É sinal de rebeldia
Recusar nossa poesia,
Nesta hora combinada.
Pode ser que nossos versos
Sejam um pouco perversos,
Mas daí a serem nada...
Esquentado este motor,
Vamos a todo vapor
Navegar em mar aberto.
Vamos fugir da malícia
Que diz ser uma delícia
Ir pregar lá no deserto.
De fato, o que desejamos
É ver pender destes ramos
Pomos de felicidade.
Para tanto, é bem preciso
Que demonstremos juízo,
Indo em busca da verdade.
Se for isto treinamento,
Que se dirá do momento
Em que estes versos fluírem,
Demonstrando, claramente,
Que temos censo excelente
P ros temas se produzirem?!...
Se não tivermos sucesso,
Partiremos de regresso
P ro nosso lugar no etéreo,
Onde teremos motivos
P ra rever objetivos
E resolver o mistério.
Mas, se alcançarmos sucesso,
Ao voltarmos de regresso,
Teremos de cotejar
A poesia deste dia
Com aquela que seria
Sem erros, neste ditar.
Para nós, tudo é trabalho
Que não se põe de espantalho,
Pois a vida é mesmo assim.
Quem se julga mui cansado,
Reclamando do seu fado,
Não sabe o que é ruim.
Se estamos indo depressa,
O mentor pára com essa
Ebulição repentina.;
E logo chama a atenção,
Falando para que não
Continuemos a sina.
Se o barco vai devagar,
A singrar o doce mar
Dumas grossas ignorâncias,
O mentor já nos põe pressa
E o seu desejo se expressa,
Sem quaisquer extravagâncias.
Para que haja equilíbrio,
Nós fugimos do ludíbrio
Das ilusões passageiras:
A verdade fundamenta
O pensamento que atenta
Para as idéias primeiras.
Se nós tivermos juízo,
Ouviremos o aviso
Dos nossos mestres queridos,
Que buscam auxiliar
Este nosso navegar
Por mares desconhecidos.
Sentiremos o calor
Daquele profundo amor
Que os deixa tão exaltados.
Eis aí suas virtudes,
A moldar as atitudes
Destes que estão atrasados.
Falando bem francamente,
Como gosta este escrevente
Que nos apanha os ditados,
Será preciso estudar
E por todos trabalhar,
Para sermos exaltados.
Jesus pregou no deserto
Com a multidão bem perto,
Muito inculta e descontente.;
Mas o Mestre já sabia
Que de nada adiantaria
Dar-lhe tudo de presente.
Não revelou o mistério
Disto tudo que há no etéreo:
Deixou algo p ra mais tarde.
Algum apóstolo quis
Ali meter o nariz,
Mas Jesus lhe disse: — “Aguarde!”
Veio, então, o Espiritismo,
Para nos salvar do abismo
Das crenças tradicionais,
De seus cultos exteriores,
Que diziam superiores
Os que pagassem bem mais.
Se de graça recebemos,
É de graça que devemos
Redistribuir o bem.
Vamos salvar a noss’alma,
Mas não levemos a palma:
Nosso irmão é bom também.
Comedimento e doçura
Manterão noss’alma pura,
Prontinha p ra elevação.
Iremos agradecer
A Jesus seu bem-quer.;
Ao Senhor a criação.
Satisfeito o treinamento,
É já chegado o momento
De dizer adeus a todos.;
Se nem tudo foi perfeito,
Vai dar o escrevente jeito:
Brotam lírios nestes lodos.
Nem tudo foi divertido:
O trabalho tem saído
Co alguma dificuldade.
Sendo sérios os assuntos.
É bom que pensemos juntos,
P ra manter a qualidade.
Nesta hora derradeira,
É bom que o escrevente queira
Agradecer ao Senhor.
Vamos deixá-lo à vontade,
P ra expressar felicidade,
Carinho, esperança, amor.
Sendo assim, já vou saindo,
Nesta estrofe reunindo
As aspirações da turma:
— “Que todos sejam felizes
Ao cumprir as diretrizes.;
Que ninguém no ponto durma!”
Adeusinho, caro amigo,
Fique guardado no abrigo
Desse seu lar protetor,
Na companhia da esposa,
Que tem o frescor da rosa,
Nos puros sonhos de amor.
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