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Artigos-->MINHA PASSAGEM PELO CANADÁ Nancy Passi, bill bisset Yves -- 12/11/2023 - 21:11 (LUIZ CARLOS LESSA VINHOLES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

MINHA PASSAGEM PELO CANADÁ

Nancy Passy, bill bissett, Lloyd Stanford, Yves Bled, Marie Couturier

                                                                                                                                                                                                                                                                                                               L. C. Vinholes

20231112

Diferente do que aconteceu nas duas estadas no Japão que, somadas, totalizaram quatorze anos, durante as quais fiz contatos pessoais com músicos, poetas, artistas plásticos, associações e instituições privadas que me permitiram criar uma verdadeira rede de parceiros e colaboradores que até o presente está em vigor, mostrando sua importância e efetividade para o estreitamento dos laços culturais e artísticos entre os antípodas de nosso mundo. Apenas como um exemplo, a divulgação de poesia japonesa em publicações no Brasil e em exposições patrocinadas por instituições brasileiras. Cito também o projeto que trata da antologia bilíngue com a tradução de poemas de poetas japoneses da segunda metade do século XX que deverá ser lançada em breve.

No caso do Canadá, talvez por desconhecimento ou falta de habilidade, minha estratégia para aproximação dos poetas canadenses, não surtiu os resultados esperados, embora com exceções. Valendo-me de fontes credenciadas e seguras, passei a selecionar poemas de autores que começavam a aparecer nos jornais e, em especial, nas páginas da respeitada revista Canadian Forum. Traduzia poemas, preparava texto bilíngue datilografado e enviava para os poetas, a maior parte das vezes aos cuidados dos jornais ou da revista onde o original fora publicado. Só tive resposta da poeta Nancy Passy e do grande e controvesso poeta e bill bisset (assim mesmo, com minúsculas).

 

Nancy Passi e bill bisset

De Nancy Passy, com os poemas publicados pelo Ottawa Journal, preparei dez exemplares de uma edição artesanal bilíngue intitulada Bosquejos dos Quatro Ventos, ilustrada com quatro simples desenhos de ramos de plantas criados pela poeta, cada um simbolizando uma estação do ano. Com ela dividi as cópias da modesta, mas significativa publicação.

Com bill bisset tive apenas um rápido e não programado encontro na calçada em frente ao Hotel Château Laurier. Dele não só cheguei a merecer autorização para usar versos do poema “suk a ...”, para ser letra de minha peça Tempo-Espaço XIV, de julho de 1978, para voz e partitura de leitura para dez leitores, mas dele recebia publicações e postais com dedicatórias, cartazes anunciando as reuniões de leitura e tendo meu nome inserido na seleta lista dos que recebiam informações sobre os eventos de leitura. Tempo-Espaço XIV está citada e comentada no livro Música Informal Brasileira, de Paulo Celso Moura, da Editora UNESP (2016). Meus contatos com bill, entre 2012 e 2023, chamaram a atenção da professora Odile Cisneros, da Universidade de Alberta, que pesquizando nossa relação considerou-a ser “something very unique to have happened so many decades ago.[i]”.

Para não perder o trabalho realizado e desejando compartilha as traduções dos  poetas canadenses com evetuais interessados, decidi publica-las no site onde poderão ser lidos os poemas O Escultor[ii] e In memoriam,[iii] de Susan Musgrave, História para o vencido[iv], de Linda Sandler, Franklin/Nevasca do amanhecer[v], de Hans Johnsen, e Ovais[vi], de Craig Campbell.

Lembrando o provérbio chinês de que a folha de papel sempre tem dois lados, o verso e o reverso, é indispensável registrar que no Canadá tive também enorme satisfação em poder divulgar gravuras e pinturas de artistas brasileiros dos quais muitas obras foram adquiridas por canadenses frequentadores das exposições realizadas com apoio de instituições oficiais, dentre as quais destaco a Biblioteca Nacional do Canadá e o Simard Hall da Universidade de Ottawa que se responsabilizavam pela confecção dos convites e do material de divulgação. Nestas duas instituições fui curador das exposições de poesia concreta brasileira (1983)[vii] de mapas de Mapas do Brasil Colonial, dos séculos XVI, XVII e XVIII (1988),[viii] e das obras de Jorge Amado e Osman Lins (1985) na Biblioteca Morisset, da Universidade de Toronto, no original e nas traduções até então conhecidas, reunidas com a colaboração das embaixadas do Brasil. De  parceria com o Serviço de Relações Pública e Comunitária da Universidade de Toronto, nos meses de maio/junho de 1986, foi montada na Biblioiteca Robarts a exposição Oito Mulheres Gravadoras do Brasil.

