Só com Deus devemos ter
Os cuidados do dever?
É claro que os compromissos
Que nos marcam os serviços
Nos vão deixar amarrados,
Bem seguros e amparados,
Com a espiritualidade,
Se tivermos boa vontade,
E com todos os irmãos
A quem daremos as mãos.
Nesta linha de estribilho,
Versos rimados a dois,
É apertarmos o gatilho:
Nada fica p ra depois.
Acendamos o rastilho
Desta pólvora de amor:
Protege o pai a seu filho,
Para evitar toda dor.
Não tem hora o logaritmo,
Matemática do bem,
Que se faz segundo ritmo
Da bondade que se tem.
P ra compor alguns versinhos,
Agita-se o pensamento,
Dá-se às rimas uns carinhos,
Demonstra-se sentimento.;
Escolhem-se termos belos,
Para montar as imagens,
De princesas nos castelos,
Rodeadas de seus pajens.;
Põe-se um príncipe a galope,
Num alvo ginete lindo,
Trazendo na mão o hissope
Da virtude que vem vindo.
Se são sonhos, são mentiras:
Falemos só da verdade,
Suplantemos nossas iras,
Caiamos na realidade.
Chega o príncipe sem medo,
Vê a princesinha no horto,
Acha feia, um arremedo,
Permanece ali absorto.
P ro sábio não há segredo:
Se atira p ros lados dela.
Não é ele um homem morto,
Pois lhe vê alma tão bela.
Assim contamos a história
Deste príncipe caolho,
Que comeu, como chicória,
Um simples pé de repolho.
Entretanto, foi feliz
Durante o resto da vida:
Soube onde ter o nariz,
Não deu desgosto à querida.
Se nossa história foi curta,
Sem graça, descolorida,
Vamos esperar que surta
Dela uma outra mais comprida...
Vemos, com grande emoção,
Que estes versos correm soltos:
São feitos de coração,
De bondade são envoltos.
As rimas são desafios
Que se dão a toda hora:
Desatemos estes fios,
Façamo-lo sem demora.
É isso que dá o sentido
De que estamos muito perto
É chegar ao nosso ouvido
Que o treino está mais aberto.
Vamos, por isso, afirmar,
Sem receio de haver erro,
Que este verbo “poetar”
Vai fugir de seu enterro.
Estava o poeta aflito
Co o jeito que a coisa ia:
Julgava um tempo infinito
Que dedicava à poesia.
Ainda corria o risco
De, em meio à tempestade,
Por causa de algum corisco,
Ver perder a produção:
Seria pura maldade.;
É preciso prevenção.
Bem na hora da tormenta,
Despertou-se o nosso amigo,
Gravando os versos do dia,
Fugindo ao grande perigo.
Eis que a turma se contenta
Pois se pôs em bom abrigo
A produção da poesia.
Agora é no manuscrito
Que se registram os versos.;
Foi ouvido o nosso grito:
Os fados não são perversos.
Por isso, vamo-nos dando
Por alegre e satisfeito.;
Estamos improvisando,
De modo firme e escorreito,
De forma que o treinamento
Se lote de sentimento.
Não são puros estes versos:
Chegam ao correr da pena.;
Mas não são muito perversos,
"Não sendo a alma pequena"...
Permitiu o nosso irmão
Lembrarmo-nos de Pessoa:
Só assim o coração
Não vai bater muito à toa.
Simétricos são os versos,
As rimas vêm uma a uma,
Com seus sentidos adversos,
Que não dizem coisa alguma.
Mas eu fico imaginando
Uma riqueza de temas
Que me servirão de assuntos.;
Agora é ir “roteirando”
Os versos destes poemas,
Para rir e chorar juntos.
Terminando a inspiração,
Só nos fica na lembrança
Que é bem tempo de a esperança
Preencher o coração.
Seguindo o velho roteiro,
Antes da hora do adeus,
Pedimos ao companheiro
Que não se esqueça de Deus.
Confranja seu coração,
Dê asas ao pensamento,
Suplique, em doce oração,
Que Deus lhe mantenha o alento.;
E que toda a humanidade,
Que se aborrece na vida,
Receba, com humildade,
O dever de sua lida.;
E que a bênção do Senhor,
Encontrando boa vontade,
Trabalho, progresso e amor,
Favoreça a caridade.
Desse modo, toda a gente
Irá ter forte motivo
De dizer ao escrevente:
"É muito bom ser ativo!"
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