Desenrolando o Papiro
Eu não disse que este Papiro está ficando bonito? Olha que texto maravilhoso, o de ontem que veio do Agreste, via Recife, com gosto de fruta de Pernambuco! Isso aqui está ficando uma barca só, uma jangada, uma arca de Noé com todos os animais fantasiados de poetas e escritores. Letras e sonhos por tudo quanto é canto. Que venha o dilúvio e dure muito tempo. Deixe esse pessoal unido, enlouquecido, trancado na nave falando de coisas belas por mais de quarenta dias e quarenta noites. Quero ver esse Papiro pegar fogo e acender chamas em muitas mentes e muitos corações. Que essa luz se espalhe do Arroio ao Chuí e se transfira para outras terras: européias, americanas, africanas... levem o papiro ardente por outras plagas, falem dele, divulguem-no por todos os sítios e fazendas virtuais. Façam-no famoso! Deixem que o povo e a turba falem muito dele e apontem os dedos; ou lambam as pontas dos dedos para virar de página em página, cada dia, ganhando nova surpresa a cada virada, perdendo o medo de não poder cumprir o prometido. Oxente! Onde já se viu isso? Tantos bons neurônios juntos não vão reproduzir e retratar o momento atual?, o hoje?, o Belo? e as tantas coisas gostosas desta vida? E a saudade, a dor, a incerteza, o gozo, a solidão, a alegria, a chuva, as frutas, os beijos escondidos não merecem ser descritos subjetivamente e desenhados em letras? E os sonhos, o amor, os pesadelos, as ilusões, as frustrações ficarão mudos? As musas e os musos, como ficam? Calados sem inspirarem os poetas? Com essa turma, duvidar, quem há de? Meninos, vamos trabalhar, fazer mais coisas, lançar mais dardos, continuar este bom projeto e cair na boca do mundo.
Continuemos desenrolando o papiro.
[Para saber mais sobre o Papiro Eletrônico, visitar: www.blocosonline.com.br - Literatura - Papiro Eletrônico]
© Fernando Tanajura Menezes
(1943 - )
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