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Contos-->DESTINO - XIII Parte: Sem Final Feliz -- 27/07/2003 - 09:42 (TATIANE VIEIRA FERREIRA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Letícia ainda tentava encontrar um caminho para seguir, sem Giovani, quando Maurício apareceu. Veio de mansinho, primeiro como seu amigo, enxugando suas lágrimas, tirando ela da solidão. Depois de algum tempo, Maurício ia vê-la todos os dias, Letícia sabia que ele gostava dela. Mas não achava justo enganar ninguém, então quando ele se declarou ela contou que amava Giovani, contou sua história, chorou. E disse que nunca mais iria amar alguém como tinha amado ele. Abriu seu coração. Maurício ouvia tudo calado, apenas a observava. Depois que ela enxugou as lágrimas, e o encarou, como se perguntasse "então"? Ele a abraçou e disse que se ela deixasse ele cuidaria dela, que não se importava dela amar outro, que o amor que sentia por ela valia pelos dois. Letícia deixou-se levar por aquela proteção e aquelas palavras que confortavam a dor que pesava em seu peito. Não começaram a namorar naquele dia, nem nos próximos. Maurício tentava beijá-la as vezes, mas Letícia ainda não estava preparada. Apenas deixava que ele ficasse por perto, a abraçasse. Saiam juntos, ficavam até altas horas da madrugada conversando e aos poucos Letícia passou a sentir que poderia gostar dele. No dia 12 de junho, Letícia acordou um pouco deprimida. Eram em ocasiões assim que sentia aquela dor no coração. Era quando lembrava que não tinha mais Giovani e que ele não a amava. No trabalho, Maurício sentiu a tristeza dela. Letícia foi embora sem se despedir de ninguém. Chegou em casa e começou uma faxina. Era uma maneira de colocar pra fora seus sentimentos, precisava se ocupar para não pensar. No meio da tarde bateram na porta, quando ela abriu, viu Maurício com um buquê de flores do campo imenso. Ela olhou sem entender nada, ele então disse que era pra ela não ficar triste por não ter ganhado nada no Dia dos Namorados. Letícia ficou encantada com aquele gesto, com a preocupação dele, com o cuidado que ele tinha em não deixá-la triste. Naquela noite trocaram o primeiro beijo. Letícia não sentiu as pernas tremerem, nem o coração disparar, mas sentiu um conforto, uma docilidade. Se sentiu protegida.
Passou um tempo e suas amigas de apartamento queriam se separar. Luciana iria embora para sua cidade e Carla queria voltar a morar sozinha no apartamento, pois seu namorado reclamava que não tinham mais privacidade. Letícia precisava urgentemente arrumar outro local para morar. Com seu salário não conseguiria pagar um sozinha, procurou em quartos de pensões, mas nada conseguiu. Nem cogitava a idéia de voltar a morar com os pais. Estava preocupada, o tempo passava e nada conseguia resolver. Certo dia, Maurício passou para buscá-la, disse que tinha uma surpresa, algo que queria lhe mostrar. Levou Letícia até um apartamento, um pouco maior do que aquele que ela morava. Com cozinha e quarto separados, e uma linda varanda. Letícia adorou o local, mas disse que não teria como pagar. Maurício então pegou sua mão e olhou dentro do seus olhos: "Lembra que eu disse que cuidaria de você? Então, eu vou te ajudar a pagar o aluguel." Letícia ficou espantada e sua primeira reação foi recusar, não queria que ele a sustentasse ou algo parecido. Maurício nem deixou que terminasse de falar, avisou que a amava e pretendia se casar com ela, que aquilo era só o começo, que cuidaria dela pra sempre, que nunca a deixaria. Letícia ficou ali parada olhando pra ele, e em volta. Sabia que era aceitar ou voltar a morar com os pais. Gostava de Maurício, de seu cuidado com ela. Mas não o amava, será que seria feliz? Pediu um tempo para pensar, e ele aceitou. Naquela tarde Letícia foi ao Parque e sentou-se debaixo de uma árvore. Ali colocou abertamente todas as suas possibilidades. Não amava Maurício, mas quem ela amava, não a queria mais. Não tinha mais ninguém, os pais estavam longe e como a mãe queria que voltasse para casa, disse que não a ajudaria em nada, e seu orgulho não permitiria que voltasse. Pensou, tentou de várias maneiras achar uma saída, mas nada conseguiu. Então lembrou-se das palavras de Maurício, casar? Que mal havia naquilo? Ela nunca o havia enganado, sabia que ela não o amava e mesmo assim queria ficar com ela. Era a única pessoa que poderia contar. Imaginou que com o tempo poderia aprender a amá-lo, que ele deveria ser um presente de Deus para compensar todo o seu sofrimento. Alguém que a amava sem pedir nada em troca, alguém que queria protegê-la. É poderia um dia amá-lo, acreditou. Decidiu então aceitar aquele presente qua a vida estava lhe oferecendo. Amor, carinho e proteção. Deixou-se levar pelos preparativos da mudança, Maurício decidia tudo. Alugou o apartamento, comprou geladeira, fogão. Arrumou a casa toda para ela. Letícia não precisava se preocupar com nada. Em julho foram comprar as alianças, comunicaram as famílias e ficaram noivos. Tudo acontecia muito rápido e não dava tempo de Letícia pensar, ela não sabia se estava feliz ou não, apenas aceitava aquilo que a vida oferecia.
Durante muito tempo Letícia se recusou a fazer amor com Maurício, sempre arranjava uma desculpa. Mas depois que ficaram noivos, não podia mais fugir. A primeira vez, Letícia estava meio que entorpecida, agia quase que mecanicamente. Quando acabou Maurício olhou pra ela e viu as lágrimas caindo pelo seu rosto. Enxugou uma a uma e a abraçou. Nada disse, ou perguntou. Letícia agradeceu intimamente, mais aquela compreensão. Não queria falar, sabia que a partir daquele momento sua vida tomara outro rumo. Era aquela sua realidade, Giovani não iria mais existir. Colocou o amor por ele mais no fundo do seu coração, escondeu dela mesma aquele sentimento. Agora pertencia a outra pessoa, alguém que a merecia, que a amava de verdade. Não queria pensar se estava feliz mesmo ou não, dizia a si mesma que tinha que estar.
Giovani fazia parte de seu passado, que amá-lo era errado. Às vezes o encontrava na rua, seu peito doía. Falaram-se algumas vezes, e ele até chegou a procurá-la, mas Letícia agora tinha medo. Não confiava mais nele, sabia que a qualquer momento ele a largaria lá sozinha de novo. Não podia decepcionar Maurício, foi ele quem a acolhera e protegra no momento mais difícil de sua vida. Tinha que esquecer Giovani de qualquer jeito, e foi isso que passou a fazer. Cada dia de sua vida foi dedicado a esquecer aquele amor, a enterrá-lo cada vez mais fundo. Toda vez que ele tentava florecer ela ia lá e o arrancava, lembrando a sim mesma como já tinha sofrido antes. Era melhor viver assim, sem amar, apenas sendo amada. Parou de ouvir o que o coração dizia, mandou que ele adormecesse. E assim continuou seus dias, sobrevivia sem o seu coração. Sem o seu amor.
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