Quando Parti...
Paulo Nunes Batista
Os sanhaçus, os bem-te-vis e outros alados
Cantores dos meus céus, nas palmas dos coqueiros
Enquanto sobre mar velas de jangadeiros
Acenavam-me adeus – abriram-se em trinados.
As ondas sobre a praia eram como chamados
Ao que se ia além pelos aventureiros
Mares, louco a buscar os sonhos altaneiros,
Que se acharam por fim, um a um, naufragados.
Vazio o samburá, mãos sem nada, vazia
A alma, das ilusões, sem sonhos, sem poesia
Ao berço em que nasci, triste paria, regresso.
Nada tenho pra dar, fora a saudade antiga
Se merecer ainda alguma esmola amiga,
Façam preces por mim, eis tudo quanto peço!...
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