Registro ainda a exposição individual de gravuras de Leda Watson,all, da HHHh  Registro tambR

 em Toronto e em Ottawa, respectivamente em março e agosto de 1988, que, pelo período de dois anos, se tornou exposição itinerante a partir do segundo semestre de 1989; assim como a mostra de Carlos Martins, de junho de 1988 a outubro de 1989, que percorreu o leste canadense, cumprindo um programa de oito mostras. Estas exposições tiveram a parceria, o apoio e a coordenação da diretora do Escritório do Programa Internacional do Ministério das Comunicações do Canadá, senhora Marie Couturier.

 

A Universidade de Ottawa e a Universidade Carleton

            Na capital do Canadá, o relacionamento do Setor Cultural da Embaixada do Brasil com a Universidade de Ottawa e com a Universidade Carleton era o melhor que se podia esperar, haja vista o entendimento com o responsável pelo Departamento de Educação Continuada, da primeira, e a parceria com o locutor dos programas da Rádio CKCU-FM, da segunda.

 

Ives Bled e Lloyd Stanford

               Do professor Yves Bled, responsável pelo atendimento da Educação Continuada de todo o corpo discente da Universidade de Ottawa, é a carta de 29 de novembro de 1983 na qual ele não só comenta os resultados positivos da exposição de poesia concreta brasileira e da conferência do professor Claus Clüver, mas também reconhece e aplaude o desempenho do Brasil, como líder regional da América Latina, digno de ser parceiro do Canadá. Vejamos o que diz a carta do professor Bled da qual enviou cópia à professora cubana Marta Martines, responsável pelo setor de língua espanhola.

                                    Sr. L. C. Adido Cultural Vinholes

Embaixada do Brasil, Rua Albert, 255, Suíte 900, OTTAWA, ON

a/s: Brasil poesia concreta

Prezado Senhor Vinholes

“Gostaria de agradecer sinceramente pela contribuição que você tem dado à cultura brasileira e à comunidade acadêmica de Ottawa por meio do programa de exposições e conferências, que tão brilhantemente destacou o lugar do Brasil no vasto campo da poesia concreta. O trabalho de sensibilização que realizamos nos dois campi universitários de Ottawa foi, podemos dizer sem hesitação, um sucesso. A importância de três locais diferentes em nosso campus gerou um grande público em nosso campus, como evidenciado pela diversidade de participantes na conferência do professor Clüver. Como indiquei então na minha carta de 23 de novembro ao nosso colega, professor Clüver, não é comum que por ocasião de uma conferência na Universidade se possa notar tamanha diversidade na participação de professores e estudantes provenientes de departamentos como o de Filosofia, Literatura, História, Línguas e Literatura Moderna, Belas Artes, Música, Estudos Clássicos, Comunicação, Informática e ainda colegas dos setores de línguas portuguesa, espanhola e alemã.

O esforço feito com o pouco dinheiro que temos deveria ser uma fonte de alento para o futuro, onde há tanto a fazer para promover as relações culturais entre o nossos país e a América Latina, onde o Brasil figura com tanto destaque, não só no presente, mas para o futuro. Em consulta com os meus colegas de outros departamentos e em particular no sector da língua e literatura modernas, somos encorajados, mais do que nunca, a renovar todas as oportunidades para destacar na nossa Universidade o património cultural dinâmico que o seu país representa.

Permaneço, Atenciosamente, Yves (assinado)

Na Universidade Carleton meus contados eram quase que exclusivamente com o professor Lloyd Stanford (1933-2023), parceiro que se tornou um amigo à medida em que o tempo passava e enriquecia a série de programas que produzíamos para a rádio universitária CKCU-FM, do qual foi apresentador desde 1980.

 Lloyd tinha um grande apreço pelas artes plásticas, pelo teatro, literatura e música, e, desde 2020, o prêmio que tem seu nome contempla “estudantes de graduação excepcionais de todo o mundo que estão cursando Literatura, Estudos Dramáticos ou Escrita Criativa”. Natural da Jamaica, era no Canadá, o contato para a Associação de Ex-alunos da Universidade das Índias Ocidentais. Formado por esta universidade em Londres, fez mestrado em Administração Pública pela Universidade de Carleton e doutorado em Ciência Política pela Universidade Queen's, no Canadá. Nas poucas vezes que visitei Ottawa depois que deixei o Canadá no final de 1989, nunca faltei de estar com Lloyd e sua atenciosa e gentil esposa Anita e com ele caminhar e conversar demoradamente pelas ruas arborizadas da região onde morava em Amberley Place, em Ottawa.

