Fique o escrevente bem contente,
Já que é mui raro o poetar.;
Até pareça displicente,
Mas jamais deixe de rimar.
São versos fáceis que fazemos,
Não há pensar em obra-prima:
O navegante dá co’os remos.
O bom poeta dá co’a rima.
Se nosso dia está perdido,
Iremos muito lamentar.;
Antes, porém, hei resolvido
Esta quadrinha terminar.
O nosso irmão já me convida,
Com um sorriso, a não parar,
Pois julga ele que cumprida
Nossa missão não há de estar.
Contudo, eu sei, com proficiência,
Que a hora tarda de arrumar-se,
Para cumprir, com obediência,
Todo o dever, p’ra melhorar-se.
Se só tivéssemos um dia
P’ra executar o treinamento,
Aí diria que a poesia
Não passaria dum tormento.
Querido amigo, eu vou parar,
Agradecendo o seu trabalho.;
Agora sabe que, ao chamar,
Cá estarei p’ra este malho.
Reserve o dia p’ra entrevista
Que você mesmo arquitetou.;
Quem não arrisca, não petisca,
Se ninguém for, proclame: — “Eu vou!”
Perdoe o nosso atrevimento,
Em lhe ter dado orientação:
Faça feliz este momento,
Conserve o amor no coração.
Como já estamos de saída,
Os versos chegam de roldão.;
É bem assim em toda vida
Que se preenche de emoção.
Por ora basta: vou parar,
Agradecendo a boa vontade,
Pois, se pretendo apaziguar,
Devo deixar felicidade.
Aos meus amigos, obrigado,
Por estas tardes tão formosas.;
A Deus no Céu estou ligado
Por um odor de mar de rosas.
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