Inconformado com a morte do irmão e da cunhada, Tadeu procurou Juvenal para traçarem um plano para descobrir os assassinos.
— Você há de compreender, disse-lhe o patrão, que, se acharmos os bandidos, temos de denunciá-los à polícia, porque, se tomarmos a peito a vingança, acabaremos tão assassinos quanto eles.
— Você vai ver que eles vão querer atirar na gente e aí a gente só se defende.
— A arma que está com você vai me causar problemas. A polícia está questionando o registro da que estava com seu irmão. O curso para seguranças que vocês fizeram era clandestino. Se a gente se meter a investigar, vamos provocar os investigadores. Eu acho melhor deixar meu tio cuidar disso com o delegado do distrito.
— E se eu for desarmado?
— Se você for aonde? Que pista eles deixaram? Se nem mesmo a polícia sabe quem poderia ter sido.
— Eu vou começar perguntando aos guias do terreiro. Eles devem saber de tudo.
— Faça isso. Por mim, tudo bem. Mas qualquer coisa que você ficar sabendo, venha logo me contar. Certo?
— Certo.
O que Tadeu não contou é que ele pretendia sair com um dos cães, confiando na valentia irracional da fera.
Estavam eles no mesmo dia em que Macedo ia encontrar-se com o Doutor José. Assim que terminaram de conversar, lá pelas dez horas da manhã, Tadeu pôs a focinheira no César e levou-o ao local em que se deu o crime.
O rapaz estava meio perdido, sem saber direito o que poderia fazer. De qualquer modo, fez que o animal sentisse os odores por ali, como se uma semana após o crime, algo pudesse ter permanecido no meio da rua que denunciasse os assassinos.
César não deu sinal de haver notado nada de particular.
Dali, o rapaz foi até a delegacia onde se achava recolhido o carro. Identificou-se como irmão do morto e os policiais, à vista de sua determinação e do porte do cachorro, permitiram que ele vistoriasse os odores que o cão pudesse perceber na viatura.
Dentro do carro, num saquinho de plástico jogado sobre o assento, as cápsulas que foram recolhidas na rua. Com cuidado, Tadeu abriu o pequeno pacote e deu ao cão para cheirar. Subtraiu cinco, sem tocar com a mão, envolvendo-as em seu lenço.
Era uma pequena esperança, mas, em sua ânsia por descobrir quem causara a tremenda tragédia em sua família, levando, inclusive, a tia a uma crise de choro irreprimível, Tadeu confiou em que o cão seria a chave para solucionar o crime.
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