INGRATIDÃO
Todas as grandes árvores que em minhas
Terras, num sonho esplêndido semeio,
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Eflorescem nas chácaras vizinhas
E vão dar frutos ao pomar alheio...
Raul de Leoni
Ingratidão, coisa banal e corriqueira,
Mal abundante, contundente, está no ar!
Presença eterna, infesta tudo, sem cessar,
E tem me acompanhado sempre, a vida inteira!
Paira sobre o meu sol, e a terra, e o céu, e o mar.
Como nos versos do poeta, de mira certeira,
A esperança destrói e é sempre a derradeira:
Tudo o que planto fruto dá noutro lugar!
O amor que imprimo em todas as coisas, em tudo,
Resvala no ventre invisível desse escudo,
E, se volta, é de pouca expressão, muito pouca.
O que dedico a ela confirma a teoria:
Os muitos beijos que lhe dou em poesia
São sempre os mesmos que ela dá em outra boca!
Adelay Bonolo
abril/2002
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