“Medo da mediunidade
É ocorrência mui comum.;
É na espiritualidade
Que se treina qualquer um.”
O nosso roteiro de agora
Inclui um quarteto perfeito.;
Se não for possível p ra nós,
Então o escrevente dá jeito.
São versos de oito sílabas
Os que acima se alinharam,
Mas voltemos aos de sete:
Os amigos estranharam.
Realmente, não são felizes
Aqueles versinhos de oito,
Pois, para que fossem perfeitos,
O acento devia ser oitro.
Não gostamos de inventar,
Pois deixa este amigo incerto:
Ficam os olhos no ar,
E o coração, um deserto.
Não está propício o dia
Para versos bem cuidados,
Mas façamos, co alegria
Os que nos forem mandados.
Eis que a última quadrinha
Se fez rápida, num jato.;
Preencher mais uma linha
Vai ser “o maior barato”.
Retomamos nosso fôlego,
Respiramos largamente,
Porque já nos sufocávamos
Com tal ânsia do escrevente.
Que bom é só escrever
Sem grande preocupação:
P ra depois passar a ler,
Sem “grilos” no coração.
Se tivermos mais um dia
Para treinar livremente,
Achamos que chegaria
Inspiração para a gente.
Pedimos ao bom amigo
Que se aflija só um pouco,
Que o ditado bem antigo
Diz do poeta e do louco.
Vamos ter de concluir
Este nosso treinamento.;
Prepare-se, Wladimir,
P ra terminar o tormento.
Vai dizer-nos nosso amigo
Que o tormento é todo nosso:
— “O que se passa comigo
É que eu faço o que posso.”
Aceitamos a palavra
Que sabemos ser sincera.;
É ele o autor desta idéia
Que mais ama quem espera.
Estamos voltando ao abrigo
Destes versinhos de oito metros
Quem quiser versejar comigo
[“Ponha a coroa e pegue os cetros.”]
Vamos encerrando o dia,
Deixando no ar a prece:
Que a Deus dá muita alegria
Um coração que agradece.
Pois estamos mui contentes
Da existência que levamos:
São os textos comoventes,
São flores de santos ramos.
E se os versinhos são frouxos,
Cumprem bem sua missão,
Pois nos enchem de alegria,
Ao final da obrigação.
Se nós quisermos saber
P ra quando será o dia,
Vai ser preciso entender
Que há versos e não poesia.
É só treino puro e simples,
Sem um conceito profundo:
Às vezes, são bons os versos,
Mas não tocam todo mundo.
Estamos cumprindo à risca
As ordens dos professores.;
O nosso médium nem pisca,
Com medo de obsessores.
Vamos fechar o quarteto
Voltando à mediunidade.;
Sabemos que é certo o medo,
Mas estamos à vontade.
Agradeça o amiguinho
Mais este dia da graça,
Porque, p ra cada versinho,
Era preciso ter raça.
Vamos fechar este treino
Lamentando ser tão pouco,
Pois, se fôssemos poeta,
Estaríamos bem rouco.
Vamos marcar este dia
Com algo bem proveitoso:
Exultemos de alegria,
Cantemos em puro gozo.
Senhor, queremos fazer
Dos versos o nosso hino,
Para vos agradecer
A bênção do amor divino,
E ao bom Jesus bendizer
Este sonho de menino.
|