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Erotico-->40. SOB ORIENTAÇÃO MEDIÚNICA -- 08/05/2003 - 06:51 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Assim que terminou a sessão, tanto Elvira quanto Ricardo quiseram avaliar como estava sentindo-se Juvenal. Tranqüilizaram-se quando perceberam que estava cônscio do que lhe havia sucedido, não tendo noção, entretanto, de que poderia estar desenvolvendo sua mediunidade.

Foi Elvira quem o esclareceu:

— Você é perfeitamente capaz de incorporar algum espírito que deseje manifestar-se sem seu concurso consciente. Na verdade, você é médium sonâmbulo, o que era muito comum ao tempo de Kardec e se prestava para demonstrações públicas do poder do hipnotizador ou magnetizador, como eram chamadas então as pessoas que induziam os transes dos sensitivos.

— Como se dá a comunicação com a pessoa dormindo?

— Não dormindo, propriamente dito.; hipnotizada ou num estado letárgico que permite ouvir e responder sem refletir, automaticamente. Num consultório de psicanálise ou até de regressão de memória, muitas vezes os médicos utilizam tal recurso para que os pacientes voltem no tempo, adentrando o passado, chegando a investigar até vidas anteriores.

— Já vi isso acontecer em filmes e li algo a respeito.

— Pois eu acho, adiantou-se Ricardo, que você deveria estudar diretamente n’O Livro dos Médiuns, deixando de lado as apostilas que lhe demos e que servem para preparar as pessoas que desejam conhecer um pouco mais a respeito de mediunidade por demonstrarem certa tendência para receber as comunicações dos espíritos.

— Muito obrigado pelas orientações. Vou pensar seriamente no assunto. Eu gostaria mesmo é de levar a gravação da primeira mensagem, que me disse muita coisa.

Ricardo foi apanhar a fita, enquanto Elvira recolhia as folhas em que se registraram as mensagens escritas.

— Existe alguma que mereça ser lida para todos ou são de caráter pessoal?

Cruzaram-se as informações, todas no sentido de que não havia mensagem específica para ninguém do grupo.

Elvira pôs-se a ler uma a uma, quase todas reproduzindo algum aspecto dos textos lidos ao início da sessão.

Juvenal prestou muita atenção mas não caracterizou nada que pudesse envolvê-lo. Eram conselhos gerais de boa conduta e recomendações para que se agradecessem as dádivas do Senhor, principalmente quanto a se aproveitar a oportunidade de participar de uma reunião em que se evidencia o interesse das entidades do etéreo pela felicidade dos encarnados.

Ao entregar a fita, Ricardo solicitou:

— Faça uma ou duas cópias para nós, porque eu também achei que algumas palavras ditas pelos amigos da espiritualidade foram muito bem colocadas. Você talvez se surpreenda com a qualidade de outras manifestações, as que se deram enquanto você dormia.

Juvenal prometeu as cópias, rejeitando o convite de Ricardo de ir jantar numa cantina próxima. Aliás, vendo que o tio tendia a acompanhar o pessoal do centro, insistiu com ele para que fossem embora.

Uma vez no carro, combinaram que iriam para a casa de José, onde o rapaz pretendia filar a comida da tia.

Enquanto se dirigiam para lá, conversaram.

— Tio, eu fiquei impressionado com a primeira comunicação. O senhor não ficou?

— Achei meio incoerente. Não houve um tema, propriamente dito, mas diversos assuntos sem muita relação entre si.

— Não vou discutir esse aspecto. O que me ficou foi o fato de o espírito recomendar, de certo modo, que as pessoas fizessem exames médicos, afirmando que havia algumas que estavam começando a ficar doentes. Será que isso foi para mim?

— Talvez, sim.; talvez, não. Quem sabe?

— Para o senhor não foi?

— Com certeza, não. Depois que sua irmã morreu, eu fui fazer um exame completo, um verdadeiro “check-up”. Vários exames laboratorias de sangue, de fezes e de urina foram feitos, além do eletrocardiograma de rigor para a minha idade.

— E tomografia computadorizada da cabeça?

— Nem tomografia nem radiologia nem radioscopia.

— Então, fique sabendo que eu considerei a informação como dirigida a mim, principalmente porque a entidade disse que se referia a pessoas ainda não totalmente convencidas da verdade espírita. Pois bem, ali só nós dois estávamos nessa condição.

— Eu não concordo, meu caro. Eu acho que até os médiuns não têm total convicção de que estão servindo de intermediários entre os espíritos e os encarnados.

— Pelo menos, eles estão dando a impressão de que não têm dúvida, enquanto nós nem fomos admitidos junto à mesa.

— E que você pretende fazer a respeito?

— Pretendo levantar cedo amanhã e marcar uma consulta com um bom médico especializado no tratamento das doenças do cérebro.

— Qual a razão dessa preocupação?

— Nós já conversamos sobre isso. Eu acho que deveria condoer-me com a dor alheia e não ficar tão indiferente quando ocorrem perdas tão grandes como a morte de meu pai, de Lutécia, de Tiago, de Francisca e até dos cães com quem convivi por vários anos. Estou despachando os empregados e os colegas, sem nenhum remorso. Ao contrário, sinto até um certo prazer em me livrar deles. Tadeu, hoje à tarde, quando o despedi, parecia-me um verdadeiro estranho. Eu acho que preciso saber se existe alguma moléstia incubada na minha cabeça.

— Eu só vou fazer uma objeção ao que você disse. Você não deve procurar um especialista, mas um clínico geral. Ele é quem pode encaminhá-lo aos exames específicos. Havendo necessidade, ele indica a clínica especializada da confiança dele. Se você quiser, eu lhe dou o endereço do meu. Ele é excelente, apesar de bem caro.

— Por falar em “bem caro”, os cheques que estou dando são altos. Será que tenho fundos?

— Não se preocupe com dinheiro. Faça o que tem de fazer. Eu vou ficar torcendo para que você esteja totalmente enganado. Aliás, as suas mudanças recentes apontam para soluções até que razoáveis, dado que você não tem namorada. Acho que só falta isso.

— A Elvira disse a mesma coisa. O senhor ouviu a conversa?

— Para dizer a verdade, ela me contou e me pediu para sondá-lo a respeito. Desculpe-me.

— Tudo bem, tio. Eu concordo que preciso muito mais de companhia para me distrair do que para estudar. Esse também é um ponto que eu acho que o médico vai considerar perigoso para minha saúde mental.

— Talvez...

A conversa morreria naquela dubitativa. O jantar foi alegre na companhia dos primos mais novos, jovenzinhos ainda na puberdade, cheios de vida, perguntando curiosos sobre todas as coisas, o que acabou cansando Juvenal, incapaz de dar todas as respostas.

Já no apartamento, ouviu a fita, nada encontrando que o interessasse além da primeira mensagem, convencendo-se de que aquela tinha sido dirigida a ele. Mais que nunca ficou determinado a se consultar, excluindo, contudo, o nome fornecido por José.

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