I — JESUS RETORNA AO ETÉREO
Erguia-se no Gólgota a cruz do Mestre,
Despojada já dos seus restos mortais,
A dar o nobre exemplo ao povo terrestre
E aos anjos das dores sacrificiais.
Ali ficavam esquálidos fantasmas,
A perambular do mártir à procura.;
Eram sofredoras entidades pasmas,
De quem tudo retirara tal loucura.
Imponderável clarão se fez no céu,
A cobrir os horizontes de festejos:
O Senhor desceu em glória do apogeu,
Trazendo no seio as marcas dos desejos.;
E todos bendiziam: — “ Jesus! Jesus!
Espírito de esperança, amor e luz!”
II — DESCOMPASSO DO MÉDIUM
Realmente estamos confortados,
Noss’alma se despoja dos lutos:
Novo brilho nos olhos molhados,
Das bênçãos do Pai sagrados frutos.
Não importa quebremos as lanças,
Ao transmitir débeis sensações:
Nos ramos em flor, gráceis as danças
Colorem de amor os corações.
Façamos por vencer maldosos desejos,
Força tenhamos, na decisão final,
Uma vez que os costumes devem ter lampejos
Extraídos das leis do Pai imortal.
Formam-se quadras tristes, remotas,
Sem o sentido que quero dar,
Mas bem demonstram as tais ignotas
Vontades sutis de versejar.
Percebe o médium que terá trabalho,
Ao reformar os versos desta gente.;
Não se importe, mas quebre o forte galho:
O que queremos é mostrar somente
Que trouxemos as armas e as bagagens,
Posto nos atrapalhem as mensagens.
Ontem só dei a entender de mim,
Sem demonstrar quem era a criatura,
Pois os meus versos camuflavam sim:
Agora trago vibração mais pura.
Não vamos demorar-nos nesta forma,
Pois tudo é só desejo insatisfeito,
Que o verso desmorona, como informa
O nosso caro médium, bem sem jeito.
É rápida esta escrita que ditamos,
Nem mesmo dá para pensar direito:
Será bom p ra que nos comprometamos,
Pois nem tudo dá certo quando estreito.
As diatribes antes produzidas
Não foram úteis para o meu progresso:
Hoje estão mais abertas as feridas,
Sem sonhar promissores os sucessos.
Eis que esta rima funcionou um dia
Mas monótono o verso hoje se estende,
Sem objetivo, sem qualquer poesia,
Pois à vontade este escrever se rende.
Eu sinto muito que ofertar não possa
Nada de bom que em verso tenha em mim.;
Para tais coisas, há que ter mais boça,
Mas o que tenho vai sair assim.
Está o amigo a imaginar
Como seria se escrevesse?
Teria a sorte de mostrar
Alguma coisa de interesse?
Com rimas pobres, sem estribilho,
Damos versinhos desapontados.;
Vamos seguindo, no mesmo trilho,
Por não estarmos acostumados.
Lançada a sorte, vou, por acaso,
Trazendo um pouco desta alegria,
Pois é bem grande a desarmonia:
O que, pensamos, não vem ao caso.
O companheiro que apanha os versos
Vai-nos seguindo, nestes lampejos,
Pondo nos termos tons bem diversos,
Por não saber os nossos desejos.
Os sons que não se assimilam
Se apresentam controversos,
Embora as rimas se exprimam
Em alguns dos pobres versos.
A cadência que se instala
Dá aos versos contextura.;
Assim, nossa voz não cala,
Dentro de certa estrutura.
Está o amigo bem cansado,
E desiludido,
E desapontado.;
Já não irei atormentá-lo mais.
Vou encerrar, então, este expediente,
Mui infeliz por produzir somente
Algumas linhas, com lições banais.
Termino agora o áspero tormento,
Agradecido ao “intermediador”,
Por me proporcionar um bom momento
De esclarecer os temas, com amor.
Outro dia aqui estaremos,
Para dar novos detalhes.;
Mas, por ora, agradecemos
Todos estes desencalhes.
Adeus amigo, sinta-se contente
Por ter a vida toda pela frente
P’ra aperfeiçoar este dizer.
Mas não se esqueça, em nenhum momento,
Que aqui viemos p’ro seu tormento:
Amizade é esta de tal ser.
Daremos a palavra ao bom mentor,
Mas estaremos por aqui ainda,
Sentindo-nos feliz, com mais amor,
Por produzirmos esta prosa linda.
Sabemos triste a idéia de mentir,
Mas conhecemos o processo gráfico
Dum pequeno botão que irá delir
As falsidades: eis um dom seráfico.
Como é fácil de estender-nos,
Quando nos suportam bem!
P ro mentor não repreender-nos
Vamos já partir p’ro além.
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