aleatório
não combinamos se haveria outro encontro
fiquei com a incerteza dos dias
lambendo-me a face
lanhando-me o dorso...
a espera: um dilema vil e dócil
apunhalando, soprando promessas
o tempo, composto de carícia e molestamento
como um vento incerto: diruptivo, benéfico
ora plácido, ora violento
taciturno e lépido
mantendo-me escrava, a seu contento
deixando, nas rugas das horas
fragmentos de perguntas sem respostas...
tem sido assim, há tempos
a cada novo encontro
- em que me perco -
regresso, braços dados com a incerteza
minha carrasca
sádica algoz
lambendo-me o rosto
lanhando-me as costas
deixando, na minha escrita, uma lacuna
rimas desnudas, inseguras
letras rubras tingindo páginas pálidas como esta...
se minha poesia hoje verseja a dúvida
e deseja essa tortura
é por ser a única certeza que me resta.
valéria tarelho
http://www.valeriatarelho.blogger.com.br
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