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Erotico-->26. DONA MARGARIDA -- 24/04/2003 - 06:42 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Juvenal não teve de enfrentar os cães, presos conforme pedira a Tadeu. Também não ligou a televisão. Dedicou-se à leitura de “O Livro dos Espíritos”, pelo qual logo se desinteressou, tendo partido das considerações iniciais de Kardec, que se preocupou em responder a algumas objeções à doutrina. Deixou de lado a obra e pôs-se a refletir a respeito das coisas que lhe dissera o tio.

Dormiu logo e sonhou, acordando várias vezes ao longo da noite para fugir dos atropelos em que se metia. Era só passar pela primeira sonolência e logo lhe apareciam seres trôpegos, frangalhos de pessoas, muitos ensangüentados mas sem colorido pois as feridas eram tão-só manchas negras e úmidas.

No entanto, não sentia medo, como se acreditasse que jamais iria ser alcançado por nenhum dos espectros. Cercado pelas hediondas figuras, escapava acordando, consciente de que se tratava de tremendo pesadelo. Dominava a mente e não se incomodava se recordações de seus crimes se mesclavam vividamente, porque os estampidos de sua arma e as fagulhas na boca do cano o encantavam.

Houve uma vítima que ousou interpelá-lo:

— Você está achando que meu sofrimento é imaginário, porque já não tenho corpo. Espere a sua vez.

Essa ameaça desencadeou uma série imensa de cenas sem controle, pessoas correndo, som da metralha de policiais perseguindo. Tudo tão real que pensou que as coisas estavam acontecendo dentro de casa.

Despertou, finalmente, com o tilintar insistente do telefone ao lado da cama.

Ainda deixou soar o aparelho mais duas vezes até entender que ligavam para ele.

— Alô!

Reconheceu logo a voz de Elvira:

— Desculpe acordá-lo. É que eu pensei que devia avisá-lo de que vou levar uma pessoa para conhecer a casa e o serviço. Ela está aqui comigo. A que horas você sai?

Juvenal viu que passava um pouco das seis. Sem refletir direito, respondeu:

— Eu entro às sete. Então vou sair às seis e meia, mais ou menos.

— Daqui a dez minutos estaremos aí. Até já.

De fato, mal deu tempo para o rapaz tomar banho e se vestir e logo ouviu os latidos dos cães ao som da campainha.

Constatou que estavam presos e foi abrir a porta, deixando Elvira à vontade para percorrer os cômodos com a senhora apresentada como Dona Margarida.

Em breve exame, Juvenal avaliou que a mulher tinha para mais de quarenta anos, atarracada e maciça de corpo, com um sorriso protocolar na face, disposta a sobraçar as tarefas domésticas, esticando um olhar entendido para os objetos ao derredor.

Na cozinha, encontraram Francisca preparando café, estando a mesa posta com pão fresco, leite quente, manteiga e algumas frutas descascadas num prato.

Tão admirado quanto Juvenal, estava Tadeu, junto à porta dos fundos, pois a tia há muito não se aproximava do prédio principal.

O rapaz consultou o relógio e foi despedindo-se de Elvira e da recém-chegada, tendo tomado um gole de café com leite, levando para mastigar na rua um pãozinho com manteiga.

Deixava a impressão de que os estudos eram o que havia de mais importante para ele. Queria, contudo, não perder a oportunidade de receber a correspondência misteriosa dos desconhecidos mecenas.

Dona Margarida confabulou com Elvira, longe dos outros, e confidenciou-lhe que não aceitaria o emprego sem a admissão de, pelo menos, mais duas ajudantes. Precisava de alguém para cuidar da cozinha e outra pessoa para a faxina. Ela cuidaria da administração, inclusive da jardinagem, deixando para Tadeu o tratamento dos cães e a limpeza da piscina.

— Vamos conversar com o Doutor José, que é quem decide a respeito dos contratos. A casa está precisando de uma arrumação geral, muito embora se note que a poeira é de pouco tempo.

— Quantas pessoas cuidavam da casa?

— Além da irmã assassinada, havia mais sete pessoas, incluindo os quatro que moravam nos fundos e o motorista. Isso dá mais duas empregadas internas, exatamente como você está querendo.

— Eu acho que não vai haver problema.

Realmente, vinte minutos depois, o Doutor José concordava com a proposta, combinava o salário e deixava a nova governanta com a incumbência de trazer-lhe duas pessoas sobre quem ela deveria assumir inteira responsabilidade. Começaria naquela mesma hora.

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