Eu sou o que sou:
dizia o lobo para o cordeiro,
engasgando, salivando.;
Lilith, para Ishtar,
em ocultas penumbras míticas.;
Odin, para Baldur,
cruzando-se em um poente.;
Cristo, para Melquisedeque,
lá nos píncaros do último céu.;
Arthur, para Merlin, acordando
no castelo invisível de Avalon.;
o facínora, para sua vítima,
ali, no exato disparo.;
o poeta, para a inspiração,
pousando em sonho inspirado.;
a serpente, para o dragão,
lembrando o esplendor perdido.;
Prometeu, consciente, para seu fígado,
regenerado e dorido.;
Salomé, sensual, para João,
volteando seu ventre, fremente.;
Nicolau, para o contribuinte,
sorridente, distante,
sempre presente...
naquele prédio imponente...
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