Palavra de Gaúcho: Autor: Nadyr B. Sarmento: Martins Livreiro Editor: 1999: 125 pg.
Por: Maria do Socorro c. Xavier
Obra de puro lirismo telúrico e epopéia em versos de metrificação variada. Sua criatividade encanta todos os poemas, inclusive os sonetos e acrósticos. Absorve todas as tradições e valores de sua terra longínqua e sempre presente. Suas fantasias guardadas com júbilo canta os pampas com humor e regalo.
Os poemas assemelham-se a poesia oral, não obstante metáforas colocadas traduzem o universal dentro do regional. Entre lambaris e curupis de sua terra dadivosa, o gaúcho - tipo humano de têmpera indomável, ama com um saudável sentimento, enaltece e sente-se feliz com a solidez da família. Valores que espelha em poema neste bonito livro. É o sentir gaúcho em versos metrificados, com vívida sensibilidade.
Aí tudo foi registrado e relembrado: a contemplação das lembranças inolvidáveis da infància, das taperas, " de sua beleza, só a imagem restou/ Até as folhas das árvores tristes/ o tempo velho que o vento levou".
Utiliza em campo semàntico bem adequado - elementos do habitat gaúcho de antanho, em vários poemas. Assim campeia os pampas em fantásticas rondas de nevoeiros e antigos tropeiros.na costura dos tempos em fantasia alada sem amarguras, só a saudade do passado; o autor com gaudério, ressalta.
E assim vai pintando um quadro vivo e sensível da terra, os "pampas" gaúcho, sob um canto nostálgico de imagens bonitas. Faz viagens ao tempo da fazenda dos ancestrais e diz: "só resta o pampa deserto".
Eu diria, resta também para glória de sua gente, bons poetas da tessitura do Nadyr Sarmento, que atávica e teluricamente perpetua sua terra.