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Erotico-->19. A REVOLTA DE RENATO -- 17/04/2003 - 06:45 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ao despertar do torpor em que estivera imerso durante os últimos dois anos, Renato soube logo que estava de volta à pátria espiritual, porquanto reconheceu a esposa, Marilu, e outros parentes, inclusive espíritos com que convivera em existências terrenas anteriores.

De início, sentiu-se confortado e agradecido, julgando-se agasalhado em círculo de melhor evolução. No entanto, bastou que os acontecimentos de sua derradeira existência perpassassem pela memória, para compreender que desleixara os deveres da moralidade superior, cedendo sempre aos disparates da voluntariedade, porque não reverteu os males em bens.

Consternado ficou, principalmente, quando não conseguiu identificar os autores dos balázios recebidos em plena via pública. Precisaram os protetores, através de Marilu, demonstrar que ele havia agido apenas mentalmente na busca dos executores e que, desde que morrera, estivera sob os cuidados médico-espirituais de uma turma de socorristas. Acordava, pois, da longa letargia induzida, ainda sob efeito narcótico dos plasmas que lhe eram ministrados, para iniciar tratamento de caráter psicológico.

Renato era inteligente e compreendeu logo as explicações de Marilu, muito especialmente quando fez ela referência ao perigo que se evitou de enfrentar as forças exteriores, caso saísse a peregrinar pela erraticidade. Para demonstração do que afirmava, precisou a orientadora recorrer às lembranças dos fatos desagradáveis que redundaram em comportamentos bem pouco condizentes com os ensinos de Jesus, os quais Renato bem conhecia. Foi assim que lhe foram apresentados diversos quadros em que reagia de modo brutal, sempre desejoso de ferir os agressores, mas voltando-se contra si mesmo, como que punindo-se, como nos desregramentos sexuais a que se entregou após o falecimento de Marilu e nos excessos de bebidas alcoólicas, após o abandono de Terê.

Estava nesse momento da recuperação, quando sentiu forte apelo vibratório para se apresentar perante a filha, cuja lembrança não se mantinha muito vivaz, mas que, através de uma indução psíquica, acabou reconhecendo como antiga amizade do etéreo, a quem prometera dar assistência e acompanhar na qualidade de progenitor. Recordou-se com extrema emoção da primeira infância da menina, quando a cercava de carinhos e brinquedos. No entanto, essa fase de amor paterno se encerrou bruscamente, relegando a filha a uma condição de abandono e infelicidade, à vista de Terê haver partido com outro.

Embora não estivesse ainda em condições de aceitar os horrores do assassinato, fez questão de presenciar o recolhimento do espírito da jovem, comovendo-se ao perceber que a violência do crime era gratuita e sem nenhuma justificativa. Via o homicídio com olhos terrenos e media a injustiça da ação pelos padrões das leis dos homens, que ele tão bem conhecia.

Incapaz de sopesar a possibilidade de transformar a injustiça em ato de benemerência através da necessidade de ajudar os assassinos, sentiu-se prejudicado, colocando-se no centro dos acontecimentos, como se sua atitude de benignidade em relação a Lutécia é que fora tornada sem efeito. Via o seu mérito mas não percebia as válvulas de escape para a compreensão do indulto à pena que cominava contra os algozes, esquecido de que ele mesmo defendera tantos bandidos junto aos tribunais humanos.

Depois de algum tempo é que consultaria a devotada protetora, recebendo dela a explicação de que agira tão insensatamente porque a consciência o acusava de não se ter preocupado em vida com a verdade, mas tão-só com o uso da palavra e do pensamento, com o fito de amenizar os aspectos mais violentos dos clientes.

Naquele transe, diante da filha ainda iludida quanto à tragédia que a atingira, porque pedia por Tiago, para que não fosse acusado de haver causado o acidente, Renato precisou de nova assistência dos socorristas, desta vez realizada sem que lhe ministrassem o remédio alienante, mas outro fluido mais ameno que lhe paralisava o perispírito, sem impedir de comunicar-se inteligentemente com o mundo exterior. Era como se tivesse sido amarrado.

Nesse estado, inquiriu a respeito dos autores dos crimes, mas obteve como resposta apenas a promessa de que, quando estivesse em condições de reagir com calma, sob o predomínio da razão e não de sentimentos subalternos, iria entender toda a extensão de seus dramas, dele e da filha.

A seu lado, Marilu orava contrita, agradecendo aos guardiães a permissão de prosseguirem juntos, o marido e ela, naquela jornada de aprendizado. Solicitava, ainda, que Lutécia se reunisse ao grupo, assim que possível, já que teria discernimento suficiente para trazer novos conhecimentos ao pai, no âmbito das virtudes que faltavam a ele.

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