UMA BRILHANTE AURORA
J.B.Xavier
O que estará contido
Nessa lágrima que desce pelo teu rosto?
Que supremo desgosta a faz cair?
O que pode te manter
Olhando, assim, para o chão?
Lembra-te, entretanto,
Das alegrias,
De teus dias passados,
Das esperanças que trazias
No peito agoniado
Pela incontida felicidade...
Lembra-te dos ciclos eternos,
Dos quais somos todos prisioneiros...
Ora visitamos os infernos,
Ora os céus se nos abrem inteiros...
Mas, mesmo olhando para o chão,
Não vês a vida
Que se espraia aos teus pés?
Não vês o gigante que és
Para estas diminutas criaturas?
E diante da fragilidade delas,
O que são tuas agruras?
Se o sol se pôs em teu mundo,
Pensas, acaso, que não haverá outro amanhecer?
Acaso presumes
Que será eterno o teu sofrer?
Tal como foi o teu sorrir,
Tua tristeza
Também tem hora para partir...
Na dor contida nessa lágrima
Que desce pelo teu rosto,
Desce também um pouco de tua alma,
E do teu próprio ser...
Ergue os olhos nessa tua noite sombria,
Para que possas ver a luz distante
De tua nova e cintilante aurora
Brilhando na baía...
* * *
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