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Erotico-->30. A SITUAÇÃO DE TADEU -- 28/04/2003 - 16:36 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Foi Macedo quem tomou a iniciativa das explicações a José:

— Eu sei, doutor, que precisaria de um mandado de busca para apreender a arma e as cápsulas. Eu vou deixar a seu critério entregar-me os objetos, prometendo-lhe que, antes de tomar qualquer providência que implique na detenção de seu empregado, eu lhe comunico o resultado da perícia.

— Eu lhe peço, detetive, que leve em conta que o moço exerce a vigilância da propriedade e que, para isso, precisa da arma para se defender. O senhor já pensou se o cão não fosse abatido? O próprio tratador poderia ter sido atacado. Por outro lado, não se esqueça de que ele perdeu o irmão e a cunhada há menos de duas semanas.

Macedo abriu o lenço com os cartuchos e ponderou:

— Estes foram detonados por arma de repetição. Nesta altura, eu permiti que os soldados procurassem por ela no quarto dos fundos.

José não se deixou impressionar e argüiu o investigador:

— Se o moço fosse um criminoso, por que razão guardaria algo que poderia prejudicá-lo? Eu não conversei com ele a respeito, mas tenho a intuição de que esses cartuchos ele achou no local em que atiraram no irmão.

— Somente se ele tivesse chegado antes de nós. Normalmente, todas as provas de um crime são cuidadosamente recolhidas pelos policiais que atendem à ocorrência.

— Eu não o acusaria por provas tão circunstanciais.

— Nem eu estou afirmando coisa alguma, doutor. Desculpe-me, mas o senhor sabe com que critério nós agimos. Se o senhor nos entregar o que lhe pedi, será a perícia quem irá definir se se configura algo sobre que possamos levantar suspeitas bem fundamentadas.

Naquele momento, entrou na sala o miliciano responsável pela averiguação no local designado pelo investigador. Vinha com documentos na mão. Aguardou que Macedo o interrogasse.

— Achou alguma coisa, soldado?

— Positivo, doutor. Achei este certificado de habilitação, em nome do rapaz, para exercer vigilância particular. Também encontrei esta licença vencida para portar arma. O número da arma está rasurado, como o senhor pode constatar.

— E quanto a outras armas?

— Negativo. Não achamos mais nada.

— Deixe tudo comigo e vá dispersar o povo.

— Enquanto não vierem buscar os corpos, vai ser difícil afastar os curiosos.

— Quantos guardas já chegaram?

— Quatro viaturas, senhor.

— Está dispensado.

O jovem soldado bateu continência e saiu.

Macedo examinou cuidadosamente os documentos e passou-os a José, afiançando-lhe:

— Estes papéis são frios. Trata-se de uma falsificação muito mal feita. Que é que o doutor acha?

— Posso fazer uma suposição?

— Com certeza.

— Veja as datas. São do tempo do meu irmão. Eu acho (sobre isto não posso ter certeza) que ele conseguiu esses papéis com algum meliante que defendeu na qualidade de causídico. Nos últimos tempos, como é de seu conhecimento, ele lidou com muitos bandidos, tendo livrado vários da cadeia ou de penas mais longas. Quanto a isto, tanto no que se refere aos cartuchos, é preciso ouvir o que Tadeu tem a dizer. Quiçá Juvenal saiba algo mais.

Ia Macedo responder quando foram interrompidos pelo mesmo soldado:

— Perdão, doutor. Recebemos a notícia de que a velha morreu.

José não se conteve:

— Santo Deus! Pobre rapaz!

Macedo dispensou o informante e calou-se, a ver se lhe vinha alguma inspiração. Foi com dificuldade que confidenciou:

— Dona Francisca, eu conheci aqui e no terreiro. Era uma boa pessoa, uma senhora que impunha respeito por aquilo que fazia. Fui lá uma vez só, mas pude constatar que todos gostavam dela.

— Nós também. Era de confiança e mantinha os sobrinhos sob rigorosos padrões de procedimento. Ela não iria permitir que se tornassem bandidos vulgares, muito menos que se odiassem a ponto de um matar o outro. Eles se entendiam muito bem, tanto que nós autorizamos a construção de uma casinha para Tiago viver com a esposa. Aliás, Tadeu também foi autorizado a ocupar a outra edícula assim que se casar.

Passou pela cabeça de Macedo que Tadeu tinha a ganhar com a saída de Tiago de cena. Não disse nada, porém, ao advogado.

Naquele meio tempo, Margarida e as duas moças chegaram, estranhando muito toda aquela movimentação.

Margarida foi introduzida pelo soldado na sala e logo José se agradou de vê-la ali:

— Foi bom que a senhora tivesse vindo. Já ficou sabendo do ocorrido?

Ela fez que sim com a cabeça.

— Trouxe as ajudantes que pediu?

Nova resposta afirmativa.

— Então, por favor, providenciem a limpeza do sangue no quintal, se é que o corpo do cachorro já foi retirado.

Macedo já havia autorizado que o corpo de Brútus se juntasse ao de César e de Mocinha, de forma que a saída para o quintal estava desimpedida.

José, consultando o relógio, requereu ao investigador:

— Posso retirar-me?

— Só mais uma coisa, doutor. O seu sobrinho foi avisado do que se passou aqui?

— Ficou sabendo do ataque do cachorro. Evidentemente, não sabe ainda que Francisca desencarnou.

— É que eu estou estranhando que ainda não tenha chegado.

— Ele me pediu que tomasse todas as providências. Eu acho que está traumatizado ainda com a morte da irmã. Acredito que só virá para casa depois das aulas.

Macedo fez uma careta de insatisfação, mas não disse a José que aguardaria a chegada do rapaz. Percebeu que tinha cerca de duas horas para providenciar o exame do material cedido por José e resolveu que iria à delegacia para dar seqüência aos trabalhos de investigação. Voltaria mais tarde.

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