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Artigos-->Capitalismo e autistas sociais -- 06/06/2002 - 14:04 (Clóvis Luz da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Creio não existir ofensa maior a uma pessoa do que chamá-la de alienada, como sinônimo de alguém totalmente desligado do mundo e dos fatos que marcam a vida dos homens. Um exemplo que poderia ser usado é o de uma senhorita que, no dia seguinte aos atentados ao WTC, tão logo viu alguém entrando na sala com um jornal pergunta: “tem encarte?!” O lógico seria que ela, tanto quanto as pessoas “antenadas” na realidade quisesse ler algo sobre o funesto episódio, e não saber quais as promoções das lojas de departamento...



Mas sei que a pessoa em questão não é alienada naquele sentido de não querer saber de nada que seja importante, nem é do tipo que diz: “odeio política”; mesmo porque já discutimos muito sobre os candidatos à presidência do Brasil.



Há um outro tipo de alienação, que rotulo de autismo social pela forma evidente e absurda como a ausência de contato com a realidade social, no sentido das atitudes políticas ou mesmo da reflexão metafísica, se manifesta. O autista no sentido psicológico é alguém fechado em seu próprio mundo, reagindo aos estímulos externos segundo uma lógica particular, muitas vezes se recusando a ter contato com o mundo em volta por não ter mecanismos eficazes de comunicação, em muitos dos casos havendo uma enorme habilidade mental para determinados campos do conhecimento e imensas debilidades para os demais, o que faz com que os interlocutores suspeitem de alienação mental ao invés de um comportamento ainda estranho para a ciência pela falta de segurança no seu diagnóstico.



No caso dos autistas sociais há alguns exemplos típicos que revelam como uma sociedade pode perverter tanto o senso de valor de um indivíduo que o leva a ser alguém totalmente ensimesmado, preso nos limites de seus interesses, todos relacionados umbilicalmente às estruturas imediatas e materiais da existência, sem qualquer reflexão madura a partir do afastamento dessas estruturas que possibilite ao indivíduo abstrair delas uma compreensão da realidade diferente daquela que impõe à maioria dos seres um estilo de vida mecânico, quase animalesco, preso às exigências do consumo irracional que caracteriza a satisfação instintiva dos prazeres do corpo em detrimento das necessidades do espírito.



Na sociedade moderna capitalista é possível alistar alguns exemplos de autismo social: a) os jovens japoneses que pululam nas praças das grandes cidades, vestidos de forma extravagante, os quais, mesmo sendo filhos de famílias ricas, não estudam, não trabalham, passando o dia nas ruas, ouvindo música, namorando e se drogando; b) Britney Spears, quando estava em Londres para uma apresentação, ao ser indagada sobre o que achava de Tony Blair, primeiro ministro britânico, per guntou com a maior naturalidade aos jornalistas: “quem é Tony Blair?!”.



Esses dois exemplos bastam para evidenciar como a sociedade capitalista conseguiu perverter as prioridades dos indivíduos. Aliás, conseguindo formar cada vez mais autistas sociais, pessoas por demais distantes de reflexões fundadas nos contrastes entre os homens exatamente porque não os percebem, o capitalismo moderno conseguiu formar uma classe sem consciência de si, servindo-se dela como massa de manobra para a perpetuação de seus valores sagrados, a essência de tudo que lhe é inerente e primordial: a alienação do espírito pela hegemonia do que é material. Será preciso libertá-lo pela denúncia de quão frágil é a base sobre que se funda e de quão infeliz é o homem que julga ser a abundância de bens aquilo no que consiste a vida humana.

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