Transferimos o desejo
Para este outro mundo
Mas, para não sentir pejo,
Nada façamos de imundo.
Às vezes, nós desejamos
Esquecer-nos dos demais.;
O vento balança os ramos,
A maré castiga o cais.
Como folha que se solta
Agitada pelo vento,
Ao chegarmos cá de volta
Já é outro o pensamento.
Não há, pois, esquecimento
De tudo o que hemos feito.;
Para fugir do lamento,
Cada qual seja perfeito.
Mas não basta a tentativa
Eivada de displicência:
Mantenha sua alma ativa,
Sem perder a eficiência.
Nos estudos e trabalhos,
Busquemos a perfeição.;
Recusemos os atalhos
Que vão deixar-nos na mão.
Se nós tivermos paciência
Com os erros dos demais,
Ampliamos a experiência,
Com alguns fatos a mais.
Mas é preciso atenção,
Para não sermos vaidosos,
Pois qualquer hesitação
Faz pensar-nos vitoriosos.
E isso é mal sem retorno,
Quando nos pega de jeito.;
Diga sempre: — “Eu me adorno
Com Jesus dentro do peito!”
Assim mesmo não espere
Total regeneração.;
Apenas não exagere
Na ânsia da salvação.
Tudo há de vir aos pouquinhos
Nessa luta contra o mal.;
Ao espalhar seus carinhos,
Procure o modo ideal.
Aceite com humildade
Esta recomendação,
Pois qualquer fatuidade
Fará mal ao coração.
Sabemos que existem dores
Que deixam o homem louco.;
Com a ajuda dos mentores,
Melhoraremos um pouco.
Se não é grande o consolo,
É dado com forte estima.;
Alguém seria bem tolo
De só respeitar a rima?
Se temos um compromisso,
Nestas tardes de poesia,
É de prestar um serviço,
Em forma de melodia.
Deixemos este alvoroço
P ra quem não tem que fazer.;
Ao jogar fora o caroço,
Pode-se muito perder.
Predomina na poesia
O aspecto sentimental.;
Não basta haver harmonia,
Há que se ser natural.
Quem dispõe de inteligência,
Mas não tem o que dizer,
Não vai declarar falência:
Demonstrará bem-querer.
Quanto a nós, durante a aula,
Treinamos todos os versos.;
Carlinhos, Ricardo e Paula
Melhoram os mais perversos.
A descrição logo acima
Tem pouco de verdadeira.;
Foi só para dar a rima,
Que não tem eira nem beira...
Na verdade, todos são
Igualmente responsáveis:
No fundo do coração,
Só queremos ser amáveis.
Por isso, nossas promessas
De castigos infernais
São postas logo às avessas:
Nosso amor é algo mais.
O leitor dirá, então,
Em angústia e aflição,
— “Por que tanto sofrimento?”
É que p ra tudo é preciso
Ter coração e juízo
E bem firme o pensamento.
Sabemos que está na hora
De deixarmos este posto,
Mas, antes de irmos embora,
Só nos faça mais um gosto.
Deposite o coração,
Bem repleto de esperança,
Do Mestre Jesus na mão
E se farte de bonança.
Quanto a nós, não pararíamos,
Até terminar o dia.;
Porém, o que mais diríamos
Que se expressasse em poesia?...
Agradecemos a Deus
Esta chance de aprender.;
Aqui fica nosso adeus,
Com o nosso bem-querer.
|