A apreciação da parceria entre o Setor Cultural da embaixada do Brasil em Ottawa e a Universidade Carleton está registrada no artigo Adido Cultural do Brasil diz “au revoir”, da seção Diga que você viu no Spectrum, do jornal Spectrum, de 15 de novembro de 1989, onde, na leitura, não deve ser levado em consideração o exagero presente na redação do texto, aparentemente apócrifo:

                                    Luiz Carlos Vinholes, o querido, talentoso, cosmopolita, altamente culto, muito modesto, mas extremamente eficaz, Adido Cultural da Embaixada do Brasil, partiu de  Ottawa para Toronto a caminho do Brasil no final da noite de 19 de outubro, após o último concerto que ajudou a organizar aqui.

O Sr. Vinholes, que estava no Canadá desde 1982[ix], era conhecido e muito admirado nos centros culturais e artísticos. Ele organizou ou ajudou na organização de concertos e exposições inumeráveis durante seu mandato de sete anos[x], incluindo a exposição em janeiro de capas de discos do Caribe e da América Latina.

Compositor de música aleatória, membro do “Hall of Fame” japonês para poesia concreta, tradutor de poesia canadense e de outras poesias para o português, o Sr. Vinholes é membro do Third World Players[xi] desde 1982. Fez leituras magníficas para daquele grupo de teatro no rádio e no palco e produziu para eles o primeiro da série de retratos literários que veicularam na CKCU-FM: “Um Mosaico Literário do Brasil”.

Neste último concerto, oportunamente organizado pelo Departamento de Música da Universidade de Ottawa em colaboração com a Embaixada do Brasil, fomos brindados com a sua famosa leitura em português (acompanhada pela leitura de Lloyd Stanford da tradução inglesa numa espécie de “dueto”) de “Os Cavalos da Inconfidência” de Cecília Meireles - um grande poema sobre a fundação do Brasil.

Após esse “canto do cisne” que surgiu na edição da primeira metade do programa de Martin Foster (violino) e Eugen Plawutsky (piano) dedicado às obras dos compositores brasileiros, ele foi presenteado com momentos do Terceiro Mundo, incluindo a antologia de Cyril Dabydeen, A Shapely Fire[xii], pelo presidente Lloyd Stanford e no final do concerto Douglas Voice, chefe do Departamento de Música da Universidade de Ottawa, falou comoventemente sobre sua contribuição para a vida cultural de Ottawa e também lhe entregou um presente.

Sentiremos muita falta do Sr. Vinholes por sua criatividade, alegre desenvoltura e eficiência, e, acima de tudo, suas maravilhosas leituras.

.Os anos passaram, muitas vozes se calaram, as distâncias aumentaram, mas as lembranças e as saudades são a ponte que continua e nos aproximar de tudo de todos.

 

 

[i] “algo único que aconteceu há tantas décadas”.

[ii] Na data da redação deste artigo, O Escultor contava com 382 acessos.

[iii] Na data da redação deste artigo, In memoriam contava com 379 acessos.

[iv] Na data da redação deste artigo, História para o vencido contava com 361 acessos.

[v] Na data da redação deste artigo, Franklin/Nevasca do amanhecer cotava com 42 acessos.

[vi] Na data da redação deste artigo, Ovais contava com 374 acessos.

[vii] Exposição realizada com material por mim cedido e com o disponibilizado pelos poetas participantes.

[viii] Exposição realizada com material de minha coleção particular, hoje pertencente ao acervo do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, da Universidade Federal de Pelotas.

[ix] Na realidade, estava no Canadá desde 18 de agosto de 1977.

[x] Na realidade foram doze anos,

[xi] Atores do Terceiro Mundo, programa da emissora CKCU-FM da Universidade Carleton, de Ottawa, apresentado todas as quintas-feiras, visando “ aumentar a consciência dos canadenses com origens no Terceiro Mundo”..

[xii] Um fogo bem torneado.

Comentarios

Maria do Carmo Maciel Di Primio  - 13/11/2023

Sempre um prazer ler os seus textos professor e amigo Vinholes !! Vivências culturais magníficas !
Sou muito grata por suas aulas de japonês, em Brasília, antes de partirmos para Kyoto. Ainda tenho o caderno de anotações !!
Saudações !!!